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O Bar e Restaurante Glória tornou-se ponto de encontro dos apreciadores da culinária luso-brasileira e parada obrigatória para os trabalhadores locais que ali circulam no horário de almoço à espera de uma boa refeição, o que agrada aos cariocas devido ao toque gastronómico da cozinha portuguesa.
O tradicional estabelecimento é liderado pelo comerciante português de 75 anos, Domingos Cunha, nascido em Póvoa de Lanhoso, em Braga. Ele chegou ao Rio de Janeiro aos 14 anos durante o Regime Militar de 1964. Nos anos 1980, tornou-se sócio do Bar e Restaurante Glória, fundado em 1945, onde fez questão de manter a simplicidade aliada à qualidade dos pratos servidos desde a fundação, o que despertou a atenção de “influencers”.
É o caso de Diego Costa, criador do canal Comida Federal no YouTube, que mostra o dia a dia gastronómico dos bares e restaurantes que visita. Recentemente, ele foi ao Glória para almoçar e aproveitou para gravar um vídeo.
“Quase 80 anos de tradição vendendo os melhores PFs (Pratos Feitos) aqui no Centro do Rio de Janeiro”, enalteceu o influencer, que havia experimentado nhoque de aipim com carne assada.
“Combinação perfeita”, observou Costa após algumas garfadas. Em seguida, ainda durante a refeição, revelou: “O meu arrependimento é trabalhar aproximadamente dez anos próximo do local e não ter comido isso aqui antes”.
Costa assinalou que, “geralmente, o prato do dia custa aproximadamente R$ 33,00 (cerca de 5,50 Euros)”. Contou que já havia experimentado outros pratos, inclusive a feijoada. Após o almoço, escolheu a sobremesa, banana flambada com sorvete – ou gelado, já tradicional entre os frequentadores do local.
“É feito na hora e o cliente vê enquanto espera”, disse.
“Um restaurante para resistir quase 80 anos aqui no Centro do Rio de Janeiro”, observou Costa, é prova de “resiliência”, pois permaneceu “aberto durante todo esse tempo, passar pela pandemia, principalmente nessa rua onde está localizado”.
Em seguida, Costa referiu que “80% dos comércios foram embora. Eu sei, porque trabalho próximo e vi quando os comerciantes perderam os seus negócios”.
Foto: Agência Incomparáveis
No seguimento de encontros no passado Sábado em Viana do Castelo, no âmbito de recolha e recriação de receitas históricas para a nossa Academia do Bacalhau de Bruxelas, retomamos após meses, o assunto. Desta vez foi o reunir da informação condensada e discutir uma data para o teste do – Bacalhau à Margarida da Praça – um ícone da gastronomia vianense nas décadas de sessenta e setenta do século passado.
A discussão para apresentar publicamente o prato da capital do Alto Minho envolveu o Presidente do município, Luís Nobre, o antecessor e ex-Secretário de Estado do Mar, José Maria Costa e o Comandante Lomba da Costa, do elenco directivo da Fundação Gil Eanes, o navio-hospital de apoio á frota bacalhoeira no Atlântico.
Todavia, o grupo de comensais deverá integrar outros amantes da boa culinária vianense, também membros da Confraria Gastronómica do Bacalhau de Viana do Castelo, actualmente em constituição, como Maria José Guerreiro, antiga vereadora da cultura e Rui Viana, director da Biblioteca Municipal.
Embora já existente no dealbar da década de quarenta, pois encontramos um documento de venda de quota em 1944, o “Margarida da Praça” atingiu a fama com a iguaria cerca de uma a duas dezenas de anos mais tarde. O testemunho encontramo-lo por exemplo em 1965, com o escritor Pontelimense Conde d´Aurora (1896-1969) no seu livro Caminho Português a Santiago de Compostela, do qual respigamos da página 86 “(…)
No tardoz do velho tasco da Margarida da Praça onde no tempo dela (ainda foi o meu ! ) abades e caciques limianos abancavam à mesa redonda , a comer o melhor bacalhau do mundo …”.
E, quanto à receita, há variantes, pois nem sempre a patroa – cozinheira Margarida era quem confecionava o manjar, registamos informações verbais. Mas, de acordo com a Associação dos Cozinheiros Profissionais de Portugal, eis o modo de preparação:
- Um lombo (6 pessoas) de bacalhau bem demolhado assado na brasa ou na chapa, pois fica igualmente bem. Põe-se um tacho com água a ferver onde se dá uma pequeníssima fervura ao bacalhau.
