Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

BLOGUE DO MINHO

Espaço de informação e divulgação da História, Arte, Cultura, Usos e Costumes das gentes do Minho e Galiza

BLOGUE DO MINHO

Espaço de informação e divulgação da História, Arte, Cultura, Usos e Costumes das gentes do Minho e Galiza

RANCHOS FOLCLÓRICOS DO MINHO FORAM EM PEREGRINAÇÃO AO SANTUÁRIO DE FÁTIMA

No passado domingo, dezenas de ranchos folclóricos emprestaram um colorido muito peculiar ao Santuário de Fátima. Do Minho ao Algarve, milhares de pessoas com os trajes característicos das suas regiões foram em peregrinação a Fátima numa clara demonstração de fé e tradição. Tratou-se da X Peregrinação Nacional organizada pela Federação do Folclore Português a qual todos os anos se realiza por esta altura.

Os ranchos folclóricos desfilaram a partir do Parque 7 até ao Recinto de Oração onde teve lugar a recitação no rosário junto à Capelinha das aparições e, após a procissão para o altar, teve lugar a celebração da eucaristia, no Recinto de Oração do Santuário de Fátima. O BLOGUE DO MINHO deixa aqui um registo dessa imponente manifestação da nossa cultura tradicional, publicando algumas fotos gentilmente cedidas pelo Santuário de Fátima.

thumb4CAGW5I1K

thumb4

thumb4

thumb4CAD9NDOY

thumb4CAG2H3MX

thumb4

thumb4CAB0KQDM

thumb4CAG2JXXW

thumb4CA4RL14O

thumb4

VILA PRAIA DE ÂNCORA É A MAIS IMPORTANTE ESTÂNCIA BALNEAR DO ALTO MINHO

Beneficiando de excelentes condições de acesso, incluindo ligação ferroviária com apeadeiro no local, Vila Praia de Âncora tornou-se desde os começos do seculo passado na mais importante estância turística balnear do Alto Minho. Todos os anos, esta localidade atrai milhares de pessoas, incluindo turistas estrangeiros e emigrantes portugueses em férias, fazendo esgotar a sua capacidade hoteleira.

Aqui, o visitante pode encontrar um pouco de tudo quanto o Minho tem para oferecer. Praias magníficas a perder de vista, excelente gastronomia onde não falta o peixe, bom alojamento, o ambiente típico de uma vila piscatória e, junto, a paisagem deslumbrante da serra d’Arga com as suas povoações rurais e muita animação noturna onde a alegria e o colorido do folclore do Alto Minho marca a sua presença.

Vila Praia de Âncora - Jul2010 (114)

Daqui até à Póvoa de Varzim a povoação mais importante de pescadores é a Lagarteira (Âncora), na segunda reentrância da costa. Deito-me a pé pela estrada, através do lindo pinheiral do Estado, que, de cismático, me lembra António Nobre, e fico perdido de sonho no Moledo. Em 13 de Agosto de manhã há uma ligeira névoa, um nada, um bafo. São nove horas. O azul entontece. Perco a linha da paisagem, o verde escuro do pinheiral que vai até ao mar, e tudo isto se me afigura uma larga concha azul, formada pelo mar azul e pelo céu azul, com uma borda de areal onde alguns velhos moinhos em fila batem as asas para meu encanto. O forte da Senhora da Ínsua fica num extremo da curva, onde a amplidão do azul é infinita, a penedia a desfazer-se em espuma… Não posso. Por mais que queira não posso arredar-me daqui, com a cabeça estonteada. Fico. E só ao fim da tarde é que consigo chegar a Âncora, com dois jactos de azul metidos pelos olhos dentro. Logo hoje, até muito tarde, não se apaga do céu um doirado de iluminura, que se prolonga até noite velha e morre com aflição…

Raul Brandão, de Caminha à Póvoa

Dunas - passagem

Vila Praia de Âncora - Jul2010 (8)

Vila Praia de Âncora - Jul2010 (105)

Dunas - Serra D'Arga

Vila Praia de Âncora - Jul2010 (51)

Foz Rio Âncora

Vila Praia de Âncora - Jul2010 (7)

Praia VP Ancora

VILA PRAIA DE ÂNCORA: CALVÁRIO É UM SANTUÁRIO DA NATUREZA ONDE SE ERGUE UM TESTEMUNHO DA FÉ

Em 1904, quando os acessos ainda eram íngremes, um grupo de alguns ancorenses decidiu dinamizar o Monte do Calvário. Nos finais de séc. XVII, a Capela de S. Salvador do Mundo e a antiga Via-Sacra encontravam-se em estado de degradação. Então, com subscrições obtidas na freguesia de Vale do Âncora e comunidades de emigrantes, o monumental escadório foi concluído em 1908, e só em 1911 se construiu o adro da Capela, sendo a Capelinha restaurada.

