O tempo moldou-lhe os contornos de símbolo nacional. Mas será o Galo de Barcelos realmente uma herança imemorial ou uma criação moldada pelo Estado Novo? No seu novo livro, “Fact-Checking à História de Portugal”, o historiador Ricardo Raimundo desmonta alguns dos maiores mitos da narrativa nacional — e o famoso galináceo não escapa à análise. A obra convida-nos a revisitar o passado com espírito crítico. Da obra, publicamos o excerto “Galo de Barcelos: símbolo de Portugal desde sempre ou criação do Estado Novo?”
Qualquer turista que percorra as inúmeras lojas de recordações espalhadas pelas cidades de Lisboa ou Porto, ou em qualquer outra parte de Portugal com expressão turística, facilmente se apercebe de que existe uma figura reproduzida nos mais variados itens — desde os tradicionais pins até às miniaturas, passando pelos porta‑chaves, estampagens em T‑shirts, imagens, tudo nos mais diversos formatos, desde os mais pequenos até aos que impõem respeito. Falamos do Galo de Barcelos. Assim sendo, é frequente que o incauto turista associe o galináceo ao símbolo que melhor representa Portugal e os portugueses. Não é de levar a mal, já que até estes últimos, principalmente os que menos atenção prestaram nas aulas de História, reconhecem como verdadeiro e antiquíssimo representante do país o Galo de Barcelos.
Na realidade, estamos perante mais uma das invenções do Estado Novo, principalmente de um homem: António Ferro, diretor do Secretariado da Propaganda Nacional (futuro Secretariado Nacional da Informação), o grande responsável, nas primeiras décadas do regime ditatorial de Salazar, pela sua propaganda e imagem. Foi ele o autor e o dinamizador da “política do espírito”, tendo gerido a representação de Portugal no estrangeiro. Foi ainda comissário‑geral das exposições internacionais de Paris, em 1937, e de Nova Iorque, em 1939.
Desempenhou igualmente um papel crucial naquela que foi a grande realização do Estado Novo, a Exposição do Mundo Português, no ano de 1940, tendo dirigido a Revista dos Centenários, órgão de propaganda da mesma. Foi o fundador do Museu de Arte Popular e da Companhia Portuguesa de Bailado Verde Gaio e o presidente da Emissora Nacional em 1941. Na lista de tradições populares que criou, contabilizam‑se, a título de exemplo, as marchas populares em Lisboa, surgidas no ano de 1932, a aldeia mais portuguesa de Portugal, em 1938, que terminou com a eleição de Monsanto, e o famoso Galo de Barcelos.
O historiador Ricardo Raimundo.
Foi em 1931 que o galo foi elevado, pela primeira vez, à condição de símbolo de Portugal, numa fase em que António Ferro se multiplicava em ideias e iniciativas. E alcançou essa função por um motivo muito simples: a necessidade, sentida por Ferro, enquanto responsável pela organização do V Congresso Internacional da Crítica Dramática, Musical e Literária, realizado em Lisboa, de gerar o espanto nos congressistas estrangeiros que ele tinha conseguido fazer deslocar a Portugal. Para esse efeito, ofertar‑lhes‑ia, como recordação, uma peça única de arte popular.
Concebido pelos ceramistas de Barcelos, o galo circulava pelas feiras da região havia já alguns anos, sem apresentar qualquer valor significativo. Aparecia conectado, como não podia deixar de ser, a uma lenda bastante antiga, que remontava ao período medieval. De acordo com a mesma, os habitantes de Barcelos andavam muito inquietos devido a um crime, cujo autor ainda não tinha sido descoberto. Em certo dia, surgiu um galego, que se transformou no principal suspeito, e as autoridades decidiram prendê‑lo. Todavia, ele jurava inocência, argumentando que estava simplesmente de passagem por aquelas terras, em direção a Santiago de Compostela e em cumprimento de uma promessa que fizera. Sentenciado à forca, o homem implorou, em desespero, que lhe fosse concedida autorização para se apresentar ao juiz que o condenara. Obtendo resposta favorável, levaram‑no à residência do magistrado, que naquele preciso momento se encontrava a desfrutar de uma bela refeição na companhia de alguns amigos. Voltando a reclamar inocência, ao ver que nenhum dos presentes parecia acreditar no que afirmava, o galego apontou para um galo assado que repousava sobre a mesa e proferiu: “É tão certo eu estar inocente como certo é esse galo cantar quando me enforcarem.” O juiz afastou o prato para o lado e não deu qualquer importância àquele apelo; todavia, quando o peregrino estava a ser enforcado, o galo assado ergueu‑se na mesa e cantou.
