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BLOGUE DO MINHO

Espaço de informação e divulgação da História, Arte, Cultura, Usos e Costumes das gentes do Minho e Galiza

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JEAN PINA, DE SONHADOR A PROMOTOR DA SOLIDARIEDADE LUSO-FRANCESA

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  • Crónica de Daniel Bastos

Uma das marcas mais características das comunidades portuguesas é a sua dimensão empreendedora e benemérita, como corroboram os percursos de diversos compatriotas que criam empresas de sucesso e dinamizam atividades de relevo a nível económico, político, cultural e social.

Nos vários exemplos de empresários da diáspora, cada vez mais reconhecidos como uma mais-valia na promoção do país, destaca-se a trajetória do empresário português João Pina, radicado na região de Paris, um dos mais dinâmicos e beneméritos empresários portugueses em França.

Natural de Trinta, uma pequena povoação do concelho da Guarda, João Pina emigrou para França nos anos 80, com 19 anos de idade, na esteira de milhares de portugueses que procuravam na pátria gaulesa uma vida melhor. A chegada a Paris, ainda que marcada inicialmente por um conjunto de contratempos e dificuldades, como foi o caso de um acidente grave que fez com que ficasse em coma vários dias, e que concorreu para que se tornasse um zeloso devoto de Nossa Senhora de Fátima, assinalou um percurso de empresário de sucesso na área da construção civil, como é vivificado na obra biográfica assinada em 2016 por Elizabete Dente - “Jean Pina de sonhador a promotor”.

Presentemente administrador do Grupo Pina Jean, sediado nos arredores de Paris, um conjunto de seis empresas com atividades em áreas como a construção civil, limpeza e reciclagem de resíduos, que o elevam a um dos mais relevantes empresários luso-franceses, o êxito que João Pina, conhecido em terras gaulesas por Jean Pina, alcançou ao longo das últimas décadas no mundo dos negócios, tem sido reiteradamente acompanhado de uma inequívoca solidariedade em prol da comunidade portuguesa em França.

O espírito solidário de Jean Pina foi paradigmaticamente consubstanciado em novembro de 2019, quando o empresário guardense constituiu a Fundação Nova Era Jean Pina. O lema da instituição “Solidariedade em Movimento” é revelador da sua missão primacial. Mormente, dinamizar a cooperação entre França e Portugal através da promoção, apoio e desenvolvimento de projetos de solidariedade para com as pessoas mais desfavorecidas e vulneráveis, como idosos, crianças institucionalizadas e desempregados.

Foi nesta entrecho, que por exemplo, o empresário luso-francês esteve em 2018 na base do estabelecimento de protocolos entre instituições franco-portuguesas de apoio a deficientes. Ou no ano seguinte, na concretização de um protoloco de cooperação com o Centro Cultural Português em Paris do Instituto Camões com o Groupe Jeunesse SOS – M.E.C.S. Félix Faure, com vista à inserção de alunos franceses através da iniciação à língua e cultura portuguesa.

Dinamizador e patrocinador de várias atividades, e projetos de cariz sociocultural e solidário, o empresário e benemérito da comunidade em França não esquece as suas raízes, sendo que pessoalmente ou através da Fundação Nova Era Jean Pina tem sido responsável pela realização de múltiplas iniciativas na região da Guarda.

Atividades no torrão natal que ao longo dos últimos anos têm impelido o encontro de empresários guardenses em Paris, e a oferta de bens alimentares à Loja Social “Mão Amiga” e a idosos e crianças da região da Guarda. Assim como a doação de roupa, brinquedos e material para a ala de Pediatria e Oncologia do Hospital da Guarda, e a entrega de duas dezenas de bolsas de estudo a reclusos do Estabelecimento Prisional da Guarda.

