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BLOGUE DO MINHO

Espaço de informação e divulgação da História, Arte, Cultura, Usos e Costumes das gentes do Minho e Galiza

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PINTORA BEATRIZ LAMAS DE OLIVEIRA EXPÕE AGUARELAS NA CASA DOS CRIVOS, EM BRAGA

A galeria da Casa dos Crivos, em Braga, inaugura no próximo dia 28 de abril, pelas 17 horas, a exposição de aguarelas “Raízes Nossas” da autoria da pintora bracarense Beatriz Lamas de Oliveira. A exposição ficará patente ao público até ao dia 19 de maio. A Casa dos Crivos encontra-se situada na Rua de São Marcos.

Para além do seu aspeto estético, a pintura de Beatriz Lamas de Oliveira revela-se de grande importância como um meio de sensibilização para a defesa e preservação do património, mormente nas suas vertentes arquitetónicas e paisagísticas. Por essa razão, a arquiteta Fátima Pereira, imbuída do mesmo espírito, dedicou à obra da pintora as palavras que a seguir se reproduzem. 

“A imagem da cidade tem lugar na mente de quem percorre, permanece ou simplesmente vislumbra a cidade. É entendida como a representação mental da cidade existente em cada um. Corporiza-se pelo somatório integrado de comportamentos sociais, de construções, de expressões culturais. É o resultado da ação combinada dos seus atores, do cidadão, do turista, e do visitante.

Existem elementos arquitetónicos, com valor patrimonial ou simplesmente com valor enquanto referência identitária do espaço que formam a imagem que cada um tem da urbe. No entanto, da imagem também faz parte o encontro, a abordagem ao outro, o estar com o outro, faz parte o velhinho que pontua a rua, o pedinte que toca acordeão e que aborda, faz parte o colorido do mercado, e o pregão da vendedora. A imagem da cidade é o resultado dos factos históricos e/ou relevantes mas também de acontecimentos banais, de ações do quotidiano que marcam socialmente. É importante que imagens e representações que hoje fazem parte do nosso imaginário da urbe sejam preservadas em prol da nossa identidade. A realidade da cidade faz parte da fundação da nossa identidade, do nosso espaço de conforto.

A imagem da cidade é um capital importantíssimo para a sua competitividade. Planear, posicionar e promover a imagem da cidade é vital para a consolidação da identidade territorial, para um sentimento de pertença partilhado por todos.

A arte, na multiplicidade da sua expressão perpétua realidades, sentimentos, apropriações do espaço e da natureza humana de todos e de cada um. Tomando o espaço público como ambiente cénico vai proporcionar que imagens presentes não se percam com opções políticas, com mudanças de paradigmas sociais, culturais ou económicos. É importante que o artista tenha a capacidade de interpretar a urbe, o social e o individual, para que o perpetue. É importante que cada um de nós teça contributos para que haja uma consciencialização social do valor de determinadas imagens, para o valor de determinados conjuntos.

Vivemos uma cidade onde as opções politicas poucas as vezes se centram no património, na imagem da cidade, são deixadas ao abandono em prol de ouras intenções não estratégicas porquê se assim fossem davam relevo aquilo que no nosso século e considerado como fator de competitividade: os recursos endógenos. Acordar nos dias de hoje voltado para a realidade patrimonial, pode ser o reconhecimento de uma lacuna ou um tentar de remedeio de opções mal realizadas, ou a força de reconhecer determinados valores em prol de benesses económicas.

O artista é livre, em nome da liberdade de criação, é ilógico impor-lhe limites, mas é-lhe conferida ao mesmo tempo uma responsabilidade de estar atento e de usar essa mesma liberdade em prol de todos. Será e sempre foi da responsabilidade do artista a critica avançada a determinadas opções políticas, pela procura de uma consciencialização e uma mudança de políticas públicas. A arte interpreta a sociedade de forma interventiva e crítica, tem uma ação ética e interventiva e esta possibilidade atribui à obra um certo valor social e uma responsabilidade de intervenção.”

Arqª Fátima Pereira

A pintora é natural de Ferreiros, no Concelho de Braga. Licenciada em Medicina na Faculdade de Medicina de Lisboa, frequentou e concluiu os Cursos de Medicina Tropical no INSA e o de Saúde Publica da ENSP de Lisboa. Exerceu a profissão no Ministério da Saúde, tendo estado colocada em vários pontos do país. Mas, as artes plásticas falaram mais alto e a artista respondeu ao apelo da sua verdadeira paixão que consiste na pintura.