O magistrado, tomando consciência do erro que tinha cometido, apressou‑se a correr para a forca e foi então que viu que o galego se salvou devido a um nó malfeito na corda. O homem foi prontamente libertado e mandado em paz. Alguns anos mais tarde, o galego terá regressado a Barcelos para mandar esculpir o Cruzeiro do Senhor do Galo em honra da Virgem Maria e de Santiago. Nele, mandou erguer um padrão de pedra, representando Santiago a salvar um enforcado.
O povo daquela região adorava aquela história e, ao perceber isso, António Ferro encarregou o realizador Leitão de Barros, então seu braço‑direito na organização do Congresso da Crítica, de arranjar os galos. Aquela tarefa foi abruptamente perturbada e interrompida pela Revolta dos Caçadores, que deflagrou em Lisboa, a 26 de agosto de 1931. Os instigadores daquele movimento pretendiam derrubar a ditadura militar. Contando com a participação dos aviadores de Alverca, a conspiração era comandada pelo Tenente‑Coronel Fernando de Utra Machado, que fora ministro das Colónias do governo republicano de António Maria Baptista, pelo Major‑Aviador Sarmento de Beires, pioneiro da aviação, e pelo comandante Agatão Lança, antigo governador civil de Lisboa. A reação a este movimento surgiu de imediato. Lideradas pelo brigadeiro Daniel de Sousa, governador militar de Lisboa, e pelo General Farinha Beirão, da Guarda Nacional Republicana (GNR), as forças fiéis ao regime no poder controlaram a situação ao fim de nove horas de intenso combate, que provocou a morte de cerca de 40 pessoas. Os mandantes da conjura acabaram por ser deportados para Timor. António Ferro não participou diretamente no combate aos revoltosos, mas na defesa do governo alinharam o alferes Jorge Botelho Moniz, que com ele havia participado na revolta de 18 de abril de 1925 (o Golpe dos Generais, desencadeado contra as instituições da I República), e o Capitão David Neto, seu correligionário no Golpe dos Fifis.
Ultrapassado aquele episódio e retomada a normalidade, Leitão de Barros deu continuidade aos trabalhos de que Ferro o incumbira, sem saber muito bem por onde deveria começar a busca. Recordava‑se muito vagamente de ter visto uns galos, alguns anos antes, numa feira do Senhor de Matosinhos, mas pouco mais. Decidiu então pedir ajuda ao seu colega Artur Maciel, fervoroso entusiasta do trabalho de António Ferro e apoiante da ditadura, que conhecia dos tempos da sua passagem pela Ilustração Portuguesa, na época em que aquele era redator de O Século da Noite e tinha fama de “enciclopédico”. Não dispondo também de grande informação, Maciel decidiu pedir ajuda à família Couto Viana, natural de Viana do Castelo, que prontamente resolveu o enigma. De acordo com o testemunho da família, o referido galo nascera em 1925, inspirado na lenda, e dois anos depois começou a ser vendido nas feiras da região. Os críticos estrangeiros que foram agraciados com o galo adoraram a surpresa e contribuíram amplamente para a sua divulgação.
As primeiras peças produzidas eram vermelhas, por serem cozidas a altas temperaturas. No entanto, Ferro logo mandou introduzir um conjunto de alterações, como, aliás, era seu timbre, sugerindo que os galos fossem pintados de branco, preto e amarelo, primeiro, e de outras cores mais folclóricas, depois. Neste plano de transformação, contou com o contributo extremamente importante do pintor natural de Barcelos, Gonçalves Torres, que lhe aplicou cores garridas e estilizou a crista e a cauda.
A aparição internacional do Galo de Barcelos ocorreu em setembro de 1935, quando António Ferro, chefiando o Secretariado da Propaganda Nacional, levou a Genebra uma memorável exposição de arte popular. Aí, obteve um sucesso inesperado. Em 1937, na Feira Internacional de Paris, o pavilhão português obteve o Grand Prix e a olaria barcelense brilhou, mais uma vez devido ao seu galo.
Estes sucessos foram‑se repetindo: em 1939, na Feira Mundial de Nova Iorque e na Feira Internacional de São Francisco; em 1940, o galo voltou a triunfar na Exposição do Mundo Português, com a sua colocação em lugar bem visível no pavilhão dedicado à vida regional.
créditos: Manuscrito
Foi aquele o momento escolhido para fazer dele, à vista de centenas de milhares de visitantes, nacionais e estrangeiros, o ícone que hoje conhecemos e que representa, muitas vezes, Portugal no estrangeiro. O animal voltaria a estar em destaque em 1947, na inauguração do Museu de Arte Popular, localizado em Belém, continuando, assim, a percorrer o caminho do sucesso. A atestar esta realidade, o Jornal de Barcelos, na sua edição de 2 de abril de 1959, concedia uma parte do seu espaço à transcrição de um telegrama que fora enviado de Paris, a 26 de março de 1959, no qual podia ler‑se: “[O]s galos de Barcelos inundam Paris, anunciando a Primavera. Era a internacionalização do Galo de Barcelos, enquanto marca do turismo português.