Calvário (11)

Desde 1904, muitos melhoramentos foram feitos no Monte do Calvário e motivos de remodelação surgiram, alguns em parceria com a autarquia, como a transferência dos cruzeiros de Bulhente e do Roque, a construção da Gruta de Nossa Senhora de Lurdes, a cruz luminosa, infraestruturas sanitárias, parque infantil, parque de merendas, parque de estacionamento, novos escadórios, calcetamento, monumento do Imaculado Coração de Maria, iluminação do escadório, etc… O Monte do Calvário tem um notável e extenso escadório com Cruzeiros, a ermida antiquíssima e a gruta de Nossa Senhora de Lurdes que se encontra no corolário do Monte, de onde se desfruta uma vista panorâmica sobre Vila Praia de Âncora. O seu interior recria a ambiência da gruta onde apareceu a Virgem de Lurdes, em França.

A Capela de S. Salvador do Mundo, delimitada por um adro bem arranjado, possui um corpo com sacristia adossada. No interior, com cobertura de pedra em abóbada de canhão, destacam-se o altar-mor neoclássico com a imagem de Cristo Crucificado.

Quem subir ao Monte do Calvário tem um surpreendente panorama, junto à Capelinha do Salvador do Mundo, o mar e a terra alongam-se Vale do Âncora acima. A vista que se observa lá do alto é lindíssima. Vila Praia de Âncora é envolvida pelo mar e pela Serra d´Arga em abraço secular e o rio Âncora fecunda o seu vale milenar. Em duas palavras: desfruta-se de uma vista maravilhosa, onde se mistura o sonho com a realidade e a espiritualidade.

O Monte do Calvário constitui um espaço obrigatório de visita, sendo espaço de lazer com área de piqueniques, acesso automóvel e parque para autocarros. Desde já, lanço-vos o desafio de um dia no Monte do Calvário… Será um dia inesquecível, onde poderão descansar entre flores e silêncio, em contacto constante com a natureza, sendo um solitário lugar de privilégio para quem busca beleza e paz.

O nosso passeio mais uma vez chegou ao fim, espero que tenham gostado, porque eu adorei, aqui espero por vocês. Para a próxima, vamos até à Capela de S. Salvador do Mundo.

Fonte: O Vianense

Calvário - panorâmica (4)

Perto de Âncora fica a povoação de Gontinhães, de pescadores e de pedreiros, os pescadores ao pé do mar, os outros lá em cima no Calvário, unidos pelo caminho da Lagarteira, torto e lajeado. É uma aldeia pobre e humilde, pobre e doirada. Do escadório descobre-se o panorama, a amplidão do vale, o morro compacto que entre pelo mar e o fio manso do rio… Aqui o sonho não é azul, o sonho é verde. É ao mesmo tempo esquecido e verde, doirado e verde. Também a vida é baixinha: são as mulheres que lavram e as vacas que puxam os carros. Os homens foram por esse mundo rachar o lajedo e afeiçoar a pedra.

Raul Brandão, de Caminha à Póvoa

Calvário

Calvário - panorâmica (2)

Calvário (6)

Calvário (8)

VILA PRAIA DE ÂNCORA: DÓLMEN DA BARROSA É MONUMENTO NACIONAL

Situado em Vila Praia de Âncora, o Dólmen da Barrosa encontra-se classificado como monumento nacional desde 1910. Também conhecido por “Lapa dos Mouros”, o Dólmen da Barrosa é um monumento megalítico dos finais do neolítico, calculando-se em mais de dois mil anos a sua existência. Caraterizado como um dólmen de corredor sem diferenciação entre este e a câmara funerária propriamente dita, o Dólmen da Barrosa é considerado um dos monumentos megalíticos mais representativos do género na Península Ibérica.

Dólmen da Barrosa (2)

Apesar da sua importância histórica e patrimonial, o local onde se encontra não está devidamente protegido nem o mesmo mereceu até ao momento o devido enquadramento enquanto espaço a ser visitado para fins culturais e turísticos. Uma falha que esperamos venha a ser corrigida.