Entretanto faz-se uma cebolada abundante e muito fininha (3 cebolas grandes, alho picado e pimenta) com bastante azeite (5 dl), que se deita por cima do bacalhau, depois de ele já estar colocado na travessa que vai á mesa, sendo o fundo desta, primeiramente coberto de batata cozida, cortada ás rodelas grossas. Devem ser cozidas na hora para que tudo esteja bem quente.
A equipa de cozinha para o teste do Bacalhau á Margarida da Praça, integra colegas do nosso Clube de Gastronomia de Ponte de Lima: os Chefs João Carlos Pereira, do Hotel Dona Aninhas (ex-Viana Sol) e Domingos Gomes, do Restaurante Rio Lima, em Cardielos, Viana do Castelo, juntamente com os Limianos, João Leonardo Matos, de Arcozelo, e Paulo Santos, da Casa de São Sebastião, em S. Pedro de Arcos.
Por esta altura, muitos são os estrangeiros que nos visitam e, entre eles, os ingleses que possuem a particularidade de a fazerem acompanhar com batata frita, causando frequente estranheza entre nós. Sucede que, o “fish and chips” ou seja, peixe frito com batatas fritas, atualmente bastante popular na Grã-Bretanha.
Curiosamente, esta especialidade que causa grande estranheza aos portugueses, sobretudo na região do Algarve, teve a sua origem na culinária portuguesa, levada para a Inglaterra e a Holanda pelos judeus portugueses, dando mais tarde origem à tempura que constitui uma das especialidades gastronómicas mais afamadas do Japão.
Este fim-de-semana, dias 7 e 8 de junho, a Rua dos Pescadores, em Castelo do Neiva, é palco da Mostra Gastronómica – Produtos do Mar.
Este sábado, às 12h00, inaugura a mostra gastronómica. Pelas 16h00, Metasonora garante a animação e, às 22h00, a noite conta com um DJ.
No domingo, a mostra também arranca pelas 12h00 e, às 15h00, há arruada de bombos, seguida da atuação de XORNAS, às 16h00.
A freguesia de Castelo do Neiva é terra de rio e de mar e conta com uma forte comunidade piscatória. O trabalho das gentes do mar é, ainda hoje, muito relevante para a economia local e para a divulgação da sua gastronomia muito ligada aos produtos endógenos.
A comunidade piscatória expressiva contribui de forma decisiva para a gastronomia local, que tem por base os peixes frescos, o marisco, o polvo e os ouriços do mar.
Castelo do Neiva é terra com história e tradição, com uma costa das mais ricas do país em iodo e com uma gastronomia de excelência, sendo a mesma virada para os peixes e mariscos, da costa, mas sem esquecer a carne resultante da agricultura tradicional.
Uma das maiores feiras de artesanato e gastronomia, com mais de 150 stands, decorre em Celorico de Basto de 13 a 17 de agosto, a Feira de Artesanato, Gastronomia e Mostra de Vinhos. As inscrições para participar nesta feira estão abertas e decorrem até ao final deste mês de junho.
Este certame, que tem vindo a afirmar-se como um dos principais eventos do concelho, procura valorizar o artesanato tradicional, promover a gastronomia típica da região, destacar o vinho verde de excelência do concelho e reforçar o papel do turismo cultural e económico no desenvolvimento do território.
A inscrição para stands é feita através de formulário online disponível no site oficial da autarquia (www.mun-celoricodebasto.pt), durante o mês de junho. A seleção dos participantes é da responsabilidade da organização, que se reserva o direito de rejeitar candidaturas que não se enquadrem no âmbito e nos objetivos do evento.
A participação exige consulta das normas que regulamentam esta XXVI Feira de Artesanato e Gastronomia, disponíveis no mesmo site e que deverão ser criteriosamente respeitadas.
Para mais informações, os interessados poderão contactar os serviços municipais através do telefone 255 320 300 ou do endereço eletrónico cultura@mun-celoricodebasto.pt.
Um encontro de amigos, colegas do nosso Clube de Gastronomia de Ponte de Lima e da Confraria dos Vinhos de Portugal na Bélgica – Ordem de S. Vicente, reuniu para celebrar a classificação do Sarrabulho à Moda de Ponte de Lima como ETG (Especialidade Tradicional Garantida) por Bruxelas, garantindo assim a autenticidade dum produto turístico que atrai multidões a Ponte de Lima.
A escolha do local – Diamante Azul – teve por base o provar dum Sarrabulho light, pois o patrão – Chef natural da Correlhã, limites com a sede do concelho, seguiu a receita ancestral de família e das antigas e conhecedoras cozinheiras da iguaria, pois ficou reconhecido há anos que é nessa localidade onde o prato típico Limiano é “mais completo, rico, e acompanhado de costela do porco sob o arroz”, recorde-se.
