BANDA FILARMÓNICA DE AMARES REALIZA CONCERTO DE ANO NOVO
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Ano velho, 2023. Este ano valeram os Bombeiros Voluntários de Esposende para que a tradição não acabasse.
O prémio foi ganho pelos Bombeiros Voluntários de Esposende tendo em conta que não houve mais participantes, Os donativos recolhidos e o prémio são para a ajuda da montagem de um ginásio no quartel para os bombeiros de Esposende. Assim sendo o prémio e a iniciativa foram bem vindas pois todos os contributos são bem vindos para o melhoramento das condições dos Bombeiros Voluntários de Esposende.
Esposende reviveu uma vez mais a tradição de “botar fora o ano velho”. Pequenos grupos de cinco rapazes e raparigas, de caras enfarruscadas, percorreram ontem a vila para “botar fora o ano velho”. Quatro deles pegam à carrela do sargaço carregando nela outro que representa o ano que termina. E lá vão eles pelas ruas fora cantarolando: “bota o ano velho fora e venha o novo cá p’ra dentro. Láralá!”.
Em tempos mais recuados era costume o cortejo parar à porta das tabernas para os carregadores descansarem e molharem as goelas, oportunidade que era aproveitada pelos frequentadores do templo de Baco para lançarem os seus impropérios e lamentos. Trata-se de um ritual de origens ancestrais que nas suas origens pretendia celebrar a ação criadora dos deuses no contínuo renascimento da natureza, através de um ciclo ininterrupto da vida e da morte que possui no entrudo na “serração da velha” as manifestações mais expressivas.
Possui atualmente a tradição de “botar fora o ano velho” a forma de um concurso devidamente organizado e, este ano, os vencedores foram um grupo de homens que fazem parte da Comissão de Festas em honra de Nossa Senhora da Saúde. O prémio ofereceram-no à comissão fabriqueira da igreja para ajuda da festa.
Como manda a tradição com cerca de oitenta anos, centenas de pessoas vão amanhã, a partir das 9 horas da manhã, tomar o primeiro banho do ano na praia de Carcavelos, nos arredores de Lisboa. E, à semelhança de anos, lá estarão os Narcisos – assim designados por terem sido frequentadores do já desaparecido restaurante “O Narciso” – um grupo de minhotos com as suas concertinas a animar a festa.
Envergando os mais bizarros fatos-de-banho, os banhistas correm em conjunto pela praia em direcção às ondas, indiferentes à temperatura fria desta época de inverno.
Após o mergulho, regressam ao paredão para, em alegre convívio, deliciarem-se com fatias de bolo-rei e outras guloseimas como manda a tradição nesta quadra festiva.
Além dos intrépidos banhistas, o ritual atrai normalmente centenas de curiosos e a comunicação social que nunca perde a oportunidade de registar este convívio bizarro que anualmente se realiza às portas de Lisboa. E, não faltarão sequer os “Narcisos”, divertidos tocadores de concertina que animam a festa com os seus acordes muito ao jeito do folclore minhoto. A sua denominação evoca o saudoso café Narciso cujo ambiente permanece com saudade na memória de muitos frequentadores da praia de Carcavelos.
A 26 de janeiro de 959 o Testamento da Condessa Mumadona Dias faz a primeira referência histórica à cidade de Aveiro.
"... cum omnibus prestationibus suis terras in Alauario et Salinas que ibidem comparauimus"
A citação proveniente do Testamento da Condessa Mumadona Dias, a 26 de Janeiro de 959, marca o primeiro registo escrito do lugar de Aveiro e da prática da salicultura de que há referência até ao momento.
Uma "certidão de existência" de Aveiro sob a forma de doação de terras e de salinas que a grande condessa fez ao Mosteiro de Guimarães.
Foto: Testamento de Mumadona Dias, Torre do Tombo [ANTT, Costa Bastos n.º 40 – PT-TT-CSM06/1/40], aquando da sua apresentação na exposição "BI Aveiro. 959-2009", no âmbito das Comemorações dos 250 anos de elevação a Cidade [Janeiro de 2009].
Fonte: Museu da Cidade de Aveiro
Condessa do Condado Portucalense Mumadona Dias (Foto: Wikipédia)
A Força Aérea volta a rasgar os céus com sobrevoos pelo país para lhe desejar um feliz 2024!
Aproveitando os últimos voos de treino do ano, este domingo, dois F-16M vão percorrer Portugal Continental.
De cabeça erguida, entramos em 2024, sempre juntos, com os olhos no céu!
A voar, protegemos!
Por razões meteorológicas e operacionais, os voos poderão sofrer alterações.