Dólmen da Barrosa (4)

"Situada na povoação de Vila Praia de Âncora, a "Anta da Barrosa" foi objecto de classificação, como "Monumento Nacional", logo em 1910, certamente por constituir o maior e mais bem preservado monumento megalítico de todos quantos foram identificados até à data no Vale de Âncora.

Escavado em 1879 pelo conhecido investigador vimarenense de oitocentos, Francisco Martins de G. M. Sarmento (1833-1899), numa altura em que a temática dolménica assumia proporções verdadeiramente inauditas junto da comunidade científica europeia da época, a anta foi, já em meados do século passado, estudada por João de Castro Nunes.

Trata-se de um monumento constituído, como os demais pertencentes a esta tipologia, por câmara sepulcral de planta poligonal formada por oito esteios e respectiva laje de cobertura - ou "chapéu" -, para além do corredor com cerca de um metro e meio de largura por seis de comprimento, ainda que não pareçam subsistir quaisquer vestígios de mamoa - ou tumulus - que a pudesse cobrir originalmente na totalidade. Estas dimensões estarão, na verdade, na base da hipótese de trabalho levantada pela conhecida arqueóloga alemã Vera Leisner, que inseriu este exemplar na tipologia genérica dos dolmens de corredor do Noroeste Peninsular e, dentro desta, no sub-agrupamento caracterizado pela indiferenciação revelada entre câmara funerária e corredor.

Entretanto, a investigação realizada por J. de Castro Nunes permitiu identificar a existência, na superfície de três lajes, de motivos decorativos típicos deste "mundo dolménico", com serpentiformes e signos em forma de "U", aqui executados através do método da percussão.

O início do século XXI trouxe, contudo, outras novidades relativas à História do sítio, ao serem encontrados vestígios de uma ocupação romana nas suas imediações, ao que tudo indica, entre os séculos I e II d. C., como parece indicar a análise dos fragmentos de cerâmica comum e de alguns materiais de construção, como telha romana - tegulae -, num testemunho mais da reutilização periódica (quando, não mesmo, sistemática) dos mesmos espaços simbólicos para, não apenas, apreender o seu significado preexistente, como sobrepor um novo poder temporal mediante a apropriação (ou, talvez, sobreposição ao) do poder espiritual.

[AMartins]"

Fonte: IGESPAR

Dólmen da Barrosa (6)

Dólmen da Barrosa (3)

Dólmen da Barrosa

ESCRITOR RAUL BRANDÃO DESCREVE A PESCA EM VILA PRAIA DE ÂNCORA HÁ PERTO DE CEM ANOS!

O escritor Raul Brandão descendia de pescadores, razão pela qual a vida árdua e arriscada das gentes do mar esteve sempre presente em toda a sua obra. Nasceu na Foz do Douro em 1867 e veio a falecer em Lisboa em 1930. Porém, tendo seguido a carreira militar e sido colocado no Regimento de Infantaria 20, em Guimarães, acabou por fixar-se nesta cidade.

Raul Brandão deixou-nos uma importante obra que constitui um documento histórico e de valor etnográfico acerca da vida dos pescadores portugueses, descrevendo-nos nomeadamente a paisagem do litoral nos começos do século XX. São suas as descrições acerca de Vila Praia de Âncora e das suas gentes que a seguir se reproduz.

Portinho (2)

À direita, encostado ao forte de Lippe, que forma o outro lado da bacia, com o portinho e o varadouro, ficam as casas dos pescadores.

(…) A parte dos pescadores no areal difere completamente nos tipos, nos costumes e nas casas, naturalmente noutros tempos barracas de madeira construídas sobre estacas. Há quatrocentos pescadores pouco mais ou menos, e cento e trinta e dois barcos varados na praia, todos pintados de vermelho. São maceiras, de fundo chato, tripuladas por dois homens, volanteiras ou lanchas de pescada por doze homens, e barcos de sardinha, que levam cinco ou seis peças de sessenta braças cada uma, e quatro homens. As redes têm nomes: peças as da sardinha, volantes as da pescada. Chama-se galricho a uma espécie de massa com que se apanha a faneca; rastão ao camaroeiro; patelo à rede que colhe o caranguejo ou mexoalho; e rasco à da lagosta. As redes da sardinha são do mestre, e as da pescada dos pescadores. Os quinhões dividem-se conforme o peixe.