Por outro lado, os comensais desejaram efectuar um teste da receita sintetizada e aprovada pela entidade máxima da Europa no sector agroalimentar, sem acompanhamento de castanhas e fígado nas miudezas, de forma a aligeirar o acepipe agora consumido durante todo o ano na capital da Ribeira Lima.
Mas, convém recordar algum trajecto até a ementa receber um selo de garantia e autenticidade decorreram dez anos; depois de uma primeira fase de recolha histórica por parte do saudoso Francisco Sampaio, Presidente da extinta Região de Turismo do Alto Minho, Franclim Castro e Sousa e o autor destas linhas que já em 1995 apresentou no Congresso Nacional de Gastronomia em Santarém, uma comunicação sobre o Arroz de Sarrabulho de Ponte de Lima, e posteriormente um estudo académico da mesma temática. Após esse calendário, seguiu-se a fundação da Confraria Gastronómica em 2006, e em 2023 Nuno Vieira de Brito, docente da Escola Superior Agrária de Ponte de Lima em parceria com o município, elaborou o processo técnico a enviar á Comissão Europeia.
Já neste percurso final acompanhamos a sua avaliação em Bruxelas (fotografia) juntamente com o amigo Victor Alves Gomes, Administrador no Conselho Europeu de Investigação, completou-se mais informação solicitada e surgiu então o resultado do exame: publicação no Jornal Oficial das Comunidades Europeias em 21 de janeiro deste ano do documento:
Commission Implementing Regulation (EU) 2025/98 of 14 January 2025 on the registration of the traditional speciality guaranteed Arroz de Sarrabulho à moda de Ponte de Lima (TSG) in the Union register of traditional specialities guaranteed pursuant to Regulation (EU) 2024/1143 of the European Parliament and of the Council
C/2025/252
OJ L, 2025/98, 21.1.2025, ELI: http://data.europa.eu/eli/reg_impl/2025/98/oj
Portanto, urge agora cumprir a disposição comunitária após o acto de registo e documento único e certificado elaborados, e a sua fiscalização, isto é efectuar as auditorias pelos profissionais competentes e relatórios conexos.
Entretanto, voltamos a pronunciar: haja bom Sarrabulho em Ponte de Lima, pelas suas origens remotas e cozinheiras de mérito, para além de novos seguidores que conhecemos, principalmente jovens: João Pedro Coelho, de Fornelos, eleito cozinheiro de ouro 2025 na Suíça, e João Leonardo Matos, com acrisolada dedicação á arte.
Encontro na Direção Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural, Bruxelas
Este fim-de-semana, dias 7 e 8 de junho, a Rua dos Pescadores, em Castelo do Neiva, é palco da Mostra Gastronómica – Produtos do Mar.
Este sábado, às 12h00, inaugura a mostra gastronómica. Pelas 16h00, Metasonora garante a animação e, às 22h00, a noite conta com um DJ.
No domingo, a mostra também arranca pelas 12h00 e, às 15h00, há arruada de bombos, seguida da atuação de XORNAS, às 16h00.
A freguesia de Castelo do Neiva é terra de rio e de mar e conta com uma forte comunidade piscatória. O trabalho das gentes do mar é, ainda hoje, muito relevante para a economia local e para a divulgação da sua gastronomia muito ligada aos produtos endógenos.
A comunidade piscatória expressiva contribui de forma decisiva para a gastronomia local, que tem por base os peixes frescos, o marisco, o polvo e os ouriços do mar.
Castelo do Neiva é terra com história e tradição, com uma costa das mais ricas do país em iodo e com uma gastronomia de excelência, sendo a mesma virada para os peixes e mariscos, da costa, mas sem esquecer a carne resultante da agricultura tradicional.
António Feijó aos 37 anos (Colecção do Autor)
Regressamos hoje com mais umas linhas sobre aspectos da vida social de António Feijó aquando diplomata, funções que exerceu desde 1896 com a sua transferência do Brasil, para a Suécia, mas cuja actividade como já informamos era extensiva á Noruega e Dinamarca. Por tal motivo, sabemos da existência de documentação do nosso ilustre conterrâneo em arquivos públicos desses dois países, alguma da qual iremos ocupar-nos em próximas crónicas.
Para o espaço de hoje, contentamos os nossos amigos leitores com respido de missivas enviadas de Estocolmo e Copenhaga pelo nosso representante nos reinados de D. Carlos e D. Manuel II, e posteriormente já no regime republicano.