Entre os primeiros modelos e aqueles que figuraram na exposição de 1940, a morfologia do Galo de Barcelos evoluiu. Sofreria nova alteração já na década de 1950, período em que surgiu o negro como cor de fundo, que se tornou uma característica do atual galo. O aparecimento do negro deveu‑se à falta de pigmentos químicos durante a Segunda Guerra Mundial e à facilidade de obtenção da tonalidade, utilizando a cola de peixe como veículo e a fuligem das chaminés como pigmento.
Além disso, as técnicas anteriores à década de 30 do século XX não possibilitavam o fabrico de galos com mais de 15 centímetros de altura, sendo as peças dessa época, essencialmente, brinquedos com apito. Deste modo, os primeiros galos vermelhos, grandes e decorativos apareceram a partir dos anos 1930.
A partir da década de 1960, o galo parece ganhar vida própria. Surgem novas versões do animal, como os galos brancos, também conhecidos como «galos de noiva». Pensados pelo escritor e diretor do Palácio de Cristal do Porto, António Pinto Machado, por ocasião da realização dos casamentos de São João, estes objetos foram entregues pela primeira vez em 1961, no almoço realizado nos jardins do palácio. Cada um dos casais de noivos recebeu um galo pintado de branco e dourado, e a decorar as mesas estavam galos pintados da mesma forma e com corações vermelhos. Posteriormente, estes galos desceram até Lisboa para serem ofertados aos noivos de Santo António.
Lançadas as bases por António Ferro, foi já depois da sua morte que o galo ganhou ainda mais força como símbolo nacional. Em 1966, por ocasião da disputa do Mundial de Futebol em Inglaterra, foi a imagem da seleção nacional. No ano de 1974, num programa da estação de televisão italiana RAI, Portugal e o Galo de Barcelos foram as principais atrações.
No período que se seguiu ao 25 de Abril de 1974, o galo continuou a figurar em muitos cartazes de promoção de Portugal enquanto destino turístico. Apesar da mudança de regime, a imagem do país continuava muito similar à do Estado Novo: um país de tradições, de belas paisagens verdes, de sol e praia e, acima de tudo, muito hospitaleiro, graças à simpatia do seu povo.
Já em pleno século XXI, em 2007, a marca de cerveja Sagres, com o intuito de comemorar os 35 anos do lançamento da mini, convidou o ateliê de design Dasein a elaborar um conjunto limitado de rótulos especiais. Um deles tinha o Galo de Barcelos. No ano seguinte, o animal tornou‑se parte da coleção de primavera/verão do estilista Nuno Gama.
A Água do Vimeiro, no ano de 2010, elaborou uma campanha publicitária intitulada Ser Português, em que utilizava símbolos da nacionalidade numa coleção de oito molduras magnéticas. Acompanhando a sardinha, o azulejo, o elétrico, a caravela e a guitarra portuguesa, lá se encontrava o Galo de Barcelos. E, em 2015, a artista plástica Joana Vasconcelos foi convidada a reinterpretar tal símbolo, por ocasião das comemorações oficiais dos 450 anos do Rio de Janeiro. Assim, nasceu o Pop Galo, o símbolo ampliado a uma escala monumental. Com 3,5 toneladas de peso e cerca de dez metros de altura, revestem‑no, aproximadamente, 17 mil azulejos e cerca de 15 mil leds ocupam as superfícies coloridas da obra. Infelizmente, por questões imputadas à cidade brasileira, a obra acabou por não viajar para o outro lado do Atlântico e foi inaugurada em Lisboa, na zona da Ribeira das Naus, em 6 de novembro de 2016, aproveitando o facto de nessa semana ter início a Web Summit. Dali, viajou para Pequim, onde participou nas comemorações do ano chinês do galo, e esteve presente também em Bilbau.
Em dezembro de 2018, foi a vez de Barcelos, cidade que empresta o nome a este símbolo, acolher o Pop Galo. Não deixa de ser interessante que, por essa ocasião, a então secretária de Estado do Turismo tenha referido que “este galo é um dos seus [de Portugal] maiores símbolos, exibindo em todo o mundo as nossas tradições e autenticidades”, acrescentando que se encontrava em preparação uma campanha internacional do turismo português, no âmbito da qual a peça de Joana Vasconcelos seria usada para promover Portugal. Referiu ainda que o galo de Barcelos “é uma das peças mais simbólicas da nossa autenticidade”.
Com as devidas distâncias, não nos parece que o diretor do Secretariado da Propaganda Nacional se opusesse muito a estas declarações e estratégia. Deste modo se construiu um símbolo de Portugal. Não sendo visto como tal, transformou‑se, em função do trabalho de um homem, na representação de um povo, desde tempos remotos.