Raul Brandão, de Caminha à Póvoa

Portinho V P Âncora

VianadoCastelo 019

Vila Praia de Âncora - Jul2010 (15)

QUEM FOI O ALMIRANTE RAMOS PEREIRA?

O Contra-almirante Ramos Pereira foi um dos filhos mais ilustres do Concelho de Caminha. Nascido em Vila Praia de Âncora, era casado com D. Maria da Graça Lopes de Mendonça, neta do poeta Henrique Lopes de Mendonça, autor do Hino Nacional.

A identificação da família Ramos Pereira com Vila Praia de Âncora é bem patente na toponímia que chega a criar alguma confusão devido à atribuição do seu nome a numerosas artérias desta vila. 

Filho do médico Luís Ramos Pereira, nasceu em Vila Praia de Âncora, concelho de Caminha, a 6 de Abril de 1901.

Frequentou o Colégio Militar e, após dois anos de serviço no Exército, ingressou na Escola Naval, onde concluiu o curso de Marinha como primeiro classificado.

Promovido a Guarda-Marinha em Fevereiro de 1924, efectuou vários embarques como oficial subalterno, dos quais se destaca uma comissão no Extremo Oriente, entre 1930 e 1932, a bordo do cruzador "Adamastor". Nessa comissão começou a revelar um grande interesse pelas radiocomunicações, tendo sido louvado pela sua acção técnica na direcção da instalação eléctrica e dos equipamentos rádio do navio.

Foi colocado na Direcção do Serviço de Electricidade e Comunicações em Outubro de 1932. Ali viria a passar cerca de 21 anos, apenas interrompidos por duas comissões de embarque como Imediato dos contratorpedeiros "Lima" e "Douro", entre 1935 e 1936. Durante esse longo período, desenvolveu um significativo trabalho no desenvolvimento das comunicações rádio, dirigindo a construção e experimentação de novos equipamentos (actividade em que se valeu da sua experiência de radioamador) e organizando cursos para oficiais, sargentos artífices e praças. Entre as várias publicações técnicas que elaborou, destaca-se um compêndio de radioelectricidade editado em 1952, que serviu de base de apoio a vários cursos. Foi também responsável pela reorganização e modernização, em equipamento e instalações, da rede de estações radionavais da Marinha.

Passando, sucessivamente, pelos cargos de Secretário, Subdirector e Director, deixaria a Direcção do Serviço de Electricidade e Comunicações em Fevereiro de 1954, já como Capitão-de-Fragata, para exercer o comando do aviso de 2ª classe "João de Lisboa", enviado em missão de soberania à Índia portuguesa, por ocasião das graves perturbações ali ocorridas naquele ano.

Regressado à Metrópole em 1956, ano em que foi promovido a Capitão-de-Mar-e-Guerra, passou pelo Estado-Maior Naval, antes de ser enviado a frequentar o Naval Command Course no United States Naval College.

Em Junho de 1958 foi nomeado Subdirector do Instituto Superior Naval de Guerra, ascendendo a Director, já no posto de Comodoro, no início de 1960. Empreende, então, profundas alterações na organização e nos curricula daquele Instituto, tendo sido responsável pela sua mudança para as instalações definitivas, na Rua da Junqueira. Promovido a Contra-Almirante em Julho de 1960, viria a pedir a sua demissão na sequência de um discurso do Ministro da Marinha, aquando da abertura solene do ano lectivo 1961-62, que considerou atentatório do seu brio profissional.

Passa à Reserva em Abril de 1966, tendo, ainda, exercido as funções de Director do Museu da Marinha, entre 1968 e 1971. Em Outubro de 1969 chega a ter alguns assomos de actividade política, candidatando-se a deputado por Viana do Castelo na lista da Oposição Democrática.

Nos últimos anos da sua vida desenvolveu uma intensa actividade intelectual, quer na vertente técnico-científica quer, principalmente, na vertente cultural. Foi um dos dez fundadores do Centro de Estudos de História Marítima, mais tarde designado por Centro de Estudos de Marinha, que daria, em 1978, origem à Academia de Marinha.

Entre os vários trabalhos que publicou, maioritariamente de cariz técnico, avulta, no campo da História, um estudo sobre a vida de Gago Coutinho, que publica em 1973. Também se debruçou sobre a figura de Fontoura da Costa, sendo ainda de mencionar o seu interesse pelo património arquitectónico da Marinha.

Faleceu em Lisboa, no Hospital da Marinha, na sequência de um carcinoma estomacal, no dia 16 de Março de 1974.