Eis então a síntese das cartas, extraídas da colecção anotada pelo seu descendente Rui Feijó, edição em dois volumes da INCM em 2004:
1891, 20 de Agosto – enviada de Estocolmo a solicita ao amigo Luís de Magalhães algumas “caixas de vinho muito bom, mas não muito caro … por intermédio do Burmester..”, pois salienta a saudade de beber o precioso néctar. Aquele exportador inglês, cuja fundação empresarial remonta a 1750 na capital londrina, era uma referência no produto, e isso salientamos no Jantarinho luso – sueco e á António Feijó, a 16 de Maio último em Estocolmo, com o Burmester á mesa, uma recriação histórica concebida pelos amigos Chef Domingos Gomes e Chefinho João Leonardo Matos.
1891, 15 de Setembro – também expedida da capital sueca, Feijó encomenda 4 dúzias de garrafas de vinho do Porto, seco, de 500 réis, e mais uma dúzia de garrafas, de 200, 300… réis , “para oferecer como amostras a diferentes negociantes”.
1896, (?) Dezembro – propõe ementa para jantar em casa do amigo Luís de Magalhães, na Maia, um “bom prato de bacalhau de congregados, e grelos, muitos grelos, que é uma coisa que só há em Portugal”.
1896, 28 de Novembro – refere a concessão de poderes recebidos de Lisboa para assinar Convenção Comercial com a Dinamarca. Um dos efeitos deste e outros documentos posteriores foi facilitar a importação de Vinho do Porto, nomeadamente com acordo nas taxas alfandegárias.
1901, 20 de Julho – Decreto de nomeação de Enviado Especial e Ministro Plenipotenciário junto das Cortes de Estocolmo e Copenhaga. No exercício do cargo, Feijó conseguiu por exemplo, o aumento de trocas comerciais com Portugal, onde vinhos, madeiras, aço e outros produtos constavam das pautas.
O evento, que acontece na Rua dos Pescadores, inclui folclore, animação musical e a típica gastronomia da freguesia.
A freguesia de Castelo do Neiva é terra de rio e de mar e conta com uma forte comunidade piscatória. O trabalho das gentes do mar é, ainda hoje, muito relevante para a economia local e para a divulgação da sua gastronomia muito ligada aos produtos endógenos.
A comunidade piscatória expressiva contribui de forma decisiva para a gastronomia local, que tem por base os peixes frescos, o marisco, o polvo e os ouriços do mar.
Castelo do Neiva é terra com história e tradição, com uma costa das mais ricas do país em iodo e com uma gastronomia de excelência, sendo a mesma virada para os peixes e mariscos, da costa, mas sem esquecer a carne resultante da agricultura tradicional.
Com o tempo quente que se tem feito sentir, e com o apetite mais diversificado de paladares desejado por alguns elementos do nosso Clube de Gastronomia de Ponte de Lima, surgiu uma nova lambarice: o seu nome é - Ás Terças (Feiras) – porque esse é o dia habitual da tertúlia do grupo promotor da cozinha regional minhota, Pontelimesa em especial, pelo país e estrangeiro.
Então após o teste, a aclamação: foi um reunir de experiências ou de sugestões, a partir da Fritada de ovos e chouriça de carne, um acepipe predilecto de Eça de Queirós e António Feijó, como relatam em seus escritos, entretém alimentar esse que o Chef Domingos Gomes e Chefinho João Leonardo Matos são exímios em cozinhar, e o Chef Paulo Santos, acrescenta outros miminhos gostosos…
Mas, desse e de outros testes, provas, ou motivos de tertuliar, o Chef patrão do local da conversa, Filipe Morgado, pensou, estudou e melhorou: surgiu então Ás Terças (Feiras), e porque hoje é Terça, expliquemos em que consiste a iguaria.
Trata-se de um mix de carnes grelhadas, recordamos com base na Fritada de ovos queirosiana, acrescentada de muito mais substância: bife de carne de vaca traçado, alheira e morcela da Arte dos Sabores com sede em Sá, Ponte de Lima; depois, junta-se mais umas carninhas e presunto laminado, com cama de alface, rodelas de tomate e limão, mais de pepino e pedaços de abacaxi; completa-se tudo com fatias de queijo amanteigado e serve-se numa paelheira, esse grande tacho para cozinhar a especialidade espanhola, agora usado para paelhar o pitéu –Ás Terças (Feiras) – na rotunda da Feitosa, ás portas da vila de Ponte de Lima.