O Minho dispõe de três estações salva-vidas em Viana do Castelo, Esposende e Apúlia
Passam 133 anos desde que foi criado o Real Instituto de Socorros a Náufragos – renomeado de Instituto de Socorros a Naúfragos após a implantação do regime republicano. Com efeito, esta entidade foi instituída em 21 de Abril de 1892 e contou durante a sua existência com o Alto Patrocínio de Sua Majestade a Rainha D. Amélia, constituindo-se como uma entidade privada de beneficência.
Atualmente, o ISN é um organismo integrado na estrutura da Direção-Geral da Autoridade Marítima, com atribuições de direção técnica para as áreas do salvamento marítimo, socorros a náufragos e assistência a banhistas.
O ISN dispõe de 25 estações salva-vidas ao longo de toda a costa de Portugal. No Minho dispõe de uma Estação Salva-Vidas principal em Viana do Castelo e duas temporárias, em Esposende e na Apúlia. A estação principal é situada em zona de elevado tráfego marítimo, tendo capacidade para operar em Esquemas de Separação de Tráfego e dispõem nomeadamente de residência para os tripulantes das embarcações salva-vidas, rampa, carris e abrigo. Por seu turno, as temporárias não dispõem de residência e geralmente não estão dotadas de rampa, carris nem cais acostável por perto, encontrando-se geralmente situadas em locais cujo tráfego marítimo se resume a pequenas embarcações de pesca e recreio.
Remonta aos começos do século XIX a criação do primeiro embrião do que viria a constituir o Real Instituto de Socorros a Náufragos, actualmente designado por Instituto de Socorros a Náufragos. Com efeito, data de 1828, a criação pelo Rei D. Miguel da Real Casa d’Asilo dos Náufragados, em São João da Foz do Douro, destinada a servir de abrigo para salva-vidas, tendo esta constituído o primeiro serviço de salvamento marítimo devidamente constituído, instalado na costa portuguesa. Dispunha esta Instituição de casa-abrigo para o salva-vidas, enfermaria, casa das máquinas e outras dependências, encontrando-se sob a inspecção da Junta de Administração da Companhia Geral de Agricultura dos vinhos de Alto Douro.
O Instituto de Socorros a Náufragos foi porventura um dos últimos do género a ser criado na Europa, visto a Inglaterra já ter fundado o seu em 1824 e a generalidade dos países marítimos europeus o ter feito em meados do século XIX. Apesar disso, tal como afirmou o insigne historiador Professor Doutor Joaquim Veríssimo Serrão na conferência que realizou na Sociedade de Geografia de Lisboa por ocasião das comemorações do primeiro centenário do Instituto de Socorros a Náufragos, em 21 de Abril de 1992, “A criação do Instituto não representou um acto orgânico isolado, razão de necessidade então mais sentida ou cópia de modelo estrangeiro. Foi, sim, um marco importante, entre nós, na salvaguarda da vida humana no mar e dos bens dos náufragos, de que Portugal foi pioneiro, e, ao que conheço, durante vários anos exemplo único.
E explica a razão: “Com efeito, desde 1211 uma disposição legal de D. Afonso II proibia que os senhores das regiões costeiras tivessem direito de posse em relação aos bens arrojados à costa ou ainda encontrados dentro dos barcos naufragados. Noutros países, quer no Mediterrâneo quer no norte da Europa, a norma existente era a “jus naufragii” pela qual esses bens pertenciam aqueles senhores, sendo prática, senão corrente pelo menos frequente, em certas regiões, acender fogueiras em locais errados e usar outros ardis para levar os navios a naufragar. O crime chegava ao extremo de assassinar os náufragos que tinham escapado à fúria das ondas”.
E acrescentava: “Vem a propósito referir a política dos reis portugueses, logo desde a fundação do país e com destaque para D. Dinis e D. Fernando, no incentivo e protecção ao transporte marítimo pelo qual Portugal se ligava aos centros comerciais da Flandres e do Mediterrâneo.
A disposição legal de D. Afonso II é assim perfeitamente coerente com essa política que aproveitava a posição privilegiada da costa portuguesa nas linhas de tráfego que ligavam os pontos da Itália e do mediterrâneo levantino aos pontos do mar do Norte.
Há notícia, também, que D. Pedro mandou que junto às suas fortalezas marítimas existissem sempre barcas disponíveis e aparelhadas para prestar socorros a navios em perigo nas suas barras.”
E, finalmente, conclui: Em Portugal, só no último quartel do século XVIII o Estado começa a tomar medidas sobre essa causa humanitária. É assim que, em 1776, o esclarecido estadista que era o Marquês de Pombal determina um certo número de obras e procedimentos, entre os quais a construção de uma doca-abrigo, com vista à prestação de socorros aos navios que naufragassem na barra do Tejo. Essas medidas não tiveram infelizmente seguimento pois logo no ano seguinte, após a morte de D. José I, o Marquês é destituído de 1º Ministro, afastado da política e exilado da corte.”