Têm sido várias as ceias de Natal organizadas por Jean Pina na Guarda para as quais convida crianças institucionalizadas e idosos isolados. Ainda recentemente para mitigar as dificuldades socioeconómicas causadas pela pandemia de coronavírus, a sua fundação ofereceu cerca de meio milhar de cabazes de Natal a famílias carenciadas da cidade mais alta de Portugal.

A inesgotável generosidade de Jean Pina na região da Guarda levaram no final do ano passado a Assembleia Municipal de Celorico da Beira a aprovar um voto de louvor à fundação Nova Era e ao empresário luso-francês. Ainda nesse ano, a Assembleia de Freguesia da Guarda, Almeida e o Município de Mangualde tinham aprovado por unanimidade votos de louvor pelo trabalho de Jean Pina, méritos que tinham já concorrido em 2015 para que tivesse sido distinguido com a Medalha de Mérito Municipal da Cidade da Guarda.

Uma das figuras mais conhecidas da comunidade lusa em França, provavelmente a maior comunidade portuguesa fora de Portugal, o exemplo de vida do empresário e benemérito Jean Pina inspira-nos a máxima de Madre Teresa de Calcutá: “Eu sei que o meu trabalho é uma gota no oceano, mas sem ele o oceano seria menor”.

PAREDES DE COURA: NARCISO DA CUNHA INFORMA BERNARDINO MACHADO ACERCA DO CENTRO REPUBLICANO DE ARCOS DE VALDEVEZ

Em 2 de Outubro de 1911, um ano após a implantação da República, Narciso da Cunha informava Bernardino Machado por carta a partir de Paredes de Coura, não ter informações relativas à inauguração do Centro Republicano de Arcos de Valdevez.

Fonte: Fundação Mário Soares

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PAREDES DE COURA: BERNARDINO MACHADO - MINISTRO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS DO GOVERNO PROVISÓRIO DA PRIMEIRA REPÚBLICA EM 1910

Em Outubro de 1910, imediatamente após a implantação da República, o Governo Provisório do novo regime apresentou-se na Câmara Municipal de Lisboa. Na imagem vemos a contar da esquerda, os dirigentes republicanos Luís Filipe da Matta, Bernardino Machado, António Luís Gomes, Joaquim Teófilio Braga, Azevedo Gomes, António José de Almeida, José Relvas, Afonso Costa, à entrada dos Paços do Concelho.

Fonte: Fundação Mário Soares

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VIEIRA DO MINHO: MONÁRQUICOS REGRESSAM DO BRASIL PARA CONSPIRAREM CONTRA A REPÚBLICA

Em 16 de Julho de 1913, Justino Cruz na sua qualidade de Governador Civil de Braga, endereçou ao Ministro do Interior um ofício confidencial, enviando cópia de ofício do Administrador de Vieira do Minho de 14 de Julho de 1913, participando o regresso à Galiza de conspiradores que estavam no Brasil. O Governador Civil sugere reforço dos postos da guarda fiscal. Contém "visto" de Rodrigo Rodrigues e indicação para ser dado conhecimento ao Ministério das Finanças.

Fonte: Fundação Mário Soares

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MINHO: O QUE SÃO AS “ALMINHAS DO PURGATÓRIO”?

Alminhas: Portugal foi o único país a criar estes monumentos

Portugal é o único país do mundo que possui no seu património cultural, localizadas habitualmente à beira de caminhos rurais e em encruzilhadas, as alminhas, representações populares das almas do Purgatório que suplicam rezas e esmolas e que frequentemente surgem em microcapelinhas, padrões, nichos independentes ou incrustados em muros ou nos cantos de igrejas, painéis de azulejo ou noutras estruturas independentes. Mas uma grande parte deste património representativo da religiosidade popular portuguesa está a degradar-se crescentemente, rodeada por silvas, alvo de actos de vandalismo avulso e reflexo directo e generalizado da pressa da vida actual, do abandono das zonas rurais do país e da indiferença que predomina nas autarquias em relação aos pequenos monumentos saídos da imaginação e da devoção do povo.