Capotilha do Vale do Cávado (Foto: Abel Cunha) / Capa madeirense (Foto: Carlos Gomes)
O povoamento do arquipélado da Madeira a partir da sua descoberta em 1419 foi realizada sobretudo por gente oriunda do Minho. E, entre os seus traços característicos, ainda podemos anotar tradições como a carne de vinha-d'alhos que constitui um dos expoentes da sua gastronomia que está sempre presente na época natalícia. E, quem sabe, a coreografia do tradicional bailinho filiar-se em danças tradicionais da região de Guimarães com muitas semelhanças com o Velho.
Também no traje encontramos surpreendentes semelhanças entre a capotilha bracarense e a capa madeirense no traje feminino.
Capotilha do Vale do Cávado (Foto: Abel Cunha) / Capa madeirense (Foto: Carlos Gomes)
“É «comum atribuir-se a proveniência algarvia aos primeiros e principais povoadores que desencadearam a ocupação da ilha», segundo, Luís de Albuquerque e Alberto Vieira, na sua obra, “O Arquipélago da Madeira no Século XV”. Segundo estes, «essa ideia filia-se na tradição, que corre no Algarve, da participação das suas gentes na gesta expansionista, e na expressão de Jerónimo Dias Leite, ‘muitos do Algarve’». Ainda mais referem que, lhes parece apressada esta concepção, «uma vez que faltam provas que a corroborem», e que numa «listagem dos primeiros povoadores referidos nos documentos e crónicas a presença nortenha é muito superior à algarvia (64% para 25%); por outro lado os registos paroquiais da freguesia da Sé, no período de 1539 a 1600, corroboram esta conclusão, uma vez que os nubentes oriundos de Braga, Viana e Porto representam metade do total; enquanto os provenientes de Faro não ultrapassam os 3%». Partindo da análise destes dados retirados destes mesmos registos (1539 e 1600), «chega-se à conclusão que metade da população não nascida na Madeira era originária do Norte do País», e que a «situação do século anterior» (século XIV) «não deve ter sido por certo diferente».
Assim, Luis de Sousa Melo, antigo Director do Arquivo Regional da Madeira, igualmente é da mesma opinião. Numa «tentativa de aproximação com base nos registos de casamento da paróquia da Sé», nas mesmas datas (1539 a 1600), foi-lhe «possível averiguar» que, para este período, «foi da província do Minho, com os distritos de Braga e Viana do Castelo, que a maioria dos recém-chegados era natural: 54,4% - muito longe dos 13,2% dos do Douro Litoral, mais ainda dos 8,3% da Estremadura, a que se seguiram os naturais das Beiras com 5%, os de Trás-os-Montes e Alto-Douro com 4,5%, depois os do Algarve com 3,7%, os do Alentejo com 2,5%, e por fim os do Ribatejo com 1,2%. (Fonte, “Presença Açoriana nos Registos Paroquiais do Funchal 1761 - 1860”).
Na realidade, o Norte de Portugal, nos séculos XIV e XV era a região do país com maior densidade populacional por um lado e por outro, esta região sempre teve uma «permanente vinculação à economia madeirense». No «reinado de D. João II» (1481 a 1495), escreve Eduardo C. N. Pereira nas Ilhas de Zargo, «os mercadores de Guimarães navegavam entre os arquipélagos dos Açores, Madeira, Continente e Flandres com naus do Porto, Vila do Conde, Viana, Azurara e Aveiro, negociando açúcares, pimenta... panos de baetilha, chapéus, linhos, etc. Guimarães era sede de um vasto termo e extensíssima comarca de 30 concelhos e chave do comércio com os concelhos interiores de Entre-Douro e Minho e Trás-os-Montes».”
O vindalho é confeccionado com carne de porco cortada aos cubos e temperada com sal e vinagre. Depois de frito, é feiro um refogado de cebola com malagueta moída, alhos, coentros, cominhos, açafrão-da-terra, tamarindo e vinagre. Depois de bem misturados estes ingredientes e bem fritos, adicionam açúcar, a carne, a marinada e água de tamarindo. É apurado num tacho fechado a fim de que o molho fique suficientemente expesso. É geralmente servido com arroz.
Esta especialidade espalhou-se para outras regiões da Índia e Paquistão onde é denominado por vindaloo. Porém, em virtude da proibição religiosa do consumo de carne de porco, esta foi substituída por carne de frango, borrego e até peixe. Em virtude da emigração indiana para o Reino Unido, também aqui o vindalho adquiriu bastante popularidade e tornou-se muito apreciado.
