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O imponente cortejo etnográfico é, juntamente com o desfile da mordomia e os espetáculos de pirotecnia, um dos eventos mais apreciados no âmbito dos festejos da Romaria da Senhora d’Agonia. Todos os anos, milhares de pessoas afluem propositadamente a Viana do Castelo para assistirem ao desfile pelas ruas da cidade.
Os diversos quadros etnográficos reproduzindo as mais diversas tradições do concelho vianense e da região, intercalados com a atuação de ranchos folclóricos e os grupos de música tradicional, as rusgas com as suas concertinas, os bombos e os zés-pereiras, tudo contribui para criar o ambiente de uma festa autenticamente minhota.
O colorido dos trajes das lavradeiras e o rufar dos bombos, o sorriso cativante das moças e a grandeza e criatividade dos carros alegóricos fazem do cortejo etnográfico da Romaria de Nossa Senhora d’Agonia um espetáculo ímpar de arte e beleza que fica para sempre gravado no coração e na memória de quem visita Viana do Castelo.
Fotos: António de Almeida Duarte, em: https://www.facebook.com/PhoenixOcean
Milhares de romeiros rumaram a Arga de S. João para cumprir promessas a S. João ou pedir-lhe ajuda para arranjarem casamento ou cura de verrugas, quistos, doenças de pele e infertilidade. Muitos ainda vêm em ranchos como antigamente, subindo a pé o monte, cantarolando aqui e merendando acolá. Pelo caminho, o “penedo do casamento” é sítio obrigatório de paragem no percurso dos romeiros. Os solteiros atiram-lhe uma pedra para que esta fique em cima dele, dependendo o tempo de espera do casamento das tentativas feitas até o conseguir. Reza a lenda que o penedo “arranja testo para qualquer panela”… porém, como os tempos estão difíceis, vão ouvindo-se com frequência cantar os seguintes versos:
Ó meu Senhor S. João
Casai-me que bem podeis
Já tenho teias de aranha
Naquilo que bem sabeis
Uma vez chegado ao local do santuário, situado a cerca de 800 metros de altitude, os peregrinos dão três voltas à capela findas as vão dar uma esmola ao santo… e outra ao diabo!
Cumprida a devoção, a romaria dá lugar ao folguedo. Juntam-se os tocadores de concertina e abrem-se as goelas para os cantares ao desafio. Canta-se e dança-se no terreiro até ao amanhecer. Come-se e bebe-se nas tasquinhas à volta do santuário ou nas lojas dos “quarteis” onde também existe alojamento para pernoitar pois, caso contrário, terá de ser feito ao relento, na área envolvente do mosteiro. Apesar de ainda ser Verão, as noites são frias e, como agasalho, recomenda-se um copito de aguardente com mel, uma especialidade típica da Serra d’Arga.
Mal despontam os primeiros raios de sol, é chegada a altura de regressar a casa. A aldeia regressa à sua habitual pacatez e o silêncio volta à serra. Apenas uma escassa centena de almas habita as pouco mais de duas dezenas de habitações que compõem Arga de S. João, abrangendo uma extensão de treze quilómetros quadrados.
- S. João d’Arga é uma das mais genuínas romarias minhotas. Para o ano lá voltaremos!
Fotos: https://www.facebook.com/#!/pages/Sao-Joao-DArga/258411130846875
Foi um dia Lopo jograr
a casa duü infançon cantar,
e mandou-lhe ele por don dar
três couces na garganta,
e foi-lhe escasso, a meu cuidar,
segundo como el canta
Escasso foi o infançon
en seus couces partir' enton,
ca non deu a Lopo enton
mais de três na garganta,
e mais merece o jograron,
segundo como el canta.
Martin Soares
A Romaria de São Bartolomeu, em Ponte da Barca, adquire a cada ano maior brilho e notoriedade, atraindo àquela vila minhota milhares de forasteiros da região e vizinha Galiza. As rusgas de concertinas levam os foliões a percorrer as ruas em alegre estúrdia, fazendo ouvir as mais alegres rapsódias do nosso folclore. O povo canta e dança, dando largas à sua alegria esfusiante. São Bartolomeu é festa, estúrdia e arraial – Ponte da Barca é terra minhota!
Durante seis dias consecutivos de intensa folia, tiveram lugar o desfile etnográfico alusivo ao “pão e vinho”, cantares ao desafio, feira de tasquinhas e artesanato, festival de folclore e a feira do linho, além naturalmente da procissão solene e demais celebrações religiosas que constituem a principal razão de ser das festividades em honra de São Bartolomeu.
Para além das referidas iniciativas, decorreu ainda a festa da Rádio Barca e as comemorações de mais um aniversário dos Bombeiros Voluntários de Ponte da Barca. E, como não podia deixar de acontecer em festa minhota, realizou-se uma grandiosa sessão de pirotecnia que constituiu uma verdadeira explosão de luz e cor que transformou os céus da Terra da Nóbrega numa autêntica tela de cores exuberantes repletas de esplendor.
Fotos: Município de Ponte da Barca
AS FESTAS DA AGONIA
Viana Do Castelo, a formosa cidade do Lima, esteve há pouco em festa.
Grupo de camponesas
As festas da Agonia, que todos os anos chamam a Viana extraordinária concorrência, mercê dos seus atrativos e das belezas naturaes da terra que são o enlevo dos olhos que as contemplam tiveram este ano desusado brilho.
O cavaleiro amador João Marcelino d’Azevedo toureando
Como em todas as romarias minhotas, a alegria esfuziou n’esses curtos dias em que o bom povo minhoto dá largas ao seu espirito folgazão e as lindas moças d’essa região privilegiada exibem as suas características galas e o esplendor da sua formosura.
Fonte: Ilustração Portugueza, 14 de setembro de 1914
(“Clichés” do distinto fotografi Manuel Carvalho Vieira)
Aspeto da assistência à tourada
A Associação de Dadores Benévolos de Sangue de Paredes de Coura (ADASPACO) leva a efeito no próximo dia 29 de agosto, entre as 9h e as 12h30, mais uma colheita de sangue, a qual terá lugar na Casa do Dador de Paredes de Coura. A colheita será realizada pela Unidade Local de Saúde do Alto Minho (ULSAM).
Na sessão de 29 de junho de 1956 da VI Legislatura da Assembleia Nacional, o deputado Mendes Correia falou sobre o Congresso de Etnografia e Folclore que se realizou em Braga naquele ano, exaltando as suas virtualidades e qualidades artísticas. A sessão foi presidida por Albino dos Reis Júnior e secretariada por José Paulo Rodrigues e Alberto Pacheco Jorge.
António Augusto Esteves Mendes Correia de seu nome completo era natural do Porto. Doutorado em Medicina, exerceu a profissão de Professor Catedrático na Universidade do Porto. Foi Procurador à Câmara Corporativa na I e II Legislaturas e Presidente da Câmara Municipal do Porto entre 1936 e 1942. Porém, o conhecimento dos costumes do Homem sempre exerceu em si uma especial atração. Em 1912, introduz o estudo da Antropologia, em 1919 torna-se Professor ordinário de Geografia e Etnologia da efémera Faculdade de Letras da Universidade do Porto; em 1921 é nomeado Professor Catedrático da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto da qual viria a ser Diretor; em 1923 é Diretor do Instituto de Investigação Científica de Antropologia da Universidade do Porto; Diretor da Escola Superior Colonial em 1946 e Presidente da Sociedade de Geografia de Lisboa em 1951. Foi por três vezes eleito deputado à Assembleia Nacional pelo círculo do Porto tendo integrado a Comissão de Educação Nacional, Cultura Popular e Interesses Espirituais e Morais.
Transcreve-se a sua intervenção, respeitando-se a grafia da época.
O Sr. Mendes Correia: - Sr. Presidente: na sessão de ontem o nosso colega Dr. Alberto Cruz referiu-se, a propósito das impressões que teriam deixado a terra e a gente bracarenses e o Minho em geral nos membros do recente Congresso de Etnografia e Folclore, realizado em Braga, as tradições regionais de hospitalidade e à necessidade de se apoiar o desenvolvimento do turismo naquela província.
Não precisa o nosso colega da minha solidariedade nas aspirações que formulou, e que naturalmente perfilho sem restrições, mas pedi a palavra para, ainda com um mandato que me permite traduzir o sentir de todos os congressistas, sublinhar a hospitalidade e a cortesia que todos encontrámos em Braga e na boa gente do Minho, aproveitando este ensejo para, mais uma vez, salientar o significado nacional e político da assembleia realizada e a importância - nos mesmos aspectos, além do cientifico- de muitas matérias nela versadas e de muitos dos votos finais ali adoptados.
Vozes: - Muito bem!
O Orador:-Não trago, evidentemente, a esta Câmara um relato pormenorizado do que foi o Congresso e do que ele representa na vida cultural e social do Pais.
Mas acentuarei que a sua magnitude decorre do tema dos seus relatórios e das suas duzentas comunicações. Esse tema é o povo português, a sua psicologia, as suas tradições, a sua arte, os seus anseios, as suas tendências e as suas capacidades.
Tema que é hoje versado cientificamente, com métodos e técnicas adequadas, de maneira sistemática, imparcial e objectiva, e não ao modo antigo, por colecionadores a esmo, por simples amadores sem preparação, por devaneadores e fantasistas, com maior ou menor brilho literário, maior ou menor sentimento e entusiasmo, mas numa ausência total, ou quase, de espirito científico. Há ainda quem suponha que etnografia e folclore são puras colectâneas amenas de temas pitorescos da vida popular.
Ora, o último Congresso definiu posições nítidas e úteis quanto à natureza dos objectos dessas disciplinas e quanto à maneira de os tratar e utilizar. Pôs em evidência o interesse de certas investigações. Salientou as ligações entre o âmbito das ditas disciplinas e a história, a filosofia, a religião, a arte, a sociologia, a política, a economia, etc. Pôs sobretudo em relevo o valor nacional daqueles estudos.
E a todos foi grato verificar que, a par das contribuições mais singelas sobre um ou outro facto local ou regional, surgiram naquela assembleia teses de conjunto ou de carácter genérico e doutrinário, como as de metafísica, do folclore e da ética dos provérbios populares, tratados pelos reverendos Drs. Bacelar e Oliveira e Craveiro da Silva, da Faculdade Pontifícia de Filosofia, de Braga.
Não faltaram outros elementos universitários e académicos, participantes do Brasil, Espanha e México, os temas mais variados. Mas desejo aqui congratular-me, sobretudo, com o apoio e interesse manifestados ao Congresso, não só por corpos administrativos, como as Camarás Municipais de Braga -a autora da iniciativa e sua grande realizadora-, Viana do Castelo, Santo Tirso e Porto, e algumas juntas de província, mas também por organizações como o Secretariado Nacional da Informação e Cultura Popular, a Mocidade Portuguesa, a Fundação Nacional para a Alegria no Trabalho, etc.
O Governo da Nação, o Governo de Salazar, dispensou ao Congresso o apoio mais expressivo, sendo notáveis os discursos proferidos no mesmo pelos ilustres Ministro das Corporações e Subsecretário de Estado da Educação Nacional.
Verificou-se, assim, este facto altamente consolador: é que de sectores os mais variados da vida nacional, de todos os planos hierárquicos, dos domínios directamente ligados ao assunto como de outros, do Governo ao próprio povo - como o de Braga e como o que participou nos festivais folclóricos então realizados-, houve geral concordância no reconhecimento do vasto e profundo significado da bela iniciativa da Câmara de Braga, e especialmente do seu extraordinário presidente.
Como ó oportuna e confortante tal verificação, precisamente quando nesta Assembleia se está discutindo o Plano de Formação Social e Corporativa, marcando-se o desejo de, abrindo os braços a todos os progressos reais e fecundos, conservar as melhores e mais sãs tradições nacionais!
O Congresso emitiu numerosos votos, como em matéria de ensino, investigação, propaganda, museus, protecção, etc., de assuntos etnográficos e folclóricos. Sublinharei apenas, neste instante, os que dizem respeito às actividades ultramarinas nesse domínio e à recusa ao fado do título, tão correntemente usado, de canção nacional por excelência.
O estudo da etnografia e folclore das populações ultramarinas mereceu ao Congresso uma atenção especial, salientando-se a necessidade dessa matéria nos centros de estudos sociais e políticos e nos novos institutos de investigação científica de Luanda e Lourenço Marques, entre as ciências humanas ou sociais.
Quanto ao fado, proclamou-se o inconveniente nacional e folclórico da sua difusão excessiva, quer pela sua proveniência, quer pelo pessimismo e desanimo que traduz, em contradição com as fontes e as manifestações mais autênticas e construtivas da inspiração popular. O fado lembra as guitarras plangentes de Alcácer, não um brado de vitória ou de fé.
Não pretendo negar a beleza de alguns fados, das toadas mais melancólicas, de versos profundamente tristes. Mas não se chame canção nacional por excelência a uma canção folclòricamente tão discutível e tão distinta, em tudo, das belas, joviais e empolgantes canções de que é felizmente tão rico. O autêntico folclore nacional.
Vozes: - Muito bem!
O Orador:-Vi um dia, num festival folclórico, no Porto, centenas de visitantes estrangeiros, como um só homem, perante uma exibição de ranchos de Viana, erguerem-se a aplaudir e a gritar: «Viva Portugal»! Em vez do fado depressivo, como não hão-de ser estimulantes e gratas para nós, Portugueses, essas manifestações da nossa música popular que tom assim o dom de arrebatar os próprios estrangeiros?
Sem recusar a possibilidade de introdução e adopção de factos novos, ou seja do processo chamado de aculturação pelos etnógrafos e sociólogos, o Congresso pronunciou-se pela definição do facto etnográfico e folclórico como caracterizado por serem tradicionais e de origem espontânea e anónima na alma popular.
A aculturação só pode dar-se quando esta alma lhe é favorável, quando nesta encontra eco, aceitação, concordância psicológica. Nos nossos territórios ultramarinos é do maior interesse o estudo da aculturação das populações nativas sob a influência da cultura que tenho chamado luso-cristã.
Por estas singelas considerações creio ter dado uma ideia da importância nacional e científica do Congresso de Braga. Mas o que sobretudo desejei sublinhar, usando da palavra, foi a gratíssima impressão que congressistas nacionais e estrangeiros trouxeram do convívio, da hospitalidade, da afabilidade, da cortesia, do trato, da doçura, do irradiante poder de simpatia, da boa gente de Braga e do Minho, daquele admirável povo em que se conservam e florescem tantas virtudes tradicionais de suavidade de alma, de bondade, de apego ao lar, de dedicação pelo trabalho, de amor pelo seu berço e de fidelidade aos altos valores espirituais que garantem a perenidade da Pátria e da civilização.
Vozes: - Muito bem, muito bem!
O Orador:-Posso depor com firmeza que na multidão que em avalancha jovial festejava o S. João, na noite de 23, em Braga, não vi senão atitudes simpáticas e dignas. Quem dava involuntariamente um encontrão pedia desculpa.
Ausência de palavrões, de qualquer grosseria, de brutalidade. Bom povo, admirável povo, que a dissolução tendenciosa de outros meios ainda não inquinou nem perverteu.
Tenho a certeza de que a acção de organizações como as que citei manterá indemnes a sua alma e as suas tradições sãs contra a vaga cosmopolita ou exótica de materialismo pretensamente científico e humano que ameaça subverter o que há de melhor e mais luminoso no património moral da nossa civilização. Bom povo de Portugal, porque creio em ti e nos valores espirituais que te animam, creio na eternidade da Pátria.
Tenho dito.
Vozes: - Muito bem, muito bem!
O orador foi muito cumprimentado.
Por sugestão do capelão da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Paredes de Coura e pároco de Santa Maria de Paredes (Vila), Padre Eurico Silva Pinto, a imagem de São Marçal, padroeiro e protetor dos Bombeiros, pertencente a essa instituição foi transportada pela primeira vez pelos soldados da paz na procissão das festas do concelho, no passado dia 12 de Agosto de 2012. Doravante, após deliberação da direção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Paredes de Coura (AHBVPC), o andor de São Marçal será levado pelos Bombeiros nesse cortejo religioso.
São Marçal viveu na Gália no século III e foi o primeiro bispo de Limoges. Venerado por católicos, ortodoxos e anglicanos, atribui-se-lhe o milagre de ter operado uma ressurreição ainda em vida, tendo para o efeito utilizado um cajado que S. Pedro lhe havia oferecido e, com ele, curou paralíticos e apagou incêndios, razão pela qual foi consagrado como o patrono dos bombeiros.
... E INAUGURAM NOVAS INSTALAÇÕES!
Em 1956, o conceituado antropólogo António Augusto Esteves Mendes Correia, docente da Faculdade de Ciências do Porto e deputado à Assembleia Nacional, na sessão de 29 de Junho daquele ano, sob a presidência de Albino dos Reis Júnior, pronunciou um brilhante discurso acerca do Congresso de Etnografia e Folclore realizado em Braga, o qual foi feito na sequência da intervenção feita na sessão do dia anterior, pelo deputado Alberto Cruz, a respeito do mesmo tema.
As intervenções então proferidas ajudam-nos a compreender o enquadramento do folclore na política cultural do Estado Novo. Pelo seu interesse, nomeadamente do posto de vista histórico, transcrevemos seguidamente a intervenção do deputado Alberto Cruz, na Sessão nº. 159, da VI Legislatura da Assembleia Nacional realizada no dia 28 de Junho. Amanhã publicaremos a intervenção do deputado Mendes Correia.
Alberto Cruz era natural de Braga e médico de profissão. Foi Presidente da Comissão Distrital de Braga da União Nacional, Médico-chefe dos Serviços de Saúde da Mocidade Portuguesa do Minho e Governador Civil substituto.