Em 1835, foi criada em França a “Sociedade Geral dos Náufrágios, e de União das Nações pelo que respeita aos Salvamentos, ao Comércio e às Ciências”, a que Portugal veio a aderir, tendo como Presidente da Real Secção Portuguesa o Marquês de Sá da Bandeira. E, cinco anos volvidos, em 1840, foi criada a Estação de Paço de Arcos, considera a mais antiga estação de salva-vidas do país.
Em 1841, no seguimento de uma exposição apresentada pela Associação marítima e Colonial de Lisboa à rainha D. Maria II, o Ministério da Marinha e Ultramar manda orçamentar as despesas para salvamento de náufragos.
Em 1880, no reinado de D. João VI, Portugal recebe a primeira embarcação especificamente constituída para salva-vidas, oferecida pelo 2º Duque de Northumberland, destinada a actuar na foz do rio Douro.
Apesar disso, em virtude da instabilidade política vivida durante o período das guerras liberais e, de um modo geral, ao longo da maior parte do tempo em que vigorou a monarquia constitucional, a que se acrescentou a independência do Brasil, não foi possível estabelecer em devido tempo um eficaz sistema nacional de socorros a náufragos e também de sinalização marítima, com a instalação de uma rede de faróis ao longo da costa portuguesa, o que levava a frequentes naufrágios com avultados prejuízos e elevada perda de vidas humanas.
O sistema de farolagem era então muito deficiente, escasseavam os portos de abrigo, a pesca fazia-se com recurso a embarcações muito deficientes e a navegação costeira em geral não ofereciam as mínimas condições de segurança, o que tudo somado tornava a costa portuguesa uma das que maior número de naufrágios registava em todo o continente europeu. Este cenário trágico esteve na origem do epíteto “costa negra” como que até aos finais do século XIX foi a costa portuguesa conhecida.
Estação Salva-Vidas da Apúlia provavelmente antes de 1911. Socorristas a náufragos e sargaceiros (foto: autor desconhecido)
Ao fenómeno certamente não foi alheio o incremento da actividade marítima e a procura no mar dos recursos piscícolas com vista a satisfazer as necessidades de uma população cada vez mais numerosa para a qual, os bens agrícolas revelavam-se cada vez mais insuficientes, tornando a navegação marítima e fluvial mais intensa.
Entretanto, motivações de natureza política levaram ao encerramento da Real Casa d’Asilo dos Náufragados da Foz do Douro, instituída por D. Miguel, tendo o seu recheio sido vendido em hasta pública. Porém, as tragédias sucederam-se sem existisse algum meio com que acorrer, sucedendo mesmo que um dos naufrágios ocorreu em local próximo daquele onde se encontrava a referida “Casa dos Naufragados”. Tratou-se do navio “Porto”, dele tendo resultado a morte por afogamento de noventa pessoas, praticamente quase todos os passageiros e tripulantes. As críticas à actuação do governo não se fizeram esperar, constituiu-se a Comissão Humanitária da Foz do Douro e abriram-se subscrições para a criação de um serviço de socorros a náufragos. Decorrido algum tempo, foi de novo estabelecida a estação salva-vidas da Foz do Douro.
Escassos dois meses antes da criação do Real Instituto de Socorros a Náufragos, outra tragédia veio a enlutar as famílias de 105 pescadores da Póvoa de Varzim e da Afurada. O país não podia, pois, continuar a assistir à ocorrência de mais tragédias sem que nada se fizesse par ao evitar ou remediar. Pode. pois, considerar-se este nefando acontecimento a causa próxima da criação do Real Instituto de Socorros a Náufragos.
A imagem mostra a Rainha Dona Amélia presidindo à sessão para distribuição de prémios, em 1910, promovida pelo Real Instituto de Socorros a Náufragos, na Sociedade de Geografia de Lisboa. Foto Joshua Benoliel
O Real Instituto de Socorros a Náufragos foi instituído pela Rainha D. Amélia, através de Carta de Lei de 21 de Abril de 1892, a qual foi sua Presidente de Honra até à data da implantação da República, em 1910. Assumia à época o cargo de Ministro da Marinha e do Ultramar o Comandante Francisco Joaquim Ferreira do Amaral.
Inicialmente constituída como uma entidade privava e benemerente formada por voluntários, embora sob a égide da Marinha Portuguesa, o Instituto de Socorros a Náufragos veio em meados do século passado a debater-se com dificuldades financeiras e de pessoal para tripular as embarcações salva-vidas. E foi assim que, a partir de 1 de Janeiro de 1958, o ISN transitou para a tutela do Estado, ficando na directa dependência da Marinha Portuguesa.