Também na Madeira, em virtude do povoamento do território pelos minhotos, a carne de vinha-d’alhos tornou-se um prato típico da quadra natalícia, o qual está naturalmente relacionado com a matança do porco. Aqui é feita com carne de porco que, após ser temperada com vinagre, vinho branco, alho, louro, segurelha, sal e pimenta, é deixada a marinar pelo menos durante dois dias. Depois é cozida na própria marinada e guardada. Na altura de comer, é frita com banha de porco e servida com pão frito na mesma gordura da cozedura.
A culinária minhota é apreciada nos mais diversos recantos do mundo e adaptada ao gosto dos diferentes povos.
ZUCA-TRUCA DO MINHO VIROU BRINQUINHO NA MADEIRA
AS COLEÇÕES DO MUSEU ETNOGRÁFICO DA MADEIRA | INSTRUMENTOS MUSICAIS | O BRINQUINHO
O brinquinho ou “bailhinho”, designações populares utilizadas na Madeira, é um dos instrumentos musicais tradicionais madeirenses mais divulgados, sendo a cana vieira uma das matérias-primas utilizadas na sua construção.
É um idiofone misto de concussão direta, composto por um conjunto de bonecos em pano (usualmente sete figuras, masculinas e femininas), trajando indumentária tradicional, portadores de castanholas nas costas e fitilhos, dispostos na extremidade de uma cana de roca, em duas ou mais séries circulares, de diâmetro desigual e encimado por uma destas figuras. É ornamentado, ainda, com tampas de garrafas (caricas), que também funcionam como castanholas.
Era costume, nos arraiais, para entretenimento, o povo formar rodas, tocando, cantando e dançando – os chamados brincos - termo que estará, provavelmente, relacionado com a designação deste instrumento.
Este instrumento possui um arame, o qual entra na cana, e o tocador segura no cabo imprimindo movimentos verticais, que fazem tocar as castanholas. É utilizado usualmente para marcar compasso. Sendo o seu uso mais comum entre os grupos de folclores da Região, também aparece isolado pelas mãos do povo, nos arraiais tradicionais.
Embora a sua origem seja incerta, segundo alguns autores este instrumento terá sido trazido para o arquipélago pelos primeiros colonizadores, estando a sua origem provavelmente relacionada com um instrumento que era utilizado nas Regiões do Minho e do Douro: a charola ou cana de bonecos.
BIBLIOGRAFIA
CAMACHO, Rui, TORRES, Jorge; Catálogo “Instrumentos musicais da tradição popular madeirense”, Centro de Documentação Musical Xarabanda, 2006.
Catálogo da “1ª Mostra instrumentos musicais populares: recolha, restauro, construção”, Direção Regional dos Assuntos Culturais, Câmara Municipal do Funchal, 1982.
Fonte: Museu Etnográfico da Madeira
CAVAQUINHO – O CORDOFONE ORIGINÁRIO DO MINHO – TOMA NA MADEIRA O NOME DE BRAGUINHA
Também o cavaquinho viajou para a Madeira onde tomou o nome de braguinha. Originário do Minho, que mais tarde foi amplamente introduzido na cultura popular de Braga pelos nobres biscainhos, de onde foi posteriormente levado à outras regiões, nomeadamente para a Madeira.
Este fim-de-semana, dias 7 e 8 de junho, a Rua dos Pescadores, em Castelo do Neiva, é palco da Mostra Gastronómica – Produtos do Mar.
Este sábado, às 12h00, inaugura a mostra gastronómica. Pelas 16h00, Metasonora garante a animação e, às 22h00, a noite conta com um DJ.
No domingo, a mostra também arranca pelas 12h00 e, às 15h00, há arruada de bombos, seguida da atuação de XORNAS, às 16h00.
A freguesia de Castelo do Neiva é terra de rio e de mar e conta com uma forte comunidade piscatória. O trabalho das gentes do mar é, ainda hoje, muito relevante para a economia local e para a divulgação da sua gastronomia muito ligada aos produtos endógenos.
A comunidade piscatória expressiva contribui de forma decisiva para a gastronomia local, que tem por base os peixes frescos, o marisco, o polvo e os ouriços do mar.
Castelo do Neiva é terra com história e tradição, com uma costa das mais ricas do país em iodo e com uma gastronomia de excelência, sendo a mesma virada para os peixes e mariscos, da costa, mas sem esquecer a carne resultante da agricultura tradicional.
O Clube de Gastronomia de Ponte de Lima regressa ás pesquisas históricas sobre antigas receitas na região, especialmente no seu concelho. Uma consulta a livros de receita e despesa das antigas residências de frades e de freiras, como o de Refóios de Lima, Val de Pereira em Arcozelo e de S. António na sede do concelho, poderá fornecer mais algum receituário antigo de doces e frutas.