Fonte: Força Aérea Portuguesa
Na sessão de 30 de Novembro de 1911 da Câmara de Deputados, o deputado Rodrigo Fontinha interveio para interpelar o Ministro do Fomento a propósito da situação de atraso que então se vivia em toda a região do Alto Minho.
Rodrigo Fernandes Fontinha era natural de Vile, no Concelho de Caminha. Foi Presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo e um dos deputados eleitos por Ponte de Lima na primeira legislatura da Câmara dos Deputados da I República.
Transcrevemos a sua intervenção:
“O Sr. Presidente:-Tendo-se o Sr. Ministro do Fomento dado por habilitado a responder â interpelação do Sr. Deputado Rodrigo Fontinha, marquei para hoje essa interpelação. Dou, portanto, a palavra ao Sr. Deputado Rodrigo Fontinha.
O Sr. Rodrigo Fontinha: - Sr. Presidente: o objecto da interpelação que anunciei é o seguinte: viação acelerada e ordinária em alguns pontos do distrito de Viana do Castelo.
Devo desde já dizer que não é meu intento tratar do assunto com aquele desenvolvimento que êle merece, porque, além de me faltar a competência, acho suficiente, na ocasião presente, chamar para êle a atenção do Grovêrno e nomeadamente a do Sr. Ministro do Fomento.
Sr. Presidente: o Alto Minho tem sido, até hoje, votado ao mais completo e condenável desprezo pelos poderes públicos.
Não falando agora na falta de escolas, que todos sabem que existe, concelhos há pessimamente servidos e alguns até quasi completamente desprovidos de telégrafo, correio, estradas, caminhos de ferro, de tudo quanto é imposto pelas exigências da vida moderna, numa palavra, em condições dum tal abandono que, dir-se-hia, não pertencerem essas terras a Portugal, mas sim a alguma parte do sertão.
Restrigindo agora as minhas considerações à questão das vias de comunicação no Alto Minho, eu permito-me chamar a atenção do Sr. Ministro do Fomento para a maneira deplorável como tem sido tratado êste ramo da fazenda nacional naquela região.
Por várias vezes se tem reclamado providencias, nesse sentido, aos poderes públicos.
Reclamaram-se no tempo da monarquia, reclamações que não deram resultado algum, porque, como toda a Câmara sabe e era natural a monarquia, em vez de procurar satisfazer os justos interesses dos povos, tratava unicamente de lhes sugar a vitalidade.
Mas já na República se tem feito diversas representações sem que se tenha feito absolutamente nada, no sentido de atender às justas reclamações daquela região, onde a população é muito densa, onde o tráfego é grande, onde o solo é fertilíssimo, onde a natureza é de uma vegetação luxuriante sem igual, onde há inúmeras quedas de água, que convêm aproveitar para as indústrias, que ali estão num estado primitivo, onde é excelente, não só em qualidade, mas também em quantidade, a produção vinícola, onde há riquezas soberbas, que estão por explorar, por não existirem os meios de transporte, quer de estradas, quer de caminhos de ferro, que não só valorizariam extraordinariamente êsses traços de terreno, mas seriam um elemento admirável para a mobilização de tropas, como creio estar cabalmente demonstrado pela última mobilização, na fronteira.
Sr. Presidente: quando se organizou o primeiro Ministério Constitucional, eu exultei de alegria e suponho que o mesmo aconteceu a todos os homens do Minho, por haver sido encarregado da pasta do Fomento, e digo-o sem espírito de lisonja, o Sr. Sidónio Paes, que, além de ser um homem de grande talento, é um minhoto, como eu, e que, como tal, conhece de vista aquela região, e saberia que não são exageradas as minhas despretenciosas considerações, em relação à viação acelerada no Alto Minho.
Foi por isso, que eu, como presidente da Câmara de Viana do Castelo, redigi uma representação na qual solicitava a atenção de S. Exa. para êste ponto de tanta importância, de tanto valor económico e até de tanto valor político, porque, a meu ver, nenhuma propaganda a favor da República, pode ser profícua senão a propaganda pelo facto, meter pelos olhos dentro àqueles campónios, simples, que, se é certo que a monarquia gastava os dinheiros públicos em manigâncias de toda a ordem, não acontece o mesmo com a República.
Nessa representação lembrava-se a S. Exa. a necessidade de que fôsse concluída a linha férrea de Valença a Monção, já construída em grande parte, com várias estações, sob pena de se retardar o desenvolvimento económico dos povos de uma região tão fértil.
Alem disso estão-se estragando duma forma deploravel as obras já feitas.