Esta entidade foi inicialmente criada com vista a proceder ao salvamento de náufragos e auxílio às suas famílias, bem assim daqueles que nas acções de salvamento perdiam a sua vida. Porém, com o decorrer do tempo, a sua acção foi alargando a sua abrangência como a do salvamento de banhistas nas praias, actividade de lazer que passou a fazer parte dos novos hábitos citadinos sobretudo a partir dos finais do século XIX. Neste âmbito, inscreve-se a organização de colónias de férias para crianças que então eram organizadas na praia da Trafaria.
Remonta a 1909 o Relatório da Comissão Central do Real Instituto de Socorros a Náufragos, no qual surge pela primeira vez um registo de apoio a banhistas segundo o qual, a fim de evitar acidentes, se propunha montar um sistema de vigilância com recurso a uma embarcação que percorreria a praia durante o período de banhos. Com efeito, estes sistemas foram pouco depois montados nas praias da Trafaria e de Albufeira.
No ano seguinte à data daquele Relatório, foram ainda montados 120 postos de praia que dispunham de duas bóias grandes, duas bóias pequenas com uma retenida de 25 metros, dois cintos de salvação, uma retenida de 100 metros e um quadro explicativo dos primeiros socorros a prestar aos náufragos. Estes equipamentos, e o característico quadro que os acompanhava, passou a ser um dos aspectos mais típicos dos portos e praias portuguesas.
Estes postos ficavam à guarda e cuidado do banheiro que prestava serviço na praia, tornando-se à época uma figura muito característica e estimada pelos banhistas.
Em 1905 foi publicado o manual de “Primeiros socorros a prestar aos afogados”.
O sistema de vigilância nas praias foi estruturando-se à medida que aumentava a afluência aos banhos, alargou-se progressivamente a quase todas as praias da costa portuguesa e passou a fixar a própria época balnear. A partir de 1940, passou ainda a ser complementada pela vigilância do cabo de mar.
No âmbito das Comemorações dos 900 Anos da Carta de Foral a Ponte de Lima, foi inaugurada esta sexta-feira, a Estátua de D. Afonso Henriques.
Afonso Henriques foi a figura mais importante na afirmação da nacionalidade portuguesa. Primeiro Rei de Portugal, cognominado “o Conquistador”, teve um longo reinado no século XII, durante o qual o reino português se tornou definitivamente independente do Reino de Leão, independência essa reconhecida com o Tratado de Zamora, em 1143, e mais tarde confirmada pela bula pontifícia Manifestus Probatum, de 1179.
A sua ligação a Ponte de Lima está historicamente comprovada na assinatura do Foral da fundação da Vila atribuído pela sua mãe, a Rainha D. Teresa, mas também na amizade entre D. Teresa e D. Henrique com D. Afonso Ancemondes, senhor de Refoios, que vivia junto à Torre, em Refoios.
No discurso oficial, o Presidente da Câmara Municipal de Ponte de Lima, Eng.º Vasco Ferraz, considerou que "É com grande gáudio e satisfação que nos encontramos aqui hoje, em plenas celebrações dos 900 Anos da Fundação de Ponte de Lima, para, num momento tão simbólico, inaugurar o monumento de homenagem a Afonso Henriques, figura incontornável da nossa História, personagem inspiradora e fundadora. Fundadora como a sua mãe também foi fundadora. A Rainha D. Teresa para nós, os limianos, pelo seu gesto de 4 de Março de 1125. O Rei Afonso Henriques, já não só para os limianos, mas para todos os portugueses.
Foi Afonso Henriques uma daquelas personalidades brilhantes que despontou na aurora da nossa nação, contribuindo, como nenhuma outra, para a formação do país. De um país que os seus sucessores levaram depois, na sua época mais gloriosa, até aos confins da Terra."
A escultura em bronze, de matriz clássica, foi executada pelo escultor Elías Cochón Rei a partir de um projeto conceptual da designer limiana Joana Silva.
A escultura representa D. Afonso Henriques na idade adulta, com a cabeça adornada por uma coroa volumosa, cravada a pedras preciosas, envergando uma loriga de malha metálica sobre uma túnica e um manto até aos pés. As mãos calçadas por luvas seguram o escudo, em formato amendoado com a representação das Quinas e uma cruz de braços largos, e uma robusta espada de cavaleiro com pomo discoide com a representação de uma cruz. Mede 3 metros e será implantada sobre base de granito.
O município de Ponte de Lima inaugura esta sexta-feira 13 de Junho, pelas 17, 00 h na praça adjacente á EXPOLIMA (Parque de Exposições do Concelho), integrado na comemoração dos 900 anos da fundação da vila, uma estátua ao nosso primeiro Rei e filho da fundadora do então pequeno concelho, hoje freguesia de Arca e Ponte de Lima, pois a configuração com 51 freguesias, reduzido a 39 com a última reforma administrativa, só ocorreu em 1867.