Recorde-se, que numa primeira degustação, o Chef Filipe Morgado apresentou há semanas atrás, a Torta de Tangerina (foto), com base em tradição familiar e quiçá de origem conventual, pois Val de Pereiras era prodigiosa em pomares além de ser tradição na fidalguia local , um membro familiar, feminino, seguir a clausura. Por outro lado, sabemos da proveniência de açúcar do nordeste brasileiro nos séculos XVII e XVII descarregado no porto de Viana do Castelo, e algum dele para entrega nos conventos no âmbito do dote e ofertas isoladas para a comunidade fradesca.
Ficamos então pelo aguardar de novidades, essas outras experiências gastronómicas doceiras, a somar ás já conhecidas.
E, a recolha deverá estar total ou parcialmente concluída nos próximos três meses, pois na segunda quinzena de Agosto, Ponte de Lima e Viana do Castelo irão receber durante dias dois diplomatas interessados em conhecer o resultado, e naturalmente participar da degustação organizada pelo nosso Clube de Gastronomia de Ponte de Lima.
Decorreu, ontem, no Salão Nobre da Câmara Municipal de Esposende, a entrega de prémios da 26.ª edição da iniciativa “Março com Sabores do Mar”.
O restaurante “Varandas do Cávado”, com o prato “Caldeirada do Mar em cama de batata com crocante de cebola” venceu o 21.º concurso gastronómico “Sabores do Mar”, conquistando também a menção honrosa Qualidade do Serviço. Em segundo lugar classificou-se o restaurante “Casa Salé”, com a sugestão “Filetes de Badejo com arroz malandro de camarão da costa”, e, em terceiro, o restaurante “Dona Quina”, com o prato “Tábua de peixe com horta de Apúlia”.
Estas distinções justificam-se pela qualidade da confeção do prato, excelência dos géneros, apresentação e palato, considerou o júri do concurso presidido pelo enófilo José Silva e constituído, ainda, pelo Chefe Álvaro Costa, António Catarino e Francisco Gil.
No que se refere a menções honrosas, o restaurante “Salitra”, conquistou a distinção Acompanhamento (vinho), o restaurante & pizzeria “Siamo in Due” a relativa a Inovação e o restaurante “Rita Fangueira” a menção honrosa Preço Qualidade.
No concurso “Jovem Gastrónomo dos Sabores do Mar”, dirigido aos alunos da Escola Profissional de Esposende, foram premiadas quatro equipas. Em 1.º lugar classificou-se o grupo constituído por André Torres, Regina Tambá, Ana Carolina, Erikson Lopes e Leonardo Martins. A equipa que se classificou em 2.º lugar é formada por Rafael Soares, Érica Moreira, Fatumata Camará, Cleiton Pereira e Umo Tanzigora. Em 3.º lugar ficou a equipa formada pelos alunos Rafael Dias, Vladimila Leal, Elizete Borges e Enio Lima. Constituíram o júri deste concurso os chefes Rogério Ferreira, João Novo, Eusébio Lima e Isaque Coutinho. O 4.º lugar coube à equipa formada por Luis Barbosa, Filipe Alves, Jennifer Moreno, Ismael Pereira e Djibi Baió.
O Presidente da Câmara Municipal, Guilherme Emílio, salientou que o “Março com Sabores do Mar” constitui uma iniciativa que já se afirmou como “um momento alto do calendário gastronómico e cultural do concelho”, vincando que “mais do uma celebração dos sabores, este evento é uma homenagem viva às nossas raízes: receber bem, criar inovando e valorizar o que é nosso”.
Destacou o talento, a criatividade e a paixão dos restaurantes concelhios pela gastronomia, aliando a tradição à inovação e prestando homenagem aos produtos locais. Expressou, por isso, profundo agradecimento a todos quantos participaram no evento, desde os chefs aos produtores locais, sem esquecer os visitantes que escolheram Esposende para viver “esta fantástica experiência gastronómica”. Aos empresários da restauração e das pastelarias exprimiu reconhecimento, pela determinação, resiliência e capacidade empreendedora, determinantes na afirmação da gastronomia local, e assegurou a continuidade do apoio do Município com vista à valorização e crescimento do setor. Deixou também uma palavra de reconhecimento aos produtores locais, agricultores e pescadores, parceiros fundamentais para o sucesso do evento.