Na mesma representação aludia-se também ao projectado caminho de ferro do Alto Minho, de Braga a Guimarães, de Braga a Monção, de Viana do Castelo a Ponte da Barca e dos Arcos a Monção, caminho de ferro êsse. cuja construção foi adjudicada por concessão, em 1907, à firma Canha & Formigai que, segundo um relatório publicado há meses, tem 50:000$000 réis em depósito para garantia do contracto, e alem disso já gastou mais de 400:000$000 réis em trabalhos, estudos, material, expropriações, etc.
Também se falava na mesma representação do ramal da estação de Viana para a doca, que o Estado pode construir afoitamente, sem receio de espécie alguma, porque os resultados que daí auferirá são positivamente seguros, pois é relativamente grande o movimento principalmente de toros de pinheiro, de peixe, de vinho verde, etc., para embarque.
Também se falava na estrada distrital n.° 2, da Praia de Ancora a Lanhezes, começada há mais de vinte anos, e de que faltam apenas uns 3 quilómetros e alguns metros para ser concluída. Êsses terrenos serão muito facilmente macadamizados.
Idêntica sorte teve uma outra estrada de Ponte do Lima a Paredes de Coura, e que falta pouco para ser concluída, o que exigiria uma verba diminutíssima.
A primeira vista parece que pedir isto tudo ao mesmo tempo, é de mais, é impertinente, mas não é; tudo isto foi já reclamado por muitas vezes e já há muitos anos, e alem disso porque tais obras constituiriam um elemento admirável de riqueza para aquela região e, portanto, para todo o país.
O Ministério do Sr. João Chagas caiu, e vi com mágua sair da pasta do .Fomento o Sr. Sidónio Paes, que já tinha prometido uma viagem ao norte, para tomar conhecimento mais preciso e mais exacto destas e doutras necessidades urgentes, como sejam as obras do porto e doca de Viana do Castelo.
Isto não significa um desprimor para o actual Ministro do Fomento, pois S. Exa. é dotado de excepcionais qualidades de trabalho, tem um fundo nobilíssimo, tem um acendrado patriotismo e desejo de que todo o país progrida, sem restricções para as terras pequenas, porque a despeito de serem pequenas, e terras de província, nem por isso deixam de ser parte dêste todo chamado Pátria. (Apoiados).
E, pois, a S. Exa. que me dirijo, pedindo para que, se é possível, me esclareça sôbre os seguintes pontos:
Porque razão estão paralisadas, e até que tempo estarão paralisadas, as obras do caminho de ferro de Valença a Monção, onde estão gastos mais de 700:000$000 réis, segundo informações que tenho, despesa esta que não dá rendimento absolutamente nenhum a ninguém, e antes pelo contrário, está empatando e está obrigando o Estado ao pagamento de juros? E o que é pior é que aquilo que está feito, está-se deteriorando por uma forma lastimável?
Com relação ao caminho de ferro do Alto Minho, eu desejava ser esclarecido sôbre o seguinte:
Porque motivo, em relação á rede dos caminhos de ferro do Alto Minho, não tem sido dada solução à questão posta em 1908 pela firma adjudicatária, Ganha & Formigal?
Naturalmente responde-se-me que o que a firma agora deseja é diferente do que estava no contracto primitivo.
A tal respeito direi que é necessário atender às vantagens e desvantagens das modificaç5es que a firma agora propõe.
Desvantagem não vejo absolutamente nenhuma, porque a distância de Viana do Castelo para Ponte da Barca é sensivelmente a mesma, quer se faça o traçado pela margem direita, quer se faca o traçado pela margem esquerda, e as vantagens são grandes, porque a firma diminui o limite máximo das pendentes, o que é importante, aumenta o limite mínimo das linhas de curva, o que é também importante, reduz o prazo, de sete a cinco anos, para a construção do troço de Arcos de Valdevez a Monção, e agora propõe a construção de uma ponte em Lanhezes, para comunicar a margem esquerda com a margem direita e, alem disso, compromete-se a fazer uma estação de recreio, para o turismo, em Santa Luzia, que é um ponto formoso, e que há-de vir a ser um elemento de riqueza para aquela terra.
Por isso julgo que há tudo a lucrar com a mudança do traçado.
Desejava saber porque não se permite a essa firma a emissão de obrigações de que ela necessita para fazer essa construção, se o juro é garantido e a amortização também é assegurada?
Naturalmente respondem-me que o Código Comercial o não permite, mas exemplos dêsses temo-los frequentíssimos. Poder-me hão objectar que um êrro não justifica outro êrro.
É para obviar a isso que elaborei um projecto de lei, que vou mandar para a mesa, que vai assinado pelos Deputados do distrito, e que, a meu ver, remedeia o mal.