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Nicho de "Alminhas do Purgatório" na Cabração, concelho de Ponte de Lima

 

"As alminhas são uma criação genuinamente portuguesa e não há sinais de haver este tipo de representação das almas do Purgatório, pedindo para os vivos se lembrarem delas para poderem purificar e "subir" até ao Céu, em mais lado nenhum do mundo a não ser em Portugal", afirma António Matias Coelho, professor de História, investigador de manifestações da cultura religiosa e popular e organizador de dois encontros nacionais sobre Atitudes perante a morte, realizados há alguns anos na Chamusca.

"No cristianismo primitivo só havia Céu e Inferno, a ideia do Purgatório só surgiu na Idade Média, quando a Igreja, na sequência do Concílio de Trento de 1563, o impõe como dogma, numa lógica de resposta católica à Reforma levada a cabo pelos protestantes. Passava assim a haver um estado intermédio para as almas das pessoas que faleciam. E em vez do dualismo do Céu, para os bons, e do Inferno, para os impuros, criou-se um estado intermédio, um local onde durante algum tempo as almas ficariam a purificar", observa o historiador, evidenciando, porém, a forma específica como em Portugal se interpretou as indicações de Trento.

Representações públicas

"É na sequência do Concílio de Trento que são criadas as Confrarias das Almas, como forma de institucionalizar a crença no Purgatório e impor a convicção de que as almas dos mortos sairiam tanto mais cedo do Purgatório quanto mais orações e esmolas fossem feitas pelos vivos. Aliás, tudo dependia dos vivos, unicamente a eles competia sufragar as almas que esperavam pela purificação", observa António Coelho. Mas, reflexo eventual de uma forma religiosa, emocional e sentimental própria, começam a surgir em Portugal, sobretudo a norte do rio Mondego, fruto de uma cristianização mais prolongada e vivida, pequenas representações das alminhas em sítios públicos com alminhas de mãos erguidas suplicando aos vivos orações e esmolas para poderem completar a purificação e libertar-se das contingências do Purgatório.

Religiosidade popular

"Há muitas alminhas em todo o país, mas sobretudo no Norte, e alguns municípios têm seguramente centenas de alminhas com alguma relevância dispersas pelo seu território.

Nas regiões do Porto e de Aveiro, e em concelhos como Arouca, Sever do Vouga, Vouzela e São Pedro do Sul, em Trás-os-Montes e por toda a Beira Interior há alminhas dispersas pelos caminhos implorando aos vivos que se lembrem delas", afirma António Matias. O investigador lamenta, no entanto, a "morte lenta" a que estão devotadas estas manifestações tão identitárias da religiosidade popular própria dos portugueses.

Refere a pressa dos tempos modernos. "As pessoas já não param para acender uma vela ou para fazer uma oração. Agora está tudo muito diferente se compararmos, por exemplo, com o século XIX, quando ainda se construíam muitas alminhas", esclarece António Matias, sublinhando que se recorda de, ainda há poucas décadas, ser comum, "a quem passasse junto às alminhas, parar, curvar-se e tirar o barrete [ou chapéu] em respeito, pôr flores, acender uma vela ou lamparina de azeite, fazer o sinal da cruz e rezar o Pai Nosso e Ave Maria, correspondente à sigla P.N.A.M., existente como relembratório junto a muitos nichos e capelinhas que apelam às rezas cristãs".

