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BLOGUE DO MINHO

Espaço de informação e divulgação da História, Arte, Cultura, Usos e Costumes das gentes do Minho e Galiza

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CENTRO GALEGO DE LISBOA DÁ A CONHECER O BAIRRO ESTRELA D’OURO

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A Xuventude de Galicia-Centro Galego de Lisboa leva a efeito amanhã, dia 23 de setembro, a primeira formação on-line sobre a pegada galega na capital, abordando o itinerário “O Bairro Estrela d´Ouro”. O primeiro de sete itinerários turísticos e históricos sobre a pegada visível que galegos e seus descendentes vão imprimindo na bela capital de Lisboa, mais visível, desde os 1700.

Gostaríamos com a presente, abrir um possível diálogo conducente a uma possível colaboração nesta iniciativa, que como sabe, é inesgotável de conteúdos e narrativas.

Bairro Estrella D'Ouro (2)

O Bairro Estrela D’Ouro cuja construção remonta aos começos do século XX, é um dos testemunhos exemplares da presença e do espírito empreendedor da comunidade galega em Lisboa. Trata-se de uma antiga vila operária que Agapito Serra Fernandes, um industrial de confeitaria, mandou construir para os seus trabalhadores. Ele próprio residiu no bairro juntamente com os seus familiares.

Situado em pleno bairro da Graça, próximo de Sapadores e do magnífico miradouro da Senhora do Monte onde se ergue a capela a S. Gens, abrange uma extensa área beneficiando de boa localização, de fácil acesso à zona oriental de Lisboa.

A estrela de cinco pontas constitui a imagem de marca do bairro Estrela d’Ouro, naturalmente um dos símbolos da Galiza em alusão a Compostela, derivando de “campo de estrelas”. Um pouco por toda a parte encontramos a estrela e grandiosos painéis de azulejos que identificam o bairro, o antigo cinema Estrela d’Ouro, a fábrica e outros equipamentos sociais.

Atualmente, este bairro particular está integrado no espaço urbano de Lisboa, fazendo parte do seu património histórico e encontrando-se classificado. Para a comunidade galega radicada na capital, constitui um dos numerosos pontos de referência que possui e que marcam a sua própria existência numa cidade que, afinal de contas, também é a sua cidade.

Bairro Estrella D'Ouro

Um aspecto da zona da Graça, em Lisboa, junto ao Bairro Estrela D'Ouro

O antigo cinema Royal Cine, na Graça

Bairro Estrella D'Ouro (18)

A estrela encontra-se patente na fachada do edifício.

À esquerda, a fábrica que ocupava os operários que vieram habitar o bairro

Bairro Estrella D'Ouro (7)

A toponímia perpetua os nomes de família dos proprietários do bairro...

...e a estrela de cinco pontas está sempre presente!

Bairro Estrella D'Ouro (15)

Um painel de azulejos na fachada da sede de uma colectividade...

...e junto àquela que foi a residência de Agapito Serra Fernandes

CÂMARA MUNICIPAL DE ARCOS DE VALDEVEZ PRESENTE NA CERIMÓNIA DE ATRIBUIÇÃO DA MEDALHA DE MÉRITO À CASA DO CONCELHO DE ARCOSS DE VALDEVEZ EM LISBOA

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A Câmara Municipal de Arcos de Valdevez esteve presente, no passado sábado, em Lisboa, na cerimónia de entrega da Medalha Municipal de Mérito Cultural à Casa do Concelho de Arcos de Valdevez, pela Câmara Municipal de Lisboa, num ato de reconhecimento do papel das Casas Regionais em Lisboa.

Fundada a 30 de abril de 1955, a Casa dos Arcos assinala este ano sete décadas de atividade ininterrupta, ao serviço da promoção da cultura, do desporto e da solidariedade social.

Ao longo do seu percurso, a instituição tem desenvolvido um papel de grande relevância na preservação e divulgação das tradições arcuenses, bem como na criação de pontes entre Lisboa e o concelho. Entre as suas iniciativas destacam-se o Rancho Folclórico, o Grupo de Cavaquinhos, a Biblioteca Tomaz Figueiredo, colóquios, tertúlias e festas tradicionais, além da organização da emblemática Estafeta Lisboa – Arcos de Valdevez, que percorre cerca de 500 quilómetros com trocas de testemunho a cada 10 quilómetros.

O Município de Arcos de Valdevez reconhece e enaltece o trabalho desenvolvido pela Casa de Arcos ao longo de 70 anos, na promoção das tradições, no fortalecimento da identidade local e na aproximação da comunidade arcuense residente em Lisboa às suas raízes.

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BRACARENSES DANÇAM EM LISBOA NO FESTIVAL DE FOLCLORE ORGANIZADO PELO RANCHO DA RIBEIRA DE CELAVISA (ARGANIL) – 14 DE SETEMBRO

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O Grupo Folclórico e Etnográfico de Palmeira vai no próximo dia 14 de setembro participar na 25ª edição do Festival Nacional de Folclore – Usos e Costumes em Lisboa, que terá lugar no Largo da Graça.

A iniciativa é uma organização do Rancho Folclórico da Ribeira de Celavisa, associado para o efeito à Junta de Freguesia de S. Vicente.

O “Usos e Costumes em Lisboa” promete ser mais uma jornada etnográfica de excelência, com a participação de grupos de folclore cuja representação dos tempos idos é da mais digna supremacia.

Este ano, a temática do festival de folclore será o Casamento – “Do Olhar ao Altar” – onde se pretende celebrar o amor e como este era vivido na Serra do Açor, nos finais do séc. XIX e inícios do séc. XX. Uma viagem temporal desde o namoro à confeção do enxoval, até ao casamento, onde o amor se torna união e a comunidade se junta para festejar.

Para além do Grupo Folclórico e Etnográfico de Palmeira, participam ainda o Rancho Folclórico e Etnográfico de Souto da Carpalhosa (Leiria/ Alta Estremadura), Grupo Regional de Moreira da Maia (Maia / Douro Litoral – Norte), Grupo Folclórico de Belas (Sintra / Estremadura Centro – Saloia) e o anfitrião Rancho Folclórico da Ribeira de Celavisa (Arganil / Beira Litoral – Serra).

O bar no local estará aberto e haverá venda de enchidos e outros produtos regionais, artesanato, doçaria típica (como coscorões) e ainda porco no espeto.