Em 1982 foi, a título póstumo, agraciado pelo Presidente da República com a Comenda da Ordem da Liberdade. A sua memória foi ainda homenageada com a atribuição do seu nome à estação radionaval da Apúlia (na sua terra natal), hoje desactivada.

Jorge M. Moreira Silva | 2009

Bibliografia

  • A Propagação das Ondas Electromagnéticas em Torno da Superfície da Terra, sep. Anais do Clube Militar Naval, Lisboa, Imprensa Nacional, 1934 Radioelectricidade Elementar, Lisboa, Livraria Luso-Espanhola, 1952
  • Radioelectricidade, Lisboa, Livraria Luso-Espanhola, 1955
  • A Educação e a Ciência na Competição Comunista, Lisboa : Tip. da L. C. G. G., 1959
  • A Preparação dos Oficiais Superiores da Nossa Armada, sep. Anais do Clube Militar Naval, Lisboa, Tip. da L. C. G. G., Outubro-Dezembro 1959
  • A Carreira Naval na Era Nuclear, sep. Anais do Clube Militar Naval, Lisboa, L.C.G.G., Janeiro-Março 1960
  • O Ministério da Marinha e as suas Precárias Instalações, sep. dos Anais do Clube Militar Naval, nºs 10 a 12,Lisboa, Tip. L.C.G.G., 1961
  • "As Instalações da Marinha", Revista de Marinha, v. 25, nº 457, Lisboa, Abril de 1961, pp. 13-22
  • As Longas Comissões de Serviço da Marinha de Guerra nas Águas da Índia Portuguesa, palestra proferida no Rotary Clube de Viana do Castelo em 19 de Setembro de 1962, Porto, Ed. do Rotary Clube de Viana do Castelo, 1962
  • "Subsídios para a História dos Cursos de Radioelectricidade e de Comunicação da nossa Armada", Anais do Clube Militar Naval, Lisboa, Of. Graf. Minerva, 1965, pp. 691-752
  • Divagando sobre o Passado e o Futuro do Clube Militar Naval, sep. Anais do Clube Militar Naval, ed. especial comemorativa do centenário 1866-1966, Lisboa, Instituto Hidrográfico, 1966
  • A Instrução: Base do Progresso dos Povos, Braga, Rotary Club, 1967
  • "Subsídios para a História do Instituto Superior Naval de Guerra", Anais do Clube Militar Naval, v. 97, t. 1-3, 4-6, 10-12, Lisboa, 1967
  • Gago Coutinho: Geógrafo, Lisboa, Ministério da Educação Nacional, 1973
  • Fontoura da Costa: Professor Insigne, Matemático Categorizado, Marinheiro Brioso mas Inconformado que muito Dignificou a Marinha e Honrou a Pátria, Lisboa, Centro de Estudos da Marinha, 1973

Estudos

  • ANTÓNIO, Joaquim Félix, "Sessão Solene Evocativa do Vice-Almirante Jorge Maia Ramos Pereira por Ocasião do 1º Centenário do seu Nascimento", Revista da Armada, nº 342, Lisboa, Maio de 2001, pp. 14-17

Nota do NRA

Foi sócio honorário da REP;

Foi distinguido em 1932 com o Certificado WAC, conforme atesta o documento da IARU em anexo;

Em Lisboa e a bordo do Cruzador Vasco da gama, teve o indicativo CT1CN e a bordo do Cruzador Adamastor, no extremo Oriente, teve o indicativo CR9CN

Casou em 11 de Maio de 1939, com D. Maria da Graça Lopes de Mendonça não tendo o casal deixado descendência

Fonte: Núcleo de Radioamadores da Armada http://www.nra.pt/ 

Busto em homenagem ao Contra-almirante Ramos Pereira, em Vila Praia de Âncora

VILA PRAIA DE ÂNCORA: A APANHA DO PATÊLO

Desde os finais do século XIX, as gentes do litoral minhoto acostumaram-se a recolher na praia as algas que depois as transportavam para os terrenos de cultivo. Um pouco por toda a costa, era ver ranchos de sargaceiros e sargaceiras com as suas branquetas mar-a-dentro, estendendo as algas na areia da praia para secarem ou fazendo palheiros.

A principal finalidade da apanha do sargaço consistia na fertilização dos campos de masseiras. Porém, algumas espécies de algas como a botelha serviam para a produção de tintura de iodo, a guia para outras aplicações medicinais e a beleza para o fabrico de sabonetes e outros cosméticos, reservando-se a taborra e o maio para a adubagem dos campos.