Parece-me que o Estado em nada se prejudicaria com a permissão da emissão das obrigações.
Desejava também saber porque não se permite a fusão das empresas de caminhos de ferro do Pôrto a Famalicão e da Trofa a Guimarães e Fafe com a do Alto Minho, fusão que já foi admitida, em princípio, em 1909, e que, a meu ver, seria de grande importância, porque, por um lado, põe de parte a inconveniência que há em haver uma linha comum entre a Trofa e Lousado, e por outro lado alarga a linha da Póvoa, que é estreitíssima, assim como, pela exploração do ramal chamado da Senhora da Hora, canalizar se há para o porto de Leixões um tráfego enorme.
Devo dizer que não tenho procuração da firma Canha & Formigal para aqui advogar a sua causa; o que desejo é que a obra se faça. Pouco importa aos Deputados pelo distrito de Viana do Castelo que seja a firma Canha & Formigal que faça a construção, que seja qualquer outra empresa, ou que seja mesmo o Estado, mas não creio que tal suceda; o que desejo é que a obra se faça, não importando nada com quem a tenha de fazer.
Porque não se autoriza também a construção do ramal da estação de Viana à doca, ramal sôbre que, me disse o Sr. engenheiro Bazílio da Silva Pinto, o Conselho Superior dos Caminhos de Ferro do Estado já tinha dado párecer favorável e cujos interesses para o Estado são seguros ?
Porque não estão ainda construídos os 3 quilómetros que faltam, da estrada a macdam da Praia de Âncora a Lanheses, tanto mais que já estão feitas expropriações no valor de 700$000 réis e ainda há na verba respectiva mais de 3:000$000 réis de saldo positivo?
Porque não se conclui também a estrada distrital n.° 1, de Caminha a Melgaço, cujos trabalhos estão completos no concelho de Caminha, quási todos em Paredes de Coura e a que falta só uma parte em Arcos de Valdevez, para depois ser levada até Melgaço?
Esta estrada é importantíssima não só pelo movimento comercial, como até pela razão de defesa do país, e por isso a sua conclusão é urgente.
Esta estrada traria para aquela região um benefício enorme, porque a poria em contacto com centros mais civilizados, os habitantes da Gavieira, Penedo, Suajo, etc., que vivem num estado quási primitivo.
É possível que o Sr. Ministro do Fomento não possa responder de pronto a todas estas perguntas, nem isso mesmo eu exigo. Basta-me que S. Exa., que é um homem de bem, me dê a sua palavra de honra de que estudará com atenção o assunto e que procurará resolvê-lo no mais curto espaço de tempo.
Terminando, peço a S. Exa., em nome dos habitantes daquela região, que, na primeira oportunidade a visite, para ver com os seus próprios olhos quanto estas reclamações são justificadas, e como isto é uma questão de justiça, porque, se não fôsse, nem uma palavra sairia da minha boca.
Mando para a mesa o meu projecto.
Tenho dito.
O Sr. Ministro do Fomento (Estevão de Vasconcelos): - Agradece ao Sr. Rodrigo Fontinha a forma gentil como se lhe dirigiu, tratando da questão sob o ponto de vista geral, e não exigindo dele, orador, uma resposta pormenorizada, ainda que se tinha prevenido com os elementos precisos para lhe dar uma resposta completa.
Começará pelas estradas.
Não há dúvida alguma de que S. Exa. tem razão em tudo o que disse. Todos os Deputados, tanto os do Alto Minho, como os do Algarve, os do Alemtejo e os da Estremadura podem dizer que as suas regiões tem sido votadas ao maior despreso por parte dos poderes públicos. Na questão de estradas, porém, é necessário que o Parlamento e o país conheçam as circunstâncias em que se encontra o Ministério do Fomento, para que não se lhe atribuam responsabilidades que sejam absolutamente injustas e descabidas.
A Câmara e o país ficarão completamente inteirada de quais são as responsabilidades que no assunto estradas podem caber ao Ministro do Fomento, desde que êle, orador, lhe leia os elementos que ainda hoje lhe foram fornecidos pela sua Secretaria.
"Sabe a Câmara qual é a verba necessária para a reparação imediata de todas as estradas que carecem de reparação? 2.000:000$000 a 3.000:000$000 réis." E sabe qual é a verba que para êsse fim está inscrita no orçamento? 600:000$000 réis. Esta verba, que só para as pequenas reparações seria insuficiente, para as grandes reparações é manifestamente insignificante.
E sabe também qual seria a verba necessária para se completar a rede da viação, tal como está estudada? 25:000 contos de réis.