MUSEU DE ARTE POPULAR PROMOVE VISITAS GUIADAS

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JORNADAS EUROPEIAS DO PATRIMÓNIO 2025

MUSEU DE ARTE POPULAR

20 SETEMBRO

10h30 | 15h30

21 SETEMBRO

10h30 | 15h30

Ao Encontro do Museu de Arte Popular - visitas guiadas por Maria Barthez

Sinopse: Visitas guiadas por Maria Barthez ao Museu de Arte Popular em Lisboa, onde se dará a conhecer pormenorizadamente a história do museu, destacando as características do património arquitetónico, museológico e museográfico, revelando os diferentes agentes e artistas envolvidos na sua criação. Serão destacadas também as pinturas murais que adornam o vestíbulo e as salas, focando os aspetos da vida tradicional respeitantes à religião, às artes e ofícios e à vida cerimonial das diferentes regiões do país.

Público-alvo: público em geral

Duração das visitas: 1h30.

Limite de inscrições: até 20 participantes.

Requer inscrição prévia em:

se.mnetnologia@museusemonumentos.pt

Atividade gratuita

20 SETEMBRO

10h00 | 15h00

21 SETEMBRO

10h00 | 15h00

Oficinas de Cestaria com os cesteiros Alberto Carvalhinho e Fernando Nelas Pereira de Gonçalo, Guarda

Sinopse: Oficina para aprendizagem experimental e contacto com a arte da cestaria, realizando uma base de um cesto (fundo de cesto) primeira etapa na realização de um cesto, no final da atividade será possível levar a peça realizada por cada participante. Para além da oficina os participantes poderão ver alguns trabalhos realizados pelos cesteiros de Gonçalo, Alberto Carvalhinho e Fernando Nelas Pereira.

Atividade em parceria com a Associação Desenvolver e Promover Gonçalo.

Público-alvo: público em geral

Duração: 3 horas.

Limite de inscrições: até 10 participantes por oficina.

Inscrições em:

se.mnetnologia@museusemonumentos.pt

Atividade gratuita

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MUSEU DE ARTE POPULAR DÁ A CONHECER AS PINTURAS MURAIS DEDICADAS AO MINHO

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No âmbito das Jornadas Europeias do Património 2025, o Museu de Arte Popular vai promover, nos dias 20 e 21 de setembro, um conjunto de iniciativas que destacam o seu importante património arquitetónico, artístico e cultural.

Entre as atividades programadas, merecerá destaque a arte da cestaria, património cultural imaterial de exceção, transmitido de geração em geração. Neste contexto, dois mestres cesteiros das Beiras, oriundos de Gonçalo – reconhecida como a “capital da cestaria” – estarão presentes no Museu, dinamizando oficinas onde visitantes e participantes terão a oportunidade de aprender técnicas tradicionais e experimentar criar as suas próprias peças com recurso a materiais naturais.

Será igualmente, durante a visita guiada, dado especial relevo ao Minho, território de fortes tradições, através da evocação das pinturas murais e da museografia da sala no Museu consagrada à região.

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FADISTA MÁRCIA CONDESSA NASCEU EM MONÇÃO HÁ 110 ANOS

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Márcia Condessa – uma das mais afamadas cantadeiras do fado e empresária do ramo – nasceu em Monção há 110 anos. Ficou célebre a sua casa típica à Praça da Alegria, em Lisboa. Aliás, muitos foram os minhotos que ali atuaram, com os nossos trajes tradicionais. Márcia Condessa nunca esqueceu as suas raízes e ajudava os seus conterrâneos sempre que podia. Acerca da sua biografia, transcrevemos o que é referido no Portal do Fado.

“Márcia Condessa nasceu em Monção a 28 de Setembro de 1915. Não tendo possibilidade para realizar estudos, veio ainda jovem para Lisboa para procurar trabalho.

A sua ligação ao fado inicia-se no restaurante da Bica onde Márcia Condessa trabalhava e, por vezes, cantava fados e também algumas canções galegas.

Em 1938, quando o jornal "Canção do Sul" organiza o Concurso da Primavera, os frequentadores e habitantes do bairro pedem a Márcia Condessa que participe em representação da Bica. A fadista acede aos pedidos, passa nas eliminatórias e chega à final do concurso, realizada a 11 de Julho de 1938, numa das salas da redacção do jornal.

Nesta prova cada cantadeira interpreta dois fados do seu repertório, um castiço e outro canção e, conforme é referido na edição do jornal de 16 de Julho, onde se publica a acta do concurso, foi atribuído pelo júri o "1º prémio e por unanimidade, o título de «Rainha do Fado - 1938» à candidata do Bairro da Bica, Márcia Condessa, a qual reúne sobejamente os predicados requeridos de dicção, voz e expressão."

Vencido o concurso e apresentada a fadista na capa da referida edição do jornal "Canção do Sul", a cantadeira passa a actuar em várias casas de fado e espectáculos vários até abrir, na década de 1950, o seu próprio restaurante típico.

Quando em 1938 Márcia Condessa arrecadou o título de «Rainha do Fado», no Concurso da Primavera do jornal "Canção do Sul", abraçou a carreira de fadista como sua profissão.

Os locais onde interpretou o fado abarcam várias casas de fado, mas foi na Adega Machado que integrou o elenco permanente durante vários anos, até ter inaugurado o restaurante "Márcia Condessa", desde aí condicionando a sua carreira artística para as apresentações diárias e gestão deste espaço.

A 16 de Abril de 1942, Márcia Condessa volta a ser a capa do jornal "Canção do Sul" que apenas quatro anos passados da sua estreia a adjectiva como "Uma Titular no Fado Antigo" e "A Voz da Humildade".

Em 1944, a fadista actuou no Coliseu do Porto, no espectáculo "Mãe Portuguesa", onde se juntava na interpretação a dois outros grandes nomes do universo fadista, Ercília Costa e a Júlio Proença. (cf: "Canção do Sul", 16 de Setembro de 1944).

É no nº 38 da Praça da Alegria que a fadista abre a casa "Márcia Condessa", a qual se tornará um ponto de referência nos circuitos de exibição dos fadistas mais destacados. Para além das actuações da própria Márcia Condessa, passaram por este espaço artistas como Celeste Rodrigues, Alcindo Carvalho, Teresa Nunes, Alfredo Marceneiro, Fernando Farinha ou Beatriz da Conceição.