Um escultura com três metros de altura representado o Fundador de Portugal, nascido em Guimarães? em 1109 e falecido em Coimbra a 6 de Dezembro de 1185, onde está sepultado no Mosteiro de Santa Cruz do qual foi fundador será descerrada junto dos limites do couto teresiano e lembrando a sua relação com a génese do Termo de Ponte de Lima e o “condado” de Refóios de Lima.
A obra foi adjudicada a um escultor galego, mas cujos trabalhos ou participações em mostras artísticas vão muito além de Espanha, de Madrid e de Barcelona. Eliás Cochón Rei, residente em Vilagarcia de Arousa, Pontevedra, tem obra ou colaboração, ou mostra de seu talento artístico em vários países como Itália (Singapura), Japão (Tóquio e Kioto), Suécia (Lapónia) e Alemanha (Berlim), por exemplo.
Depois de Zamora, Espanha, onde foi armando cavaleiro com apenas 14 anos e inaugurada uma estátua ao Conquistador em 2023, será a capital da Ribeira Lima a dedicar-lhe alma e coração pelo seu envolvimento nas primícias do Limianismo, na presidência municipal de Vasco Ferraz.
Sobre D. Afonso Henriques e Ponte de Lima eis aqui umas notas: se a mãe na sua menoridade fez do lugar de Ponte a vila de Ponte (de Lima) ao outorgar no seu território nesta Galiza do Sul o foral aos 4 de Março de 1125, também o filho contribuiu para o que é hoje o território Pontelimês, como seguidamente justificamos:
Em 15 de Maio de 1128, o nosso chefe da monarquia portuguesa, doou a Mendo Afonso , filho de Afonso Ancemondes, seu colega de armas e testemunha na fundação do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra em 1131 o “condado” de Refóios de Lima. Este Rico – Homem de Entre Lima e Mondego, esse Condado Portucalense, viria a doar em 1154 juntamente com o herdeiro e mais família, ao Prior e frades a Igreja depois Mosteiro de Santa Maria de Refóios de Lima, conforme pergaminho publicado em 1848 pelo investigador Diogo Kopke, depois recolhido na Torre do Tombo (Cota Cartório De Refóios de Lima, Maço 1 e Documento 1).
Ainda quatro anos antes, no verão de 1150, D. Afonso Henriques concedia carta de couto ao mosteiro refóiense, o que nos permite concluir que o espaço político, religioso, militar e agrário nos alvores da Portugalidade, centrava-se entre Ponte de Lima (Refóios), Guimarães e Coimbra. Este período da nossa História local e nacional, merece uma reflexão mais profunda e análise documental rígida, pelo que deveria ser equacionada uma conferência, onde o nosso amigo e conterrâneo António Matos Reis poderá explanar sobre o tema, na sequência de o ter abordado em seus estudos académicos.
A terminar, porque estamos limitados de espaço, mais uma achega para integrar D. Afonso Henriques nos alvores da nossa terra. Oito anos antes da atribuição do foral, isto é pelo ano de 1117 o futuro concelho de Ponte de Lima era governado ou administrado pelo cunhado do nosso primeiro rei: D. Sancho Nunes, casado com a Infanta D. Sancha (Henriques) referido na documentação mais antiga dos primórdios do povoado Limiano como do “… imperante terra de Ponte Sancio Nunes, como refere por exemplo Alexandre Herculano na sua História de Portugal, volume I, págs 290, com primeira edição em 1846, a segunda em 1853, a terceira uma dezena de anos depois…
Pergaminho - Doação da Igreja de Refóios de Lima em 1154 por Afonso Ancemondes, filho Mendo Afonso e mais familiares ao Prior
O Município de Ponte de Lima, no âmbito das Comemorações dos 900 Anos da Carta de Foral a Ponte de Lima, inaugura a Estátua de D. Afonso Henriques, a 13 de junho, às 17h00, na Expolima.
Em 1124, um ano antes da Carta de Foral a Ponte de Lima, D. Teresa e D. Afonso Henriques, doam a Mendo Afonso um condado em Refoios do Lima, onde vai ser fundado o Mosteiro de Santa Maria de Refoios, a favor do qual, mais tarde, o Rei confirmará o privilégio de couto. Ele esteve então também na génese da criação do Mosteiro de Santa Maria de Refoios do Lima, a mais relevante casa religiosa do vale do Lima, que foi crescendo ao longo dos séculos, materializando-se num imponente edifício, ainda hoje tão dinâmico e ativo, como podemos apreciar nas vidas da Paróquia de Refoios do Lima e na da Escola Superior Agrária.
A Lenda da Cabração e a Lenda do Rego do Azal narram eventos imaginários e fabulosos que por aqui se terão passado e em que Afonso Henriques assumiu o papel de protagonista.