E quer saber quanto para isso está inscrito no orçamento? 300 contos apenas.
É necessário que isto se diga, não só para que não pesem sôbre os seus antecessores responsabilidades que lhes não cabem, como para que todos saibam que não está na mão do Ministro mandar proceder a todas as obras, embora elas sejam indispensáveis.
Relativamente a Viana do Castelo, deve dizer que êsse distrito não é dos que tenham maior razão de queixa. Afirmou-lhe perentóriamente o Sr. Director das Obras Publicas que a reparação de estradas nesse distrito se pode considerar regular, e que no Orçamento tem inscrita a verba de dezoito contos de róis.
Para a estrada de Caminha a Melgaço, pode informar S. Exa. de que está destinada a verba de 800$000 réis.
Quanto a caminhos de ferro, a resposta é quási a mesma.
£ Porque não se conclui o caminho de ferro de Valença a Monção? Perguntou S. Exa.. Porque, segundo a informação de Conselho da Administração dos Caminhos de Ferro do Estado, que lê à Câmara, embora os trabalhos estejam muito adiantados, são ainda precisos 80:000$000 róis para os concluir. Se no fundo dos Caminhos de Ferro houvesse disponibilidades para essa construção, êle poderia estar concluído dentro de oito meses, mas as suas receitas estão hipotecadas a um empréstimo.
Para essa construção, como para outras igualmente urgentes, se fazer, era necessário contrair um grande empréstimo, mas para isso é necessário primeiro consolidar o crédito do país, o que só se conseguirá desde que todos compreendam os seus deveres e responsabilidades de bons patriotas.
Sôbre êste assunto fala desafrontadamente, porque num aviso prévio que realizou a um Ministro da monarquia sobra caminhos de ferro, disse que era necessário desenvolver a viação acelerada, porque sem isso não era possível melhorar as condições económicas do país.
O fundo especial de caminhos de ferro tem aumentado considerávelmente, mas por mais que êle aumente é materialmente impossível realizar todos os caminhos de ferro que seria necessário construir.
Referiu-se S. Exa. também à rede do Alto Minho e à respectiva concessão.
Antes de responder a S. Exa. deseja rectificar uma informação que viu publicada no jornal O Século. Efectivamente, êle, orador, foi procurado por um representante da firma concessionária dessas linhas, teve com êle uma larga conversa, mas não lhe disse o que o Século lhe atribui "que estranhava a demora que tinha havido na resolução do assunto". O que disse foi que estudaria o assunto e que procuraria resolvê-lo o mais rapidamente possível.
Foi isto o que disse, nem podia ser outra cousa, pois o contrário seria uma censura dirigida aos seus antecessores, o que êle seria incapaz de fazer, porque reconhece quanto a questão é escabrosa.
O que o conselho de administração dos caminhos de ferro diz a êste respeito é o que êle, orador, lê à Câmara.
A questão, como o Sr. Deputado Fontinha vê, não é fácil de resolver, mas se S. Exa. no projecto que mandou para a mesa o consegue, êle, orador, muito prazer terá em o votar.
O discurso será publicado na íntegra quando S. Exa. restituir as notas taqiágráficas.”
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Tal como o nome indica, as “fafeiras” eram moças do concelho de Fafe que migravam sazonalmente para a Gafanha da Nazaré, a fim de trabalharem na seca do bacalhau. A sua presença naquela freguesia do concelho de Ílhavo deixou marcas indeléveis na cultura local, mormente no seu folclore. A esse respeito e acerca das suas lides e modos de vida, transcrevemos a crónica de Gaspar Albino que é divulgada pelo Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré.
FAFEIRAS – POR GASPAR ALBINO
Era às segundas-feiras. Logo pela manhã, dirigia-me aos correios de Aveiro em busca do sempre desejado telegrama com notícias de bordo do navio, nos mares da Terra Nova.
E era com sofreguidão que regressava ao Largo do Rossio, ao escritório da empresa, para abrir o cofre em busca da cifra que me permitia descodificar o seu conteúdo. Quase todo ele incompreensível para quem não tivesse a chave.
Ficava-se a saber do tempo que tinha feito, dos pesqueiros que o barco tinha frequentado, da saúde e da doença da tripulação, das avarias e, finalmente, a quantidade de bacalhau capturado na semana com aproximada definição dos tamanhos do peixe embarcado no porão.
Os momentos que se seguiam eram comandados pela informação que chegara: alegria pela fartura; tristeza, pela míngua. Às vezes, euforia pelas somas de bons parciais; outras, a tristeza e a dúvida que as brisas (ventos fortes, em linguagem marinheira) alimentavam de maus augúrios quanto ao resultado final da safra.