Fonte: Manuel Fernandes Vicente / https://www.publico.pt/

RECOLHA DE MONSTROS CRESCEU 244% NO CONCELHO DE CAMINHA

Num ano de pandemia como foi 2020, a recolha seletiva e de resíduos sólidos urbanos não sofreu grandes oscilações e a recolha de monstros atingiu um máximo histórico

Num ano marcado pelos impactos sanitários, económicos e sociais da pandemia, foram recolhidas quase 10 mil toneladas de resíduos sólidos urbanos no concelho de Caminha e 311 toneladas de monstros. Relativamente a 2019, a recolha de resíduos sofreu um ligeiro decréscimo de 0,3% mas a tonelagem de monstros que foram entregues pela população cresceu 244%, situando-se em valores nunca vistos. Os números tornados públicos pelo Município de Caminha têm como fonte a Valorminho que é a empresa responsável pela coleta, triagem, valorização e tratamento de resíduos urbanos no vale do Minho, tendo acionistas privados e os próprios Municípios da região.

Para Miguel Alves, "a estabilização da tonelagem de resíduos urbanos recolhidos é surpreendente num ano particularmente castigado pela falta de turistas e de atividade económica mas vem comprovar a nossa impressão de que, ao longo dos meses, tivemos muita gente nas casas de segunda habitação do concelho a passar os períodos de confinamento e, por isso, a produzir lixo doméstico". Na mesma linha, o Presidente da Câmara Municipal de Caminha refere que "o acentuado crescimento do peso dos monstros recolhido, parece indicar que as pessoas, estando em casa grande parte do tempo, optaram por fazer limpezas profundas e verem-se livres dos monos que já não lhe faziam falta. Também aqui, a pandemia deixou a sua marca", remata o autarca.

De acordo com os números da Valorminho, no concelho de Caminha, no ano de 2020, foram recolhidos 9.973.360 quilogramas de resíduos sólidos urbanos indiferenciados, a que se juntam 311.160 quilos de monos, bem como 454.320 quilos de vidro, 193.820 quilos de embalagens e 285.360 quilos de papel e cartão que seguiram para reciclagem. A recolha seletiva de 2020 teve um ligeiro decréscimo relativamente ao ano anterior.

PAREDES DE COURA: BERNARDINO MACHADO E A MAÇONARIA

Em 20 de Outubro de 1928, António Fernandes, Venerável da Loja “progredior” do Grande Oriente Lusitano”, aomunicou a Bernardino Machado a aprovação de um voto de protesto contra as perseguições por parte da ditadura de que era alvo.

Refira-se que, à data, encontrava-se instaurada a Ditadura Militar estabelecida na sequência do movimento do 28 de Maio de 1926.

Fonte: Fundação Mário Soares

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MINHO: O QUE É A “VENDA”?

Em todas as aldeias do Minho existe um estabelecimento a que vulgarmente designamos por “venda”. Trata-se de uma pequena mercearia, geralmente associada a uma taberna, local onde se pode adquirir os mais variados produtos, incluindo ferramentas, adubos, pesticidas e, de um modo geral, tudo o que é necessário à actividade do lavrador.

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Venda da Cabração, no concelho de Ponte de Lima

 

Por razões sanitárias, os bens alimentares e de consumo ficavam fisicamente separados dos demais.

Em virtude da distância em relação às vilas e outros centros populacionais de maior dimensão, a “venda” constituiu desde sempre um entreposto fundamental de apoio às pequenas comunidades. E, não raras as vezes, servia de ponto de distribuição do correio e de ligação ao chamado “carro de praça”.

Em face das suas características e utilidade, a “venda” tornou-se o ponto de encontro dos vizinhos, local de convívio privilegiado entre todos os conterrâneos, quantas vezes à luz trémula das velhas candeias. Não confundir a “venda” com os modernos cafés que vão abrindo um pouco por tudo quanto é sítio… a “venda” sempre foi uma instituição de utilidade pública!

Por toda a parte do mundo onde os portugueses chegaram, desde as mais recônditas paragens do Brasil ao interior dos antigos territórios africanos, lá encontramos a “venda” dos portugueses – muitos dos quais minhotos! – a prestar o seu serviço a populações quase esquecidas e muitas vezes analfabetas.

A “venda” ocupa um lugar na História da organização económica e social do minhoto e dos portugueses em geral.

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