A escultura em bronze, de matriz clássica, foi executada pelo escultor Elías Cochón Rei a partir de um projeto conceptual de Joana Silva. Representa D. Afonso Henriques na idade adulta, com a cabeça adornada por uma coroa volumosa, cravada a pedras preciosas, envergando uma loriga de malha metálica sobre uma túnica e um manto até aos pés. As mãos calçadas por luvas seguram o escudo, em formato amendoado com a representação das Quinas e uma cruz de braços largos, e uma robusta espada de cavaleiro com pomo discoide com a representação de uma cruz. Mede 3 metros e será implantada sobre base de granito.
Barcelos volta a vestir-se a rigor com trajes de época, aromas de especiarias e o som dos trovadores para acolher mais uma edição da sua emblemática Feira Medieval, que decorrerá entre quinta-feira, 12 de junho, e domingo, 15 de junho de 2025, no Centro Histórico da cidade.
Sob o lema “Dom Nuno Álvares Pereira, 7.º Conde de Barcelos”, o evento, que já conquistou um lugar de destaque no panorama das recriações históricas em Portugal, promete uma programação ainda mais envolvente. Com início oficial marcado para quinta-feira, 12 de junho, às 18h00, na Avenida da Liberdade, a cerimónia de inauguração contará com a participação de figurantes, nobres e músicos, dando o mote para quatro dias de intensa animação.
Durante o certame, o Centro Histórico será palco de:teatro e torneios medievais; cortejos régios e populares; mercado medieval com artesãos ao vivo; espetáculos de fogo, danças e música antiga; tabernas com iguarias da época.
Com entrada livre, a Feira Medieval de Barcelos pretende proporcionar uma autêntica experiência imersiva a visitantes de todas as idades, promovendo simultaneamente o património histórico local e o dinamismo cultural do concelho.
Durante o evento, haverá condicionamentos e cortes de trânsito no Largo D. António Barroso, na Rua Joaquim Gaiolas e na Rua Faria Barbosa (acesso ao Jardim das Barrocas) e, na linha TUBA U1, serão suprimidas as paragens: Tribunal, Câmara e Barcelinhos Centro.
Este evento é uma iniciativa conjunta da Câmara Municipal de Barcelos e Associação Burgo Divertido, e envolve centenas de participantes locais, incluindo associações culturais, escolas e voluntários, num verdadeiro esforço comunitário de valorização da memória e identidade do território.
Mosteiro de Sanfins Acolhe Encontro Galaico -Minhoto a 7 e 8 de junho
O emblemático Mosteiro de Sanfins, em Valença, será palco de mais uma edição do Sanfins Medieval – Encontro Galaico-Minhoto, nos dias 7 e 8 de junho. Dois dias intensos, dedicados à celebração da cultura, gastronomia e tradições da raia minhota, num ambiente histórico e natural de rara beleza.
Entre os destaques do evento, a imperdível Ceia do Couto promete ser um dos momentos altos. O protagonista à mesa será, como manda a tradição, o cordeiro assado em forno a lenha, acompanhado do típico arroz do pingo em alguidar de barro, além das irresistíveis empanadas galegas e dos vinhos verdes da região.
Arte, Música e Património
A programação arranca no sábado com atividades culturais diversificadas: atelier de pintura no claustro, exposição de arte “Retrospetiva – 12 anos”, visitas guiadas ao mosteiro, canto na capela, explorando a acústica excecional da igreja, e ainda a envolvente serenata Coimbrã Poesia, culminando com a tradicional e mística Queimada Galega.
No domingo, o destaque vai para a gastronomia da raia e a música popular galaico-minhota, com atuações dos Luar do Minho, de Valença, e da banda Konfusión Band, de Tui. O evento encerra com o simbólico Retiro dos Frades, uma confraternização gastronómica entre todos os participantes.
Programa
Sábado, 7 de junho
15h00 – Pintores no Claustro
Exposição “Retrospetiva – 12 anos”
Música ambiente
19h00 – Visita Guiada
20h00 – Canto na Capela
20h30 – Ceia tradicional com empanadas e cordeiro
22h00 – Serenata Coimbrã Poesia
22h00 – Queimada Galega
Domingo, 8 de junho
11h00 – Música ambient
Exposição “Retrospetiva – 12 anos”
12h00 – Almoço com sabores da raia
15h00 – Festival de Música: Luar do Minho e Konfusión Band
18h00 – Retiro dos Frades
Inscrições para a ceia do couto
A participação na ceia requer inscrição prévia junto da empresa Congeval, no Mercado Municipal de Valença (Tel. 251 823 068) ou da Luar do Minho (Tel. 965 405 545).
O Sanfins Medieval – Encontro Galaico-Minhoto é uma iniciativa da Associação Cultural e Artística Luar do Minho, com o apoio da Câmara Municipal de Valença e da União de Freguesias de Gondomil e Sanfins