Felicitando os premiados, Guilherme Emílio referiu que “mais do que um reconhecimento, estes prémios são o símbolo da excelência, da inovação e de compromisso com a qualidade”, consubstanciando também “um estímulo para continuarmos a elevar a gastronomia de Esposende”. Talento, tradição, sustentabilidade e hospitalidade são fatores associados a este evento que o Município quer manter como linhas mestras para promover e valorizar o território concelhio, garantiu, ainda, o Presidente da Câmara Municipal
Em representação do júri do Concurso Gastronómico “Sabores do Mar”, o jornalista António Catarino notou que este certame constitui “uma marca consagrada, regista 26 anos de história graças ao inegável e entusiástico esforço dos participantes e à gradual melhoria em termos qualitativos dos pratos apresentados traduzido em criatividade e sentido de inovação, privilegiando os excelentes produtos locais”.
Sublinhando que “gastronomia é arte”, António Catarino destacou o “trabalho meritório” que o Município tem vindo a realizar neste domínio, promovendo as tradições da cozinha regional que têm por base a dieta atlântica, de que é exemplo este concurso gastronómico que, este ano, revelou “um nível mais elevado de qualidade, o que muito dificultou a tarefa do júri”. Saudou o modo profissional como os restaurantes que se submeteram ao concurso encararam o desafio e a todos felicitou, considerando que “o desafio só pode trazer mais qualidade, novas propostas e modernidade”. Exortou os restaurantes a concorrerem no próximo ano, até porque se perspetiva um novo modelo de avaliação. A terminar, felicitou o Município e agradeceu a aposta no “património inestimável que é a nossa gastronomia”.
Em representação da Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP), Cristina Mendes felicitou o Município pela realização de 26 edições do “Março com Sabores do Mar”, evento que se tem afirmado ao longo dos anos como “um bom exemplo de preservação, valorização e promoção do produto gastronomia e vinhos” da Entidade Regional TPNP. Destacou a inovação e criatividade imprimidas a cada edição, privilegiando as tradições e os produtos endógenos. Cristina Mendes expressou uma palavra de “especial apreço” aos parceiros do evento, particularmente aos profissionais da restauração, destacando o seu “esforço marcado por espírito de autenticidade e busca de excelência”. Aos galardoados dirigiu palavras de felicitação e de incentivo por “prestigiarem, cada vez mais, os sabores da nossa gastronomia”, e aos chefes de cozinha agradeceu a forma “exímia e apaixonada como tornam os sabores da nossa gastronomia tão admiráveis”.
O Município de Esposende vai voltar a celebrar os Santos Populares junto da restauração local, com a realização de mais uma edição das Festas Juninas.
Assim, ao longo de todo o mês de junho, com cerca de três dezenas de restaurantes do concelho aderentes, é possível saborear a tradicional sardinha, com a frescura e o sabor de sempre, acompanhada da batata produzida no concelho e da saborosa broa de milho, regada com os excelentes Vinhos Verdes e Cervejas Artesanais locais, não faltando na ementa o saboroso Caldo Verde. Mas as iguarias gastronómicas populares não ficam por aqui: à mesa também se serve o pimento assado na brasa, o chouriço, a fêvera no pão, as saladas coloridas e viçosas, onde não falta o tomate e a alface. Para rematar, são várias as sugestões de sobremesas e doçaria, que casam lindamente com os licores artesanais produzidos no concelho.
A iniciativa Festas Juninas surgiu em plena pandemia, com o triplo objetivo de ajudar o setor da restauração, dinamizar a economia local associada ao setor e à comunidade piscatória, preservando as tradições populares, tendo-se revelado numa aposta assertiva, registando uma crescente adesão, ano após ano. Esta iniciativa constitui uma excelente forma de dar as boas-vindas ao Verão e ao período de férias mais intenso que se avizinha, permitindo o desfrute da gastronomia local em contexto de celebração típica e popular nas vésperas dos Santos Populares: Santo António (13 de junho), São João (24 de junho) e São Pedro (29 de junho).
Esposende continua, deste modo, a elevar a sua gastronomia de excelência, onde se inserem os hortícolas do concelho como o acompanhamento mais rico e saboroso, a batata cozida, a salada de pimentos, o tradicional caldo verde, a broa, o fio de azeite, e, para rematar, as frutas da época e os doces locais.
Este evento, que já vai na sexta edição, integra o Plano de Ação para a Sustentabilidade, Crescimento e Competitividade do Turismo em Esposende 2023_2027e o Plano de Ação da Estação Náutica de Esposende 2023_2025. Pretende-se, assim, reforçar a ligação que Esposende mantém com o mar, envolvendo operadores locais, comunidade e visitantes, em linha com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU.