A desertificação do interior constitui uma das realidades com que frequentemente nos insurgimos em resultado de políticas que consideramos erradas do ponto de vista demográfico. Na realidade, o que pretendemos criticar é o despovoamento do interior porquanto a desertificação diz mais diretamente respeito aos processos errados de cultivo e de gestão dos solos que levam à sua infertilidade e consequente avanço do deserto que abraça as regiões mais equatoriais e que, presentemente, ameaçam a própria Península Ibérica.
A foto, publicada no jornal “O Século” de 19 de Julho de 1926, documenta a entrega dos primeiros casais da Colónia Agrícola dos Milagres, em Leiria. Na imagem, o Ministro da Agricultura, General Alves Pedrosa junto de uma das famílias de colonos.
Porém, em meados do século XX, o Estado Novo seguiu uma política denominada de “colonização interna”, levada a cabo precisamente por um organismo denominado de Junta de Colonização Interna criado em 1936. No entanto, esta política foi iniciada pela Ditadura Militar, em 1926, nomeadamente com a constituição da Colónia Agrícola dos Milagres, em Leiria. Esta visou a fixação à terra e o povoamento de regiões com menos densidade populacional, atribuindo incentivos destinados a promover a pequena agricultura familiar e simultaneamente modernizando os processos agrícolas e integrando extratos sociais como colonos em África mal sucedidos, ferroviários, antigos militares e agentes da autoridade, em geral sempre famílias mais carenciadas. Esta política constitui uma das facetas da reforma agrária encetada pelo Estado Novo que inclusive deixou marcas na arquitetura do meio rural.
Um pouco por todo o país, sobretudo em localidades do interior, foram-lhes atribuídos terrenos baldios e construídas habitações onde foram implantadas “colónias agrícolas”. Ponte de Lima, Paredes de Coura, Arcos de Valdevez, Monção, Montalegre, Leiria, Montijo e Cantanhede foram apenas algumas das localidades onde essa política foi implementada. Nem sempre os colonos se adaptaram e revelaram capacidade de iniciativa mas casos houve de sucesso e, recentemente, lograram ficar na posse das terras que trabalharam durante décadas. E vieram a integrar-se na vida local e criar as suas raízes.
Ainda atualmente é possível identificar as referidas “colónias agrícolas”, pelos seus traços característicos como a geminação das habitações, a semelhança existente entre si e a sua organização que por vezes contemplava a igreja, a escola primária e o posto médico.
Por exemplo, o projeto inicial da Colónia Agrícola da Boalhosa, em Paredes de Coura, compreendia quinze habitações geminadas com capacidade para trinta famílias, escola primária, residência do professor e forno comunitário. Por dificuldade de financiamento, a igreja e o posto médico inicialmente previsto nunca chegaram a ser construídos.
A “colonização interna” constitui um dos numerosos exemplos de movimentos demográficos que contrariam a visão daqueles que encaram o folclore como algo de estático, partindo do pressuposto errado que as populações não se deslocam geograficamente e, por conseguinte, os usos e costumes apenas se podem referir a uma determinada região em concreto. Por outras palavras e tomando o traje como exemplo, associam-no a uma região em vez de o identificarem com as gentes da respetiva região, deduzindo que estas ali permanecem sedentárias sem revelarem qualquer atitude migratória. Um conceito, aliás, que presta um mau serviço ao folclore!
Como já vem sendo tradição, o Museu Regional de Paredes de Coura leva a efeito no próximo dia 5 de Maio, pelas 15h30, mais um “Lanche no Museu”. Esta iniciativa é desta vez dedicada aos Bolinhos de Farinha Milha muito usuais na época das lavradas que agora tem lugar.
A Sr.ª Dona Maria de Jesus Araújo Dantas, residente em Senrelas, freguesia de Padornelo, é a próxima convidada que vai transmitir a sua experiência e conhecimentos a quem queira participar. Com 66 anos de idade, tem certamente muito para ensinar aos mais jovens!
O Museu Regional de Paredes de Coura encontra-se localizado na Rua Aquilino Ribeiro, em Paredes de Coura.
Em resultado da campanha ambiental “Operação Tampinhas”, o Município de Paredes de Coura recebeu material médico para apoio social. A Valorminho entregou 2 cadeiras de rodas e 3 colchões anti escaras com compressor em troca de 1 tonelada de tampinhas de plástico.
Este material veio ajudar a constituir um Centro de Recursos de Ajudas Técnicas, com vista a apoiar a população com problemas de incapacidade e ou necessidades de reabilitação, ficando prevista a reutilização desse material específico.
De momento, este Centro de Recursos conta com 2 cadeiras de rodas, 3 colchões anti escaras e 1 cadeira sanitária (doada por um particular) e vem complementar as ajudas técnicas do Centro de Saúde e Segurança Social.
Futuros resultados das tampinhas reverterão para este tipo de apoio social.
O Município de Paredes de Coura em parceira com o CLDS Couracção está a colaborar na Campanha “Papel por Alimentos” promovida pelo Banco Alimentar Contra a Fome. Esta iniciativa pretende angariar papel usado (jornais, revistas, folhetos, cadernos, fotocópias…) para ajudar a conseguir mais alimentos - cada tonelada de papel vale 100,00€ em alimentos.
As pessoas e entidades do concelho que quiserem colaborar nesta campanha devem contactar ou fazer as suas entregas de papel no Serviço de Acão Social do Município (antiga Casa dos Magistrados) ou no Projeto Couracção (Santa Casa da Misericórdia).
Contatos:
Serviço de Ação Social do Município: 251 780163 / 251 780161
Os antigos territórios ultramarinos portugueses foram também o destino de muitos minhotos que decidiram ali construir as suas vidas. Rumando diretamente a partir da metrópole ou fixando-se após o cumprimento do serviço militar naquelas paragens, Angola e Moçambique vieram a tornar-se a segunda terra para muitos dos nossos conterrâneos que assim trocavam a estreita courela pela desafogada machamba ou simplesmente empregavam-se na atividade comercial das progressivas cidades de Luanda e Lourenço Marques, atual Maputo.
Porém, a recordação do Minho distante não os abandonou e permaneceu sempre nos seus corações. E, a provar esse amor filial, criaram as suas próprias associações regionalistas a fim de manterem mais viva a sua portugalidade e as raízes minhotas. Em Lourenço Marques, fundaram a Casa do Minho em 1955, já lá vão 57 anos!
Durante duas décadas consecutivas, aquele foi o ponto de encontro das nossas gentes em terras moçambicanas. Ali se construíram novas amizades e conservavam as suas tradições. A constituição de um Rancho Folclórico no seio daquela associação foi um dos melhores exemplos do seu apego às origens. Até que a descolonização veio alterar o rumo das suas vidas e determinar a extinção da Casa do Minho.
Não obstante, muitos dos minhotos e amigos da Casa do Minho, que dela fizeram parte ou de alguma forma por lá passaram, não esquecem esses tempos saudosos e continuam a reunir-se todos os anos em alegre e amistosa confraternização, partilhando recordações e revivendo a terra que também amaram – Moçambique!
Os minhotos e amigos que fizeram parte da Casa do Minho da cidade de Lourenço Marques, atual Maputo, em Moçambique, juntaram-se este ano em Vila Verde para mais um almoço de confraternização. Tratou-se do XVI Convívio de Minhotos e Amigos da Casa do Minho de Lourenço Marques que assinala simultaneamente o 57º aniversário da fundação da Casa do Minho, e constituiu uma oportunidade de convívio e partilha de recordações de todos quantos em terras africanas mantiveram os laços afetivos à sua terra natal ou seja, ao nosso Minho.
O ponto de encontro teve lugar em Braga, de onde partiram em caravana automóvel rumo à vila do Prado e daqui para Atiães, em Vila Verde. O almoço teve lugar na Quinta das Cumieiras e foi animado pelo conjunto “Dançaqui” que proporcionou uma tarde animada com sucessos musicais dos anos sessenta e ainda os ritmos da tradicional Marrabenta. E, como não podia deixar de suceder, o tocador de concertina animou a festa com os viras, as chulas e a cana-verde que possibilitou a atuação de antigos componentes do Rancho Folclórico da Casa do Minho
A Casa do Minho em Lourenço Marques foi fundada em 1955 e, à semelhança da que também existiu na cidade de Luanda, em Angola, consistia numa agremiação de carácter regionalista destinada a congregar os minhotos radicados naquela província ultramarina, como então estatutariamente se designava o território de Moçambique.
As fotos que junto se publicam com a devida vénia, são da autoria do Sr. Rui Aguilar Cerqueira e de outras pessoas.