Este será o espaço onde a cantadeira se manterá até decidir afastar-se da carreira artística em meados da década de 1970, passando depois o espaço a ser gerido por um sobrinho seu e, mais tarde, passando pelas mãos de vários sócios, que mantiveram o nome da casa. No decorrer da década de 1990 a casa deixou de ser espaço de apresentação de fado e passou a ser o restaurante "O Púcaro".

Márcia Condessa fez também actuações no estrangeiro. Durante 8 meses esteve no Brasil, integrada numa companhia de teatro, da qual faziam também parte Irene Isidro, António Silva e Ribeirinho. E, já depois de ter a sua casa aberta ao público, fez um espectáculo em Marrocos, integrando uma comitiva de Estado.

Apesar da sua longa carreira não existem quase registos discográficos de Márcia Condessa. Em formato CD existe apenas uma edição conjunta com Adelina Ramos e Berta Cardoso, na colecção "Fados do Fado" da Movieplay. Aqui surgem reeditados os quatro temas que a fadista gravou para a editora Alvorada em 1962: "Embuçado", "Fado menor (quadras soltas) ", "Canção do Mar" e "Fado das Caravelas".

Márcia Condessa faleceu a 1 de Julho de 2006, quando estava perto de completar 91 anos. O seu funeral realizou-se na sua terra natal, em Monção.”

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ARTISTA VIANENSE TERESA SILVA IMORTALIZOU PELA ILUSTRAÇÃO A TRAGÉDIA DO ELEVADOR DA GLÓRIA

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São de Teresa Silva as seguintes palavras em relação às quais nada conseguimos acrescentar: “Ao longo dos séculos os artistas imortalizaram os momentos mais marcantes da História. É função (e até dever!) dos artistas preservar esta memória das vivências humanas, as boas e as más, as que nos trazem sorrisos e as que nos emocionam até às lágrimas.

A arte tem uma responsabilidade social e ajuda a compreender estes acontecimentos, a exteriorizar a forma como sentimos e olhamos o mundo. E nisso revela o sentir de um povo.

Na semana passada Portugal estremeceu com a tragédia do icónico Elevador da Glória em Lisboa. Como artista senti um impulso interior a ilustrar aquele pequeno elevador amarelo onde o número 16 simboliza o número das pessoas que perderam a vida. Na pequena silva florida, com as cores preta e amarela da cidade de Lisboa, o nome Glória e as pétalas coloridas com as cores das nacionalidades envolvidas.

A arte é a forma mais profunda de expressão emocional do ser humano, que nela perdure a vida de cada um deles.”

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Teresa Silva é natural de Viana do Castelo. Nasceu em 1979 e desde os primeiros anos de infância demonstrou sempre muita sensibilidade artística, sobretudo para as artes visuais com recurso a lápis ou tintas e trabalhos manuais.

É licenciada em Professores do 1º e 2º Ciclo do Ensino Básico, variante Educação Visual e Tecnológica na Escola Superior de Educação de Viana do Castelo e leccionou durante 7 anos na Região Autónoma dos Açores. Regressou ao continente e permaneceu  6 anos em Aveiro onde se dedicou ao Bordado de Viana tendo Carta de Artesã.

Em 2018 regressou a Viana do Castelo e passou a dedicar-se por completo às artes plásticas.

Em 2023 criou um atelier de ilustração, tendo sempre por base de inspiração os Trajes do Alto Minho, sobretudo o Traje à Vianesa.

Possui particular gosto por ilustrar registos fotográficos antigos, sobretudo do inicio do século XX.

Os principais materiais que utiliza são os lápis de carvão, lápis de aguarela secos, marcadores, marcadores de aguarela e papel rugoso de aguarlas. Esta Inspiração vem do profundo amor pelo Traje, sendo que a primeira vez que envergoui um em cortejos da Romaria de Nossa Senhora d’Agonia tinha apenas 6 anos de idade, tendo aprendido a trajar com o saudoso sr Amadeu Costa e a D. Maria Emília de Sena Vasconcelos, amigos próximos do seu pai. São já 36 anos a trajar Viana.

O seu maior desejo é poder expor o meu trabalho na terra que a viu nascer e perpectuar no tempo, através da técnica manual da ilustração, o valor incalculável que tem a memória do Traje à Vianesa.

PAREDES DE COURA: 10 ANOS SEM O MANEL DA LOJA VELHA: SAUDADE ETERNA – CRÓNICA DE MANUEL TINOCO

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Manuel Tinoco entrevistando o Manuel da Loja Velha, para o jornal Notícias de Coura

Vi agora, através de uma publicação da minha prima São, que faz hoje 10 anos que nos deixou o Nelo da Loja Velha, o Manel Tasqueiro, o Manuel Costa, como queiramos chamar-lhe. Um primo que é como se Tio fora, um courense-lisboeta que eu também amei desde idade tenra (tenríssima, bebé quase de colo), acompanhando de perto toda a sua vida.

Um homem inteiro, sensível, apegado à família (Tio Nelo, Tia Emília e São, trio de união indestrutível), apaixonado pelas Taipas e Guimarães da sua amada mulher como pela nossa Rubiães natal, e ainda pela Lisboa que conheceu no dealbar de sessenta do século passado, era o Rego e a Adega da Tia Matilde ainda uma espécie de arrabalde da cidade quando Manel da Loja Velha aprendeu a arte da restauração através do savoir-faire do ora também saudoso Tio Emílio e se transformou no seu braço-direito.

Foi meu Companheiro de conversas intermináveis, sabia ouvir e sabia contar as estórias que me ajudaram a amar sempre mais a Rubiães que já não conheci; passeávamos, só os dois, calcorreando tardes inteiras pela cidade subindo e descendo as colinas alfacinhas, recordávamos os nossos velhos que já haviam partido, confessávamos, sem o dizer, que nos gostávamos muito especialmente. Quando me lembro, hoje, dos meus que já perdi, o Manel da Loja Velha surge na primeira fila, olhando-me e sorrindo.

XUVENTUDE DE GALÍCIA – CENTRO GALEGO DE LISBOA

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Xuventude de Galícia – Centro Galego de Lisboa. Os fundadores desta sociedade de emigrantes galegos residentes en Lisboa, creada en novembro de 1908, elixen unha directiva que se encargará de poñela en funcionamento. Axiña comeza unha campaña de difusión entre a colectividade para atraer novos integrantes e acadar o apoio dos seus membros máis destacados.

Na imaxe vemos a primeira directiva de Xuventude de Galicia. De esquerda a dereita, sentados: José Lorenzo Cuevas, que ocupaba o cargo de vicepresidente; Manuel Álvarez Cobas, como presidente; e Ramiro Vidal Carrera, primeiro secretario.