Tudo isto, entretanto, era guardado com um certo secretismo, conferindo ao ritual das segundas-feiras uma atmosfera singular que, hoje, decorridos que são tantos anos, ainda recordo com emoção.
A nova safra da pesca iniciava-se sempre ainda com o bacalhau da campanha anterior em mãos.
E era certo e sabido que ninguém me largava, ao sábado, quando me deslocava à seca na Gafanha para fazer o pagamento ao pessoal.
Começava pela ti Maria Rita (como a recordo no seu corpanzil de mulherona nos seus quarenta e tais anos que não passavam pela cara de menina que, no fundo, sempre foi) com o seu "então, que tal vamos de escama?"
E, depois, era o senhor Manuel Vareta, o carpinteiro, que, mal me pressentia, lá saltava do sobrado até ao pequeno escritório, onde eu me ia desfazendo dos envelopes das semanadas das mulheres. Os nossos olhares já continham, também eles, um código. As mais das vezes, nem trocávamos palavra sobre a pesca, mas o sorriso, ou o encolher de ombros com que ele ficava para o fim do pagamento ao pessoal, era a garantia da mensagem transmitida e bem compreendida.
Legenda da foto: Perspectiva aérea das secas da Cale da Vila com os seus estendais de peixe. Em primeiro plano a "Seca do Milena", hoje à espera de ser convertida em pólo do Museu Marítimo de Ílhavo.
O Zé Catarino, o ajudante de carpinteiro, nesta questão das capturas, vinha sempre também ajudar à missa e conforme a reacção do chefe, assim era o bulir da enchó que nunca largava.
A Fátima, a filha do guarda, o Ti Augusto, era mais afoita nos seus assumidos dezoito anos que o título de segunda encarregada não conseguia disfarçar.
E lá escorregava eu com a informação que mais tranquilizasse as fafeiras que, respondendo ao seu número na folha de férias, lá se chegavam ao postigo para receberem o soldo que guardavam, de pronto, no seio, por botão entreaberto da blusa.
É que da forma como estivesse a correr a viagem muito dependia o regresso às suas terras, lá para o Minho, para Fafe e seus arredores, onde as famílias as aguardavam para as vindimas e os namorados para aprazar casamento.
Ainda sou do tempo em que o sol mandava no trabalho das secas.
Desarreigadas da sua terra, das suas famílias, as fafeiras constituíam o grosso do pessoal que nelas trabalhava.
Na seca de Lavadores, na Barra, até dispunham dum dormitório. Mas a maior parte das moças que trabalhava nas secas da Cale da Vila vivia em grupos, em acomodações disseminadas pelo povoado, paredes meias com as famílias locais e com estas muito intimamente ligadas.
A forma como se instalavam e viviam na Gafanha, longe da sua terra, fazia com que se estabelecesse uma relação muito forte com a encarregada da sua seca.
É que, pelas décadas de 50 e de 60, também neste sector, havia uma grande fidelidade à empresa de pesca em que cada grupo trabalhava. Um grupo de jovens mulheres, quase todas solteiras e casadoiras, que se comportava de forma coesa, como se de uma irmandade se tratasse, e aceitando, de forma natural, a liderança de uma colega mais experimentada nestas andanças do trabalho nas secas.
Era com esta chefe pacificamente aceite que a encarregada tudo tratava.
Eu conto.
Mal se adivinhava o final da viagem, com o carregamento de peixe a propiciar o regresso do barco, a encarregada do secadouro, trabalhadora permanente, começava a preparar tudo para a nova safra. E lá telefonava para a chefe do grupo, lá para a sua aldeia fafense, para que o grupo se prevenisse. Os carpinteiros já andavam às voltas com as "lambretas" e os carros de mão que tinham de estar reconstruídos, afinados e lubrificados. Mas para cortar a relva, reparar as mesas de secagem, lavar e pintar com cal e metabissulfito de sódio os armazéns de peixe verde, de peixe em mãos, e de peixe seco, já era necessária a primeira leva de mulheres.
E logo que chegavam se ficava a saber quem tinha casado e, por isso, permanecia na sua terra. As neófitas já tinham metido a sua "cunha" para preencher as vagas no grupo.
Era vê-las com os seus ademanes minhotos, com o seu tagarelar exuberante, com o seu praguedo nortenho tão natural.
Sentia-se que a nova safreira vivia a sua deslocação para a Gafanha como se fosse para uma festa.
