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Em Terra de Miranda, nos confins de Trás-os-Montes, resiste uma velha tradição cujos traços se perdem na noite dos tempos, reminiscência, talvez, das danças rituais guerreiras indo-europeias presentes em todas as comunidades agro-pastoris a partir da Idade do Ferro e da qual dão conta sucessivos testemunhos de Plínio, Estrabão e Tácito. Os antropólogos encontram similitudes entre os Pauliteiros e as danças que os mancebos da Grécia Antiga, da Roma republicana e da Germânia primitiva executavam por ocasião das festividades religiosas em honra dos deuses protectores dos guerreiros. Tais rituais subsistiram um pouco por toda a Europa até ao advento da era industrial - na Suíça, no sul de França, no País Basco - mas desapareceram assim que as sociedades camponesas entraram em colapso.
A coreografia insere movimentos que lembram o adestramento militar - o ataque, a defesa, a agilidade - bem como a unidade ritmada. Nas mãos dos dançarinos, dois paus substituindo a espada e o punhal, simulam a luta corpo-a-corpo em que a espada interceptava e detinha a estocada, e o punhal assestava o golpe mortal no inimigo. O saio branco substitui a túnica, o colete lembra o peitoral em couro ou bronze e o chapéu com fitas coloridas evoca o capacete emplumado. As danças são ritmadas por tambores, acompanhados por gaitas-de-foles e adufes, instrumentos antiquíssimos entrados na Península Ibérica por volta do primeiro milénio a.C e já comuns entre os Celtiberos. As castanholas surgem no fim do combate e são executadas pelos bailadeiros-guerreiros como representação da alegria da vitória.
Graças ao empenho das associações defensoras da identidade cultural dos povos de Miranda, os Pauliteiros são hoje um dos florões do folclore português, actuando um pouco por todo o mundo como embaixadores de um povo orgulhoso da sua exclusividade.
Fonte: MCB / https://www.facebook.com/pg/novaportugalidade/about/?ref=page_internal
Esposende reviveu uma vez mais a tradição de “botar fora o ano velho”. Pequenos grupos de cinco rapazes e raparigas, de caras enfarruscadas, percorreram ontem a vila para “botar fora o ano velho”. Quatro deles pegam à carrela do sargaço carregando nela outro que representa o ano que termina. E lá vão eles pelas ruas fora cantarolando: “bota o ano velho fora e venha o novo cá p’ra dentro. Láralá!”.
Em tempos mais recuados era costume o cortejo parar à porta das tabernas para os carregadores descansarem e molharem as goelas, oportunidade que era aproveitada pelos frequentadores do templo de Baco para lançarem os seus impropérios e lamentos. Trata-se de um ritual de origens ancestrais que nas suas origens pretendia celebrar a ação criadora dos deuses no contínuo renascimento da natureza, através de um ciclo ininterrupto da vida e da morte que possui no entrudo na “serração da velha” as manifestações mais expressivas.
Possui atualmente a tradição de “botar fora o ano velho” a forma de um concurso devidamente organizado e, este ano, os vencedores foram um grupo de homens que fazem parte da Comissão de Festas em honra de Nossa Senhora da Saúde. O prémio ofereceram-no à comissão fabriqueira da igreja para ajuda da festa.
Fotos: Luís Eiras / Fotos: http://esposendealtruista.blogspot.pt/