Sr. Presidente: acaba de realizar-se na minha terra, na capital desse alegre Minho, e em época de festas e romarias, mais um congresso, que chamou a Braga um seleccionado e numeroso grupo de cultores do folclore e da etnografia e onde também se exibiram ranchos folclóricos da França, Espanha e Portugal continental e insular.
Esse congresso, presidido pelo nosso colega nesta Câmara Sr. Prof. Mendes Correia, teve a honrá-lo a presença de dois membros do Governo, quo presidiram às sessões de abertura e encerramento, o Sr. Ministro das Corporações e Previdência Social e o Subsecretário de Estado da Educação Nacional, que tiveram ensejo de proferir notáveis e muito apreciadas orações.
Foram apresentadas e discutidas teses do mais alto valor e foram emitidos votos, que serão apreciados por quem de direito e pura os quais me permito chamar a esclarecida atenção das entidades competentes.
Sr. Presidente: ouvi tecer hinos de louvor às belezas incomparáveis das terras minhotas, mas muito especialmente à estância paradisíaca do Bom Jesus do Monte, enquadrada nos pequenos campos de cultura que a rodeiam, semelhantes a canteiros de floridos jardins, amorosamente tratados e onde, a cantar e a rezar, aquele bom povo semeia, planta e colhe o pão e o vinho necessários à sua sustentação.
Ouvi ainda louvores também à hospitalidade dos seus habitantes e fiquei com a certeza de que todos os congressistas farão nas suas terras a propaganda do que os seus olhos viram, e que deve traduzir-se em desenvolvimento crescente da quase única indústria que nos resta - o turismo. Mas, para isso, é indispensável que o Governo, pelo seu departamento de propaganda e turismo, auxilie aquela terra, pletórica de encantos naturais, mas pobre de recursos materiais, a apetrechar-se de tudo que é necessário para atrair e fixar aqueles que futuramente podem vir a ser factores da sua riqueza e que pelo Mundo andam à procura de repouso para o espírito e deslumbramento para os olhos!
A natureza prodigalizou-nos belezas sem par, mas temos de dar u quem nos visita o conforto que quase por completo nos falta. A estância do Bom Jesus do Monte necessita de hotéis condignos, e, a exemplo do que se tem dado, e muito bem, a outras terras, eu peço também, e com a maior urgência, o estudo, seguido da realização, de tudo o que possa contribuir para o desenvolvimento do turismo, indústria de que Braga pode, por mercê de Deus, que lhe deu excepcionais condições, tirar os maiores proveitos.
Atrevo-me a continuar a pedir ao Governo, pelos departamentos competentes, auxilio para as suas indústrias, e, se puder ser, no próximo plano de fomento industrial, a criação doutras novas também, para dar ocupação a tantos braços que dia a dia vão surgindo para a labuta da vida e ao mesmo tempo contribuir para o engrandecimento desta Pátria, a que tanto queremos e pela qual tudo sacrificaremos.
A imagem regista o almoço realizado em Viana do Castelo no âmbito do Congresso de Etnografia e Folclore de Braga. Identificam-se o Coronel Mário Cardozo e Alberto Vieira Braga, respetivamente o segundo e o quarto a contar da esquerda. (Foto: Casa de Sarmento – Centro de Estudos do Património)
Rita Silva, Presidente da Associação “Animal” e uma das promotoras da recente manifestação contra a realização da tourada em Viana do Castelo, deu recentemente uma entrevista ao jornal “Diário de Notícias” na qual se declarou contra a atividade piscatória por se tratar de um desrespeito pela fauna marinha. Resta-nos saber se, a exemplo do que se verifica em relação à tourada, vai a Câmara Municipal de Viana do Castelo impedir os pescadores vianenses de irem à pesca?
Transcreve-se a referida entrevista:
"Um recurso extraordinário"
Ativista pelos direitos dos animais, Rita Silva afirma que o mar é um "recurso extraordinário" do qual "nada se deve retirar", devendo-se sim beneficiar-se daquilo que ele pode oferecer ao ser humano, essencialmente "benefícios pessoais", como o bem-estar físico e mental.
Assim, considera que explorar o mar não passa pelas pescas, já que é uma atividade que implica o desrespeito pela fauna marinha, mas acredita que "é possível potenciar a economia sem retirar vidas a animais". Está confiante de que a crise traz coisas boas como "a criatividade", aquilo que "os portugueses precisam" para poder avançar sem "prejudicar ninguém, humano ou não humano". Por ter vivido grande parte da sua infância junto ao mar, garante que este elemento a tornou "uma pessoa mais resistente".
Fonte: http://www.dn.pt/inicio/economia/interior.aspx?content_id=2676498