Em 19 de maio de 1914, os membros do Partido Republicano na Figueira da Foz ofereceram ao Dr. Afonso Costa um almoço cujo cardápio, junto se reproduz. A ementa é reveladora das tendências afrancesadas dos comensais também em matéria gastronómica. Apesar disso, mantiveram o bom gosto de ilustrar o cardápio com uma bonita aguarela representando o templo e escadório de Bom Jesus do Monte e fazer acompanhar o repasto com águas de mesa do Sameiro, "a Vanguarda das Águas de Mesa". Ironicamente, referências religiosas apresentadas num almoço em homenagem a um político que ficou para a história como um anticlerical e obstinado ateu que tudo fez para acabar com a Igreja.
Com a entrada do mês de Maio, enfeitam-se de giestas floridas as janelas das casas nas vilas e aldeias do Minho anunciando a chegada da Primavera em todo o seu esplendor e, com ela as flores que contribuem para alegrar a nossa existência, perfumar e dar colorido ao ambiente que nos rodeia. São as maias feitas de ramos de giestas com as suas flores amarelas as quais, por tradição, são colocadas nas portas e carros agrícolas, constituindo este costume uma forma de celebrar o renascimento da vida vegetal. No concelho de Caminha, em pleno Alto Minho, uma das localidades onde a festa é vivida com mais intensidade, as giestas floridas aparecem em todos os sítios, incluindo nos veículos que transitam na via pública.
Atualmente pouco divulgada, a festa das maias foi noutras épocas celebrada em todo o país, tendo caído em desuso devido a sucessivas proibições devidas a rixas originadas pelo despique entre localidades ou ainda por motivos religiosos, como sucedeu em 1402 por imposição régia a qual determinava "nõ cantassem mayas, ne Janeiras, e outras cousas q eram contra a ley de deus". A sua origem perde-se nos tempos e corresponde às Florálias celebradas entre os romanos e dedicadas a Flora, deusa das flores e da Primavera, a quem consagravam os jogos florais. Durante três dias consecutivos, as mulheres dançavam ao som de trombetas, sendo coroadas de flores as que logravam ganhar os jogos, adornando-se desse modo à semelhança da própria divindade a que prestavam culto. Aliás, é precisamente aos romanos que se atribui a implantação de tal costume na Península Ibérica, tendo a mesma alcançado especial aceitação na região do Algarve.
Também entre nós houve em tempos idos o costume de, por esta ocasião, coroar-se de flores uma jovem vestida de branco, prestes a entrar na primavera da vida, qual maia adornada de joias, fitas e flores que nos trazem à lembrança as fogaceiras de Santa Maria da Feira e as moças que levam à cabeça os característicos tabuleiros das festas de Tomar. E, tal como Flora entre os romanos, a jovem maia sentava-se num trono florido a cujos pés o povo dançava durante todo o dia, venerando desse modo a esbelta divindade pagã e celebrando os seus atributos que se permitiam o retorno dos vegetais. Conta ainda uma lenda antiga que em Lagos, no Algarve, tal costume incidia sobre um homem da terra que era adornado com as melhores joias, o qual percorria as ruas da cidade montado num asno. Sucedeu que, em certa ocasião, terminada que foi a volta pela cidade, o maio dirigiu-se para os campos junto da cidade e desapareceu para nunca mais ser visto. Em virtude do ocorrido, o povo que ainda espera o seu regresso com as joias que consigo levou passou a designar o Maio como "o mês que há-de vir"...
E, enquanto o Maio não chega para as gentes de Lagos, é altura de festejarmos as maias, alegrando as janelas com ramos de giestas floridas. Em breve virá a celebração do Corpus Christi e a Vaca das Cordas em Ponte de Lima, as festas do Espírito Santo e a Coca em Monção, a festa das fogaceiras em terras de Santa Maria da Feira e as fogueiras pelo S. João a evocar o solstício do Verão. A seu tempo chegarão as colheitas e as malhadas, as vindimas e as adiafas e, pelo S. Miguel as desfolhadas ou descamisadas. Para trás fica o entrudus e as festas equinociais e pascais, a Serração da Velha e a Queima do Judas.
Assegurámos através do rito a ininterrupção do ciclo da natureza, participando desse modo na ação criadora dos deuses. Pela tradição, preservamos usos e costumes que chegaram até aos nossos dias e fazem parte do nosso folclore. Festejemos, pois, as maias, fazendo-as ressurgir com o mesmo colorido, alegria e pujança como nos tempos antigos!