De pé: Francisco Sánchez, xornalista e correspondente de Vida Gallega en Lisboa; Marcelino Outerelo Rocha, contador; Emilio Mobilla Rodríguez, tesoureiro, e Ramiro Martín y Martín, segundo secretario. Todos eles eran emigrantes cunha posición consolidada na vida económica e cultural do país veciño.

Ramiro Vidal Carrera foi un dos principais promotores da nova entidade, tal como aparece publicado na prensa do momento, e tiña o orgullo de ser o seu socio número 1.

En palabras do propio Ramiro publicadas en La Voz de Breogán (decembro 1958, nº , «tratamos de formar ambiente adecuado para llevar a feliz término la fundación de un Centro en que pudiéramos recordar la amada terriña, levantando una bandera de cultura y amor entre todos los gallegos, cultivando la música y el canto regional y en fin, limar en lo posible, las densas aristas de orden social y cultural con que nuestros Gobiernos nos dejaban emprender el quizá provechoso, pero siempre triste camino de la emigración».

Nos primeiros estatutos sociais consta a condición de ser galego como requisito fundamental para formar parte da agrupación.

Só poderían ser socios os «individuos mayores de 18 años nacidos en las cuatro provincias españolas y son: Coruña, Lugo Orense y Pontevedra; los hijos de estos nacidos en el extranjero […]. Para ser admitido, es indispensable gozar de buena conducta […]».

Entre as obrigas, debían pagar a cota social para o mantemento económico da entidade, e tanto eles como as súas familias tiñan dereito a gozar das actividades festivas e culturais que se organizasen.

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▪︎3. Rondalla social, 1909.

Nun primeiro momento o desexo dos fundadores da nova entidade de emigrantes era organizar unha rondalla para actuar nas diversas reunións festivas que se facían no seo da colectividade galega en Lisboa.

Así, no número 3 da revista Vida Gallega dáse información da fundación de Xuventude de Galicia con estas palabras: «Aquellos paisanos nuestros han levantado una bandera de cultura. Van a consagrarse a las tareas artísticas. Van a hacer música gallega, a recordar a la patria entonando sus canciones amadas, las que nos siguen fuera de la terriña como himnos de amor a lo que jamás podemos olvidar […]».

Nos primeiros anos este orfeón estivo dirixido polo compositor e pianista de orixe galega, Alfredo Motta, que aparece retratado no centro da fotografía.

Portando a bandeira galega, no centro da imaxe, vemos a Ramiro Vidal. Outros compañeiros da agrupación musical e socios do centro eran Domingo Ribas, Indalecio García Eiró, Benigno Fernández Pérez, Ramón Carrera Carballo, José Lorenzo Cuevas, José Bermúdez Ramírez, Albino Lorenzo Cuevas, Evaristo Besada Santos ou Domingo Fernández Pereira.

Foron famosas as súas actuacións na vida cultural lisboeta, que aparecen referenciadas na prensa galega e portuguesa da época.

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▪︎ 8. Un trisco de Galicia en Lisboa.

O conxunto coral e artístico denominado Anaquiños da Terra foi creado en 1955, formado por un grupo de rapaces e rapazas entusiastas e amantes da música e do baile tradicional galego.

Foi a primeira agrupación coral galega existente en Portugal. As súas representacións musicais atenden a unha reafirmación da identidade cultural da colectividade galega residente en Lisboa.

Nesta imaxe aparecen os compoñentes do grupo acompañados polo seu director, Artemio Lage Carracedo, no seu debut o 6 de xaneiro de 1956.

Desde a súa consolidación o grupo comezou a participar na Rádiotelevisão Portuguesa e na Emissora Nacional.Tamén actuou no Coliseo, o maior teatro de Portugal, e en moitos outros espazos da cidade de certa relevancia.

Os seus alalás, pandeiradas e muiñeiras gustan tamén aos portugueses, amantes das variadas e harmónicas expresións folclóricas galegas.

▪︎ 11. Celebración infantil no luns de Entroido, 1958.

A organización de festas tradicionais era unha das actividades que desde os seus inicios serviron para manter a unión dos socios. O Entroido foi unha delas.

Cada ano organizábanse na súa sede, durante unha semana, distintos actos en que os socios se disfrazaban, comían orellas e filloas e bailaban ao son da música tradicional.

O luns estaba dedicado aos máis pequenos, as novas xeracións deses emigrantes, nacidos en Portugal pero con Galicia e os seus costumes sempre presentes.

Nesta imaxe vemos os nenos premiados na celebración do ano 1958. Vestidos co traxe tradicional, nuns casos galego, noutros portugués e incluso andaluz, os nenos seguro que gozaban da festa.]

Texto e Foto: Consello da Cultura Galega

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PONTE DE LIMA: ALEXANDRINO DE SOUSA – JOVEM LIMIANO DE SÃO PEDRO DE ARCOS – MORREU HÁ 50 ANOS EM LISBOA AFOGADO NAS ÁGUAS DO RIO TEJO NA SEQUÊNCIA DA “GUERRA DE CARTAZES” POLÍTICOS NO PERÍODO REVOLUCIONÁRIO PÓS 25 DE ABRIL

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Alexandrino de Sousa era um jovem estudante, natural de S. Pedro de Arcos, que frequentava a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Pertencia á Federação dos Estudantes Marxistas-Leninistas (FE M-L), organização de que também fez parte Durão Barroso e era dirigida por Danilo Matos, genro do escritor José Saramago. Tratava-se da estrutura juvenil do Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado (MRPP).

Na noite de 9 de Outubro de 1975, precisamente no período em que as tensões políticas que levaram ao 25 de Novembro se agudizavam, Alexandrino de Sousa integrava uma brigada que procedia à colagem de cartazes na Praça do Comércio, em Lisboa, quando se deparou com outra, numericamente muito superior, identificada com a União Democrática e Popular (UDP), uma das organizações que se encontra na génese do Bloco de Esquerda.

Os confrontos que então se verificavam eram de uma violência desmedida, com recurso a barras de ferro, o que levou à fuga para o rio ou à tentativa de homicídio dos elementos do MRPP – nunca chegou a ficar esclarecido em tribunal por um julgamento demasiado politizado! – de que resultou a morte por afogamento de Alexandrino de Sousa, preso no lodo junto ao cais das Colunas. Garcia Pereira foi um dos advogados que então acompanhou o processo.

O caso ocorrido causou consternação nacional e repulsa pelas práticas sectárias e violentas que caracterizaram a acção de algumas forças políticas nessa época. Por proposta do Grupo Parlamentar do PPD, a Assembleia da República aprovou um voto de pesar, o qual se encontra publicado no Diário da Assembleia Constituinte nº. 62, de 11 de Outubro de 1975.

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A foto regista o desfile fúnebre de Martins Soares, na Calçada da Ajuda, ocorrido um ano antes. Tratava-se de um militante do MRPP falecido em consequência de um acidente de viação. Alexandrino de Sousa segue na primeira linha empunhando uma bandeira do seu partido. Na imagem, pode ainda distinguir-se algumas figuras conhecidas como Violante Saramago Matos, filha do escritor José Saramago, transportando a urna e, imediatamente após esta, integrando o grupo de familiares do falecido, Arnaldo Matos, secretário-geral do MRPP. Imediatamente atrás de Alexandrino de Sousa perfila-se o historiador Fernando Rosas e, seguindo pelo passeio do lado esquerdo, integrando o “serviço de ordem” e vestindo um casaco axadrezado, Maria José Morgado.

BRACARENSES DANÇAM EM LISBOA NO FESTIVAL DE FOLCLORE ORGANIZADO PELO RANCHO DA RIBEIRA DE CELAVISA (ARGANIL)

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O Grupo Folclórico e Etnográfico de Palmeira vai no próximo dia 14 de setembro participar na 25ª edição do Festival Nacional de Folclore – Usos e Costumes em Lisboa, que terá lugar no Largo da Graça.

A iniciativa é uma organização do Rancho Folclórico da Ribeira de Celavisa, associado para o efeito à Junta de Freguesia de S. Vicente.

O “Usos e Costumes em Lisboa” promete ser mais uma jornada etnográfica de excelência, com a participação de grupos de folclore cuja representação dos tempos idos é da mais digna supremacia.

Este ano, a temática do festival de folclore será o Casamento – “Do Olhar ao Altar” – onde se pretende celebrar o amor e como este era vivido na Serra do Açor, nos finais do séc. XIX e inícios do séc. XX. Uma viagem temporal desde o namoro à confeção do enxoval, até ao casamento, onde o amor se torna união e a comunidade se junta para festejar.

Para além do Grupo Folclórico e Etnográfico de Palmeira, participam ainda o Rancho Folclórico e Etnográfico de Souto da Carpalhosa (Leiria/ Alta Estremadura), Grupo Regional de Moreira da Maia (Maia / Douro Litoral – Norte), Grupo Folclórico de Belas (Sintra / Estremadura Centro – Saloia) e o anfitrião Rancho Folclórico da Ribeira de Celavisa (Arganil / Beira Litoral – Serra).

O bar no local estará aberto e haverá venda de enchidos e outros produtos regionais, artesanato, doçaria típica (como coscorões) e ainda porco no espeto.

ARQUITETO CAMINHENSE VENTURA TERRA E A SUA CASA EM LISBOA

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Nome incontornável da arquitetura portuguesa, ligado à modernização de Lisboa no início do século XX, Miguel Ventura Terra nasceu neste dia 14 de julho, no ano de 1866. Entre as suas obras contam-se, por exemplo, os Liceus Pedro Nunes e Camões, a Sinagoga de Lisboa e o Teatro Politeama.

Fonte: EGEAC

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«Casa Ventura Terra»

Rua Alexandre Herculano, 57

[Do lado direito a Sinagoga de Lisboa «Shaaré Tikvá» (Portas da Esperança) inaugurada em 1904, projecto do arq. Ventura Terra]

O Prémio Valmor de Arquitectura de 1903 coube a um edifício, a «Casa Ventura Terra», na Rua Alexandre Herculano, 57, do qual Miguel Ventura Terra (1866-1916) foi o arquitecto e proprietário.

Edifício com decoração sóbria, vãos esguios com persianas articuladas de recolha lateral, elementos que o distinguiram dos edifícios da altura.

Destaque ainda para o friso superior de azulejos pintados no estilo Arte Nova.

Mantém a função original, habitação para rendimento.

Data(s): [c. 1903-1904]

Fotógrafo: Joshua Benoliel

Miguel Ventura Terra nasceu em Seixas do Minho, Caminha, a 14 de Julho de 1866. Frequentou o curso de Arquitectura da Academia Portuense de Belas Artes entre 1881 e 1886. Nesse ano, viajou até Paris como pensionista do Estado, na classe de Arquitectura Civil. Na capital francesa estudou na École Nationale et Speciale des Beaux-Arts e no atelier de Victor Laloux. Regressou a Portugal em 1896 e foi nomeado arquitecto da Direcção de Edifícios Públicos e Faróis. Nessa altura, triunfou no concurso para a reconversão do edifício das Cortes na Câmara dos Deputados e Parlamento, em Lisboa.

Foi autor de palacetes, de habitações de rendimento mais qualificadas, essencialmente na capital portuguesa, construções eclécticas, cosmopolitas e utilitárias, mas também de importantes equipamentos urbanos como a primeira creche lisboeta (1901), da Associação de Protecção à primeira Infância; a Maternidade Dr. Alfredo da Costa (1908) e os liceus Camões (1907), Pedro Nunes (1909) e Maria Amália Vaz de Carvalho (1913).

Projectou, igualmente, dois pavilhões da representação portuguesa na Exposição de Paris, de 1900, bem como o pedestal do monumento ao Marechal Saldanha (em Lisboa), com o escultor Tomás Costa (1900); a Basílica de Santa Luzia, de Viana do Castelo (1903); a Sinagoga de Lisboa (Shaaré Tikvá ou Portas da Esperança) inaugurada em 1904 na Rua Alexandre Herculano; o edifício do Banco Totta & Açores, na Rua do Ouro, Lisboa (1906); o Teatro Politeama, Lisboa (1912-1913), representativo da Arte do Ferro; e o Palace Hotel de Vidago.

Alcançou quatro vezes o Prémio Valmor de Arquitectura (1903, 1906, 1909 e 1911) e uma Menção Honrosa, no mesmo concurso (1913).

Também trabalhou na área do urbanismo, nomeadamente com projectos para o parque Eduardo VII (em Lisboa), planos para a zona ribeirinha da capital (1908) e o plano de urbanização do Funchal (1915).