Festa que, pelo que lhes tinha sido contado pelas mais batidas, sabiam ser de não horários, de muito suor, de muito esforço, mas também de agradáveis sestas quando o tempo o permitia, tudo à mistura com os seus descantes minhotos que ritmavam tanto o trabalho como o descanso.
No dia da chegada do barco, tudo aparecia vestido como se fosse para romaria.
E as fafeiras misturavam-se com as famílias da tripulação, quase deixando transparecer a mesma ânsia de quem aguarda por longos meses o reencontro de entes queridos.
O "spring" era lançado para terra e o ti Vareta mais o Zé Catarino já sabiam que fazer. Nó hábil e rápido no moitão e o barco, lentamente, aproximava-se do trapicho.
Ao longo do cais, que o guarda-fiscal não deixava que se aproximassem, as fafeiras não perdiam pitada. Especialmente as "caloiras".
A encarregada, a Ti Maria Rita, essa já não era, ao fim de tantos anos de experiência, para essas andanças. Aguardava no seu tugúrio, a que pomposamente chamava de escritório, que o contra-mestre lá fosse combinar o início da descarga.
Quantas mulheres para o porão, quantas para o convés e ao trapicho, quantas aos carros, quantas para as pilhas, quem ficava à balança, enfim: o princípio do rodopio comandado pelo bacalhau, rei e senhor.
Não era trabalho fácil este, o da descarga.
Mas a verdade é que estas mulheres do coração do Minho revelavam um espírito de corpo, de inter-ajuda, verdadeiramente excepcional.
Um dia, logo nos princípios de responsável, verificou-se que o ritmo de descarga tinha abrandado.
E o contra-mestre, velho amigo, aconselhou-me que fosse ao porão, pois era lá que estava a causa.
Lá desci de gatas, que a altura até ao convés era pouca, e lá andavam elas a atirar o peixe para a dala estendida.
Vi que não dava para mais. Mas mesmo assim lá gritei: "Amiguinhas! Só vamos sair daqui quando estiverem pesados "tantos" quintais!"
E lá do escuro, bem do extremo do porão, uma voz que nunca identifiquei saiu-se com esta que nunca mais esqueci:
"Ai o estupor do homem! Se nos chama a nós de amigas, que há-de chamar à mulher?".
Para não me verem rir, corri a subir para o convés, deixando-as no seu ritmo marcado pelas suas cantigas.
Não sei como, mas a verdade é que à hora prevista, da balança vieram-me dizer que os quintais previstos para o dia de descarga tinham sido ultrapassados.
Ainda havia peixe no porão e já se começava a lavar nas pias.
Os tempos eram de dinheiro magro e havia que começar a secar, para se começar a realizar fundos.
E apesar de o trabalho, por vezes, se iniciar às seis da manhã, a verdade é que, se o tempo o justificava, se fazia serão, a lavar nos tanques, a separar e a enfardar, por noite dentro.
O espírito da "fafeira" era esse mesmo.
O que interessava era juntar o melhor pé-de-meia possível no decurso da safra para o enxoval que todas sonhavam rico de promessas de casório futuro.
Safra que não rendesse mais um cordão de ouro não era safra nem era nada.
As horas extra eram sempre desejadas e o castigo do corpo – diziam elas – afastava vícios.
Para moças que sempre tinham vivido o campo, era de espantar como, num ápice, se adaptavam ao novo meio, às novas gentes, às novas práticas do seu trabalho.
As expressões mais cerradas do seu novo oficio eram aprendidas e usadas como de nascença.
O "tratamento" do bacalhau "seleco", que aparecia sempre que os cascos de madeira dos barcos deixavam entrar água no porão e o seu esgoto se não fazia convenientemente, para elas era canja. O lavar e salgar de novo afastava os fumos de cheiros doentios e o bacalhau ressuscitava nas mesas, como se nada se tivesse passado.
Fazer a cosmética ao "rouge" e ao "empoado" para elas era brinquedo. Pincel na mão, peixe na mesa, caldo de metabissulfito e lá se ia o vermelho ao fim de algumas horas de sol.
Escova bem esfregada na carne do bacalhau e lá desaparecia o acastanhado do pó que atirava para sortido de segunda o peixe mais especial, o grado.
Fadas de milagres, estas fafeiras.
Sentia-se que o bacalhau era a sua razão de ser e que a seca era a sua casa. O convívio que se estabelecia no trabalho era encarado como sucedâneo da família que se tinha deixado lá para o norte.
Durante todo o santo dia cantavam. Normalmente, era quando se lavava peixe que as cantigas brilhavam mais.
À solista, que sempre havia, respondia o coro. Canções de trabalho do Minho, próprias do amanho dos campos, mas que a inventiva adaptava às tarefas da seca.