Com o decorrer do tempo, a faina do sargaceiro foi caindo em desuso, apenas persistindo a sua memória na representação do nosso folclore. Não obstante, as suas ricas propriedades medicinais e alimentares, para além de constituírem um fertilizante natural, prenunciam o regresso dos sargaceiros, naturalmente sem o aspeto pitoresco de outros tempos. 

ng1322281

Apanha do sargaço. Foto: Jornal de Notícias

"No Agosto começa a faina do patelo, assim se chama ao mexoalho ou pilado, que se deita vivo à terra para estrume. Junta-se no mar uma esquadra de barcos, que vêm da Póvoa, de Viana e de Caminha; junta-se na praia uma fiada de carros de todas as aldeias, próximas ou longínquas, que o transportam para o interior das terras. O areal está alastrado de patelo que remexe. Vende-se a lanço ou a cesto, que leva cada um dois alqueires, e custa três tostões. E por toda a costa neste tempo vai a mesma agitação na apanha do sargaço…”

Raul Brandão, de Caminha à Póvoa

img255-2

VILA PRAIA DE ÂNCORA: TERRA DE GENTE QUE NÃO TEME O MAR!

Como disse o sábio grego Platão, existem no mundo três espécies de homens: os vivos, os mortos e os que andam no mar. Esta é uma realidade que as gentes de Vila Praia de Âncora conhecem por experiência própria. Ainda o sol não se ergueu no firmamento e já a os pescadores estão a mudar as redes ao largo da costa, preparando-se para regressar ao portinho com aquilo que o mar lhes deu. Junto à lota, aguardam-nos as mulheres para fazer a venda e, uma pequena multidão de turistas curiosos juntam-se para ver regressar os barcos.

Vila Praia de Âncora - Jul2010 (108)

A pescaria pode ser abundante mas a mesa nunca é farta. Quando o mar não está de feição nem sequer podem sair para o mar. Outras vezes, o que pescam mal chega para custear o gasóleo consumido. Se a pescaria é abundante, baixa o valor com que na lota é arrematado. Mas, apesar do seu baixo custo, o peixe continua a chegar ao prato de quem o consome a preços não raras as vezes exorbitantes.

Vila Praia de Âncora, importante polo turístico do Alto Minho onde todos os anos afluem milhares de forasteiros das mais diversas proveniências que ali vão veranear, tem na indústria hoteleira uma das suas principais atividades económicas. Ela constitui seguramente a principal fonte de escoamento do peixe capturado em toda a região.

Com a construção do novo porto de pesca a norte do forte da Lagarteira e a transferência das embarcações, o velho portinho encontra-se atualmente mais vocacionado para receber as embarcações de recreio. Porém, o local mantém o seu ambiente pitoresco e continua a ser uma das atrações de quem visita aquela vila piscatória e turística.

Vila Praia de Âncora - Jul2010 (10)

Portinho (5)

Farol Portinho

Portinho (2)

VPAncora-11Agosto2011 020

Portinho

Vila Praia de Âncora - Jul2010 (13)

Vila Praia de Âncora - Jul2010 (15)

Vila Praia de Âncora - Jul2010 (122)

HÁ 88 ANOS, LUÍS RAMOS PEREIRA APRESENTOU À CÂMARA DOS DEPUTADOS A PROPOSTA PARA ELEVAR SANTA MARINHA DE GONTINHÃES À CATEGORIA DE VILA COM O NOME DE VILA PRAIA DE ÂNCORA

Em 29 de Abril de 1924, enviou o Senado à Câmara dos Deputados a proposta de lei que visava elevar a freguesia de Santa Marinha de Gontinhães à categoria de vila, passando esta a designar-se por Vila Praia de Âncora. Em 11 de Junho daquele ano, recebeu a Câmara dos Deputados o parecer da Comissão de Administração Pública referente à referida proposta.

O Projecto de Lei com vista à criação de Vila Praia de Âncora é por Luís Inocêncio Ramos Pereira apresentado à Câmara dos Deputados, na sua sessão de 2 de Julho de 1924, presidida por Alberto Ferreira Vidal, nos seguintes termos:

“Projecto de lei n.º 594 — Senhores Senadores. — A freguesia de Gontinhães (Praia, de Ancora), do concelho de Caminha, tem progredido consideravelmente a ponto de ser a mais populosa do concelho.

É um grande centro comercial