Ventura Terra foi um dos grandes responsáveis pela criação da Sociedade dos Arquitectos Portugueses, em actividade desde 1903, e da qual foi o primeiro presidente. Exerceu o cargo de vogal do Conselho dos Monumentos Nacionais e foi vereador da Câmara Municipal de Lisboa até 1913. Morreu em Lisboa a 30 de Abril de 1919.

Fonte: Lisboa de Antigamente

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“AS AVES” DAS COMÉDIAS DO MINHO E MALA VOADORA APRESENTAM-SE NO CENTRO CULTURAL DE BELÉM

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Cinco sessões integram programação do Festival de Almada

A peça “As Aves”, coprodução das Comédias do Minho com a mala voadora, integra a programação da 42.ª edição do Festival de Almada, com cinco apresentações entre os dias 9 e 13 de julho, no Pequeno Auditório do Centro Cultural de Belém, em Lisboa. Com encenação e texto de Jorge Andrade, a partir da obra-prima de Aristófanes, o espetáculo assinala, nesta apresentação, o encerramento da sua digressão nacional.

Depois de estrear no Vale do Minho e de percorrer os cinco municípios que integram as Comédias do Minho - Valença, Vila Nova de Cerveira, Melgaço, Paredes de Coura e Monção -bem como o Centro Cultural de Lagos, “As Aves” encerram o seu percurso no CCB, integradas num dos festivais de teatro mais reconhecidos do país. Com um elenco de excelência e uma linguagem cénica visualmente marcante, a peça propõe uma reflexão viva e contemporânea sobre o poder, a linguagem e a ambição, cruzando teatro, música e dança numa composição simultaneamente poética e política.

Inspirando-se num texto com mais de dois mil anos, Jorge Andrade revisita a figura de Pistetero, o homem que convence as aves a fundarem uma cidade no céu para preservar a sua forma ideal de vida. O que começa como uma utopia partilhada transforma-se, progressivamente, numa nova ordem centrada na figura do próprio Pistetero. Através da sua retórica sedutora, instala um poder absoluto, sendo tomado pelas aves como uma nova divindade. Nesta encenação, o poder da palavra assume um lugar central — o verbo bem dito transforma-se em força criadora. Com figurinos exuberantes que evocam o universo animal e uma musicalidade presente em toda a estrutura dramatúrgica, “As Aves” questiona, com ironia e imaginação, as fronteiras entre o humano e o não-humano, entre liberdade e domínio, entre ideal e excesso.

A peça conta com encenação de Jorge Andrade e cenografia e figurinos de José Capela, com interpretações de Cecília Matos Manuel, Cheila Pereira, David Pereira Bastos, Luís Filipe Silva, Maria Jorge, Pedro Moldão, Sara Costa e Tiago Barbosa. A luz é assinada por João Fonte, que assume também a direção técnica, em conjunto com Vasco Ferreira. A sonoplastia é de Sérgio Delgado e a criação musical para as aves é de Miss Suzie. A produção é das Comédias do Minho e da mala voadora, com coprodução do Centro Cultural de Belém e do Centro Cultural de Lagos.

Sessões no CCB – Festival de Almada:

Pequeno Auditório do Centro Cultural de Belém
9, 10 e 11 de julho — 20h00
12 de julho — 19h00
13 de julho — 17h00

 Ficha artística e técnica

Direção: Jorge Andrade, com assistência de Maria Jorge
Texto: Jorge Andrade, a partir de Aristófanes
Elenco: Cecília Matos Manuel, Cheila Pereira, David Pereira Bastos, Luís Filipe Silva, Maria Jorge, Pedro Moldão, Sara Costa, Tiago Barbosa
Cenário e figurinos: José Capela, com edição de imagem de António MV
Execução de figurinos: Isabel Gonçalves (Blue)
Música para aves: Miss Suzie
Sonoplastia: Sérgio Delgado
Luz: João Fonte
Direção técnica: João Fonte (mala voadora) e Vasco Ferreira (Comédias do Minho)
Apoio técnico: Théo Wengleswki (Comédias do Minho)
Produção: Joana Mesquita Alves, Sofia Freitas e Cláudia Teixeira (mala voadora); Pedro Morgado e Luís Carlos Silva (Comédias do Minho)
Coprodução: mala voadora, Comédias do Minho, Centro Cultural de Belém e Centro Cultural de Lagos

Sobre as Comédias do Minho

Fundadas em 2003, as Comédias do Minho são uma associação cultural que reúne os municípios de Melgaço, Monção, Paredes de Coura, Valença e Vila Nova de Cerveira, constituindo o seu território de ação. Com uma missão centrada na criação de um projeto cultural de proximidade e qualidade, ajustado à realidade sociocultural local, as Comédias do Minho promovem propostas artísticas e pedagógicas de forte valor simbólico e participativo, envolvendo ativamente as comunidades. Este trabalho desenvolve-se em torno de três eixos: companhia de teatro profissionalprojeto pedagógico e projeto comunitário.

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FIA LISBOA: VIANA DO CASTELO PARTICIPA NA MAIOR FEIRA INTERNACIONAL DE ARTESANATO DA PENÍNSULA IBÉRICA

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De 28 de junho a 6 de junho, a Câmara Municipal de Viana do Castelo marca presença na Feira Internacional de Artesanato (FIA), que decorre na FIL - Parque das Nações, em Lisboa. Esta é a maior feira internacional de artesanato da Península Ibérica e a segunda maior da Europa, já vai na sua 37ª edição e conta com 500 expositores e 31 países representados.

Promovida pela Fundação AIP, em colaboração com o IEFP – Instituto de Emprego e Formação Profissional, a FIA Lisboa realiza-se durante nove dias e vai contar com 30 000 m2 de exposição de artesanato nacional, internacional e com uma área dedicada à gastronomia e animação. No ano de 2024, o evento recebeu 45.000 visitantes.

Viana do Castelo apresenta-se no Pavilhão 1 da FIL, onde estará representado o artesanato tradicional e contemporâneo de todo o país, incluindo ilhas. Esta participação do município vianense apresenta-se num stand promocional de 18 m2 que aposta na divulgação turística do concelho (stand nº 1D18), destacando a oferta de alojamento, restauração, serviços de animação turística, património natural e cultural, lazer, entre outros.