E à merenda, quando se sabia que o peixe só seria recolhido lá mais para tarde, às cantigas juntava-se o bailarico dumas com outras.
Era certo e sabido. Ao fim de pouco tempo, as que não tinham deixado namoro na terra arranjavam derriço gafanhão.
E era vê-los, aos moços, ao portão, à hora do despegar, à espera da fafeira apetecida, namorada de outras falas, de outros lados.
Quando se desenhava o fim da safra, todo o mundo começava a sonhar com a festa: era o jantar da seca, para algumas com a presença do namorado e o bailarico que entrava pela noite dentro.
E depois era a despedida até que houvesse notícia de novo carregamento a chegar ao cais.
Mas quantas daquelas moças não ficaram por cá, enriquecendo, com os seus costumes, a sua cozinha, os seus cantares, as suas danças, os hábitos das nossas Gafanhas?
A conclusões bem seguras nesta matéria já terá chegado, de há muito, o Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré no seu cuidadoso levantamento das riquezas culturais da sua terra.
E por certo que só esta interpenetração de danças e cantares do Minho – mais precisamente da região de Fafe – daria para um trabalho de grande fôlego etnográfico.
Haja quem o queira fazer.
A todos nos enriqueceria.
Fonte: Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré
O Rancho Folclórico da Ribeira de Celavisa, juntamente com a Junta de Freguesia da Misericórdia, levam a efeito a 6ª edição do evento “Do Natal aos Reis” no dia 13 de janeiro de 2024, que consiste num Encontro de Cantares do Ciclo Natalício, do qual farão parte 3 grupos folclóricos, que exibirão cantares tradicionais da época.
O evento terá o seguinte horário:
16h30m - Abertura do espetáculo com sessão solene
17h00m - Atuação dos Grupos de Folclore:
O evento será realizado na Igreja de Santa Catarina, sita na Calçada do Combro, no Bairro Alto, em Lisboa.
“Não era possível levar por diante o plano, a não ser deslocando contingentes da guarda republicana ou do exército que contivessem a exaltação do povo.” – Querubim Guimarães
Na sessão de 26 de Abril de 1938 da Assembleia Nacional foi debatida a proposta de lei do povoamento florestal. Questão deveras complexa porquanto colidia com a problemática dos baldios. No referido debate interveio o deputado católico Querubim Guimarães que, a dada altura, fez alusão a Paredes de Coura receando “a exaltação do povo”.
“É de notar que as câmaras municipais e as juntas de freguesia sentem muitas vezes a necessidade de acabar com pastagens e aquisições de matos e lenhas em baldios extensos, reconhecendo que se podia dispensar esse logradouro. Mas lutam com dificuldades tremendas, por vezes, em virtude da pressão dos povos, que julgam tudo aquilo seu e muito seu. Eu conheço tuna extensão de baldios que em tempos se quis aproveitar para várias plantações e sementeiras: Paredes de Coura. A Câmara aforou vários terrenos desses e as juntas de freguesias várias, com o fundamento de não estarem demarcados os baldios municipais e paroquiais, opuseram-se a isso, para assim irem ao encontro das reclamações dos povos interessados nesse logradouro extensíssimo, demasiado extenso para as necessidades locais. Não era possível levar por diante o plano, a não ser deslocando contingentes da guarda republicana ou do exército que contivessem a exaltação do povo.”
Querubim do Vale Guimarães era natural de Coimbra, licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra. Era agricultor e exercia a profissão de advogado. Definia-se a si mesmo como católico e nacionalista. Militante da Acção Católica desde a sua fundação em 1928, integrava a ala mais radical da direita católica. Monárquico constitucionalista, Sidonista, foi eleito senador pelo círculo de Aveiro. Era ainda Presidente da Comissão Distrital de Aveiro da União Nacional. Foi deputado em diversas legislaturas entre 1935 e 1949.
A revista “Condé Nast Traveler”, na sua edição de dezembro de 2023, incluiu Guimarães na lista das mais belas pequenas cidades da Europa.
"A cidade de Guimarães, no norte, é frequentemente referida como a 'cidade berço' de Portugal, uma vez que o primeiro rei do país, Afonso Henriques, nasceu aí no início dos anos 1100. Mergulhe nesse sentido histórico no centro da cidade, classificado pela UNESCO, repleto de excelentes exemplos da arquitetura portuguesa (aqueles azulejos!) que remontam a 600 anos. E embora Guimarães possa ser um pouco maior do que as outras entradas desta lista, as suas encantadoras praças e lojas familiares proporcionam a mesma sensação que encontrará em algumas das mais pequenas aldeias de Portugal.
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