Em destaque, no stand de Viana do Castelo, estará o artesanato tradicional, com uma mostra dos Bordados de Viana Certificados e contando com a presença de uma das artesãs certificadas (Conceição Pimenta) a trabalhar ao vivo e a promover, dia 30 de junho, um workshop de iniciação à arte de bordar, onde serão ensinados os pontos básicos deste bordado tradicional.

Já nos dias 28 e 29 de junho, 5 e 6 de julho, no stand do Município, serão realizados momentos de degustação de doces tradicionais e Vinho Verde de produtores locais.

Esta participação será ainda aproveitada para divulgar o facto de Viana do Castelo ser em 2025 Capital da Cultura do Eixo Atlântico e integrar o Galardão “Vale do Lima - Região Europeia da Gastronomia e Vinho”.

A presença do Município é reforçada pela participação neste certame da Vianafestas, entidade promotora das festas do concelho, com um espaço de promoção da Romaria d’Agonia e da Feira de Artesanato de Viana do Castelo.

A FIA Lisboa é uma plataforma de excelência para a promoção da identidade e desenvolvimento dos territórios nacionais e estrangeiros designadamente ao nível económico, cultural e turístico. Apoia o desenvolvimento regional e as culturas locais, através de várias vertentes do património cultural material e imaterial – artesanato, gastronomia, recursos naturais, atividades culturais e turísticas, entre outras, procurando evidenciar micro, pequenas e médias empresas nacionais, entidades e organismos oficiais ligados a projetos que visam a promoção e divulgação dos territórios, bem como a venda dos produtos regionais.

VACA DAS CORDAS CORREU EM LISBOA HÁ 30 ANOS… E NO ANO SEGUINTE FOI PROBIDA!

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A Casa do Concelho de Ponte de Lima viu em 1996 impedida a realização em Lisboa de uma demonstração da corrida da Vaca das Cordas, procurando por esse meio divulgar a tradição de Ponte de Lima. A iniciativa deveria ocorrer no dia 2 de junho daquele ano, junto à igreja do Santo Condestável, em Campo de Ourique, e contava nomeadamente com o apoio da respetiva Junta de Freguesia.

Apesar de se tratar de uma manifestação cultural que não integra qualquer ato de crueldade em relação aos animais e terem sido acautelas todas as necessárias medidas de segurança, uma alegada e praticamente desconhecida associação de defesa dos animais à qual, os jornalistas, por dificuldades de melhor identificação, a designaram de “protectora dos animais” logrou convencer o governo civil dos seus intentos ao ponto daquela entidade mobilizar para o local o corpo de intervenção. Não satisfeitos, procuraram de seguida inviabilizar a corrida da vaca das cordas em Ponte de Lima, o que resultou em vão.

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MINHOTOS DESFILARAM HÁ 28 ANOS EM LISBOA NA MARCHA DO BAIRRO LISBOETA DE CAMPO DE OURIQUE

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Em 1997, a marcha popular do bairro de Campo de Ourique desfilou na avenida da Liberdade perante centenas de milhares de pessoas exibindo trajes domingueiros do Minho. Organizada pela Sociedade Filarmónica “Os Alunos de Apolo”, os marchantes entoavam letras criadas pelo poeta Silva Nunes, musicadas pelo maestro Mário dos Santos Gualdino.

Ao escolher como tema as gentes do Minho em Lisboa e no bairro de Campo de Ourique, os organizadores da marcha pretenderam evocar a primeira edição das marchas, organizadas por Leitão de Barros e Norberto de Araújo com o propósito de animar os teatros do Parque Mayer, na qual foi consagrada vencedora, trajando à moda do Minho.

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FALECEU EDUARDO GAGEIRO – O FOTÓGRAFO DA REVOLUÇÃO

Na madrugada do dia 25 de abril de 1974, mal o sol despontava no horizonte, o fotógrafo Eduardo Gageiro acompanhou as operações militares que levaram ao derrube do anterior regime político. Ele próprio o descreve quando afirma “Fui avisado e avancei”, lembrando que o capitão Salgueiro Maia o autorizou a segui-lo “com risco de vida”.

“O 25 de Abril foi uma esperança. Foi o dia mais feliz da minha vida. Senti que as pessoas iriam ter uma vida melhor, falar livremente. Mas é triste porque aquele dia magnífico foi uma esperança que não se concretizou. Muitas pessoas continuam a viver mesmo muito mal. Outros enriquecem e vivem no luxo. Deixou de haver vergonha", lamenta.

Eduardo Gageiro anda sempre com a máquina fotográfica, uma companhia permanente que hoje, como antes, "continua a ser um instrumento de denúncia e de protesto".

Chegou a ser preso pela PIDE, a polícia política da ditadura de Salazar, por exibir no estrangeiro "imagens dos humildes e da miséria do país", recordou.

"Ainda hoje penso que esta profissão (fotojornalismo) é muito nobre e pode ajudar as pessoas. O que está aqui [na exposição] foi feito com o coração e é o meu contributo", disse, manifestando um agradecimento aos habitantes de Sacavém, onde nasceu, em 1935.

Foi na antiga fábrica de cerâmica local que Gageiro começou a trabalhar, ainda muito jovem, e foi nessa altura que lhe despertou a paixão pela fotografia, captando imagens dos funcionários.

Como fotojornalista iniciou atividade no "Diário Ilustrado", e também colaborou com o "Diário de Notícias" e o "Século Ilustrado". Recebeu mais de 300 prémios de todo o mundo, incluindo o 2º lugar na categoria Retratos do World Press Photo. Em 2004, foi condecorado com a Ordem do Infante D. Henrique.

Eduardo Gageiro nasceu em Sacavém, em 1935, tendo começado a sua atividade como repórter fotográfico em 1957 no Diário Ilustrado.

No momento em que se assinala o 40º aniversário do 25 de abril de 1974, é da mais elementar justiça lembrar aqui aquele a quem devemos porventura os melhores registos fotográficos do acontecimento histórico, publicando inclusive uma foto de nossa autoria.

Foto: Carlos Gomes | Fonte: http://rr.sapo.pt/

O MINHO FOI HÁ 93 ANOS NA MARCHA DE CAMPO DE OURIQUE – UMA DAS VENCEDORAS DA PRIMEIRA EDIÇÃO DAS MARCHAS DE LISBOA

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Passam precisamente 93 anos desde que pela primeira vez saíram à rua as marchas dos bairros típicos de Lisboa. O seu criador, tal como as conhecemos hoje, foi José Leitão de Barros a que se associou Norberto de Araújo, em 1932. Os festejos populares dedicados a Santo António foram a inspiração deste evento.

O "Notícias Ilustrado" e o "Diário de Lisboa" dinamizaram esta iniciativa, com o apoio do Parque Mayer.

No primeiro ano concorreram três bairros, Alto do Pina, Bairro Alto e Campo de Ourique, com a participação de Alcântara, Alfama e Madragoa. Desfilaram por algumas ruas de Lisboa e terminaram a atuação no Capitólio.

O Bairro Alto ganhou o prémio da Alegria, Campo de Ourique o prémio da imponência e Alto do Pina o prémio do Pitoresco.

in "Dicionário da História de Lisboa", Direção de Francisco Santana e Eduardo Sucena Notícias Ilustrado de 5 Junho de 1932 | Hemeroteca Municipal de Lisboa

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HISTÓRIA SIMPLES DE UM MINHOTO EXEMPLAR – NARRADA PELO POETA SILVA NUNES

O poeta Silva Nunes foi uma das figuras incontornáveis da cultura alfacinha e das marchas populares. Durante décadas a fio, escreveu as letras para a maior parte das marchas dos bairros lisboetas. Parafraseando outro poeta, Silva Nunes é o poeta que canta Lisboa sempre que Lisboa canta.

Desaparecido do nosso convívio em 18de março de 1999, Lisboa não prestou ainda a devida homenagem àquele que foi um dos seus maiores bardos. Entretanto, recuperamos um dos escritos que, em 1991, teve a amabilidade de nos oferecer.

Na década dos anos 40, ainda em plena Guerra Mundial entre Alemães e Aliados, Lisboa acordava pacificamente com os pregões da “fava-rica”, da “vivinha da Costa” e do “carapau do Alto”…

As tabernas, de então, eram casas de bons vinhos, petiscos e locais de cavaqueira.

Foi num destes estabelecimentos incrustado no topo da rua do Socorro, ali para as bandas do Teatro Apolo, que encontrámos um minhoto de meia idade, residente na Capital desde os 14 anos.

Depois de trabalho penoso em carvoarias e casas de pasto, tomara, por trespasse, a taberna onde a sua esposa trabalhava na cozinha.

Todos tratavam-nos por Ti-Zé. Era flexível nas palavras, lhano no trato e tinha como principio respeitar para ser respeitado.

A clientela era diversificada: lembra-nos ter visto por lá o jornalista Sanze Vieira; os poetas da antologia do fado Carlos Conde e Francisco Radamanto; guitarristas; cultivadores do fado; pessoal do Hospital de S. José; ciganos e mulheres da noite.

Na azáfama do balcão, o Ti-Zé tinha sempre na boca um vocabulário acolhedor, e por vezes, doseado de filosofia.

Numa tarde, abeirou-se dele uma infeliz mulher da noite que, em surdina, lhe pediu um “papo-seco” com presunto e meio copo de vinho branco com um pirolito, dizendo ainda que, no momento, não tinha dinheiro…

Como se tratasse de qualquer outro cliente, serviu o “papo-seco” num pires e a bebida.

Depois de comer retirou-se, dizendo: obrigado, até logo.

Um freguês atento ao diálogo, interrogou o proprietário:

- O senhor não aponta a despesa?... olhe que ela nunca mais cá põe os pés.

E o Ti-Zé respondeu, de pronto:

- Não faz mal. Pagam os que podem para os que precisam.

Era assim o minhoto com quem contactámos há meio século atrás.

A dominante tónica das suas palavras lembrava-nos um pensamento de Robert Raynolds – “amar não é ganhar, nem perder mas ajudar e ser ajudado”.

Por vezes falava do poeta Gabriel Marujo que imortalizara, numa cantiga, a Rosa maria da rua do Capelão…

Para competir com o “bacalhau assado” do “Quebra-Bilhas” com as “tripas à moda do porto”, do “Palmeiras” e com outras casas com cardápios de especialidades, tinha sempre bom presunto, rojões conservados na banha, pataniscas e caracóis.

No Dia de S. Martinho engalanava a porta da sua “taberna” com uma palma aberta em arco e oferecia aos clientes habituais um copinho de “água-pé” com duas castanhas cozidas.

Pelo Natal, brindava os fregueses com um copinho de “abafado” e uma fatia de “Bolo-Rei”.

…….

Estavamos em 1945, a II Guerra Mundial havia terminado com a derrota incondicional da Alemanha…

A Humanidade chorava os seus mortos…

Num passeio pela Baixa Pombalina, pensámos ir beber um refresco à taberna do Ti-Zé: três homens, encostados ao balcão, profectizavam o futuro do Mundo após a guerra…

Ao balcão, de barba crescida, olhar triste e camisa negra, atendeu-nos, como se fossemos um estranho.

Já não tinha os mesmos petiscos, as suas palavras eram soletradas com amargura. Tinha falecido a mulher que o ajudara nas horas boas e más na grande batalha da vida…

Meses depois, alguém nos disse que “A Taberna do Ti-Zé” tinha encerrado as portas para sempre…

Meditando nos caminhos e descaminhos da vida, o poeta retratou, à sua maneira, a última noite de Natal na “Taberna do Ti-Zé:

              NATAL DOS FALA-SÓS

              Naquela tasca velhinha

              É tudo tão natural

              Que há consoada de vinho

              P’rós que não têm Natal!...

 

              Entram ali marginais,

              Mulher’s nocturnas, profectas,

              Contrabandistas, malandros,

              Alguns doutor’s e poetas…

 

              Ao lado do escaparate,

              Num calendário velhinho

              Está uma mulher nua

              P’ra abrir apetite… ao vinho.

              E por dentro do balcão,

              Um taberneiro, sem par,

              Mostra um sorriso nos lábios

              Com vontade de chorar…

 

              Entram ali marginais,

              Mulher’s nocturnas, profectas,

              Contrabandistas, malandros,

              Alguns doutor’s e poetas…

 

              Bebem todos p’ra esquecer;

              - Tipo rasca, tipo fino…

              São os fala-sós da vida

              Na lixeira do destino!

              Vencidos pelo Deus baco,

              Na hora da consoada,

              Partem os copos no chão,

              Falam de tudo e de nada…

 

              Entram ali marginais,

              Mulher’s nocturnas, profectas,

              Contrabandistas, malandros,

              Alguns doutor’s e poetas…

 

              Quando a noite já vai longa,

              Os fregueses vão p’rá rua

              E agarrados uns aos outros

              Atiram pedras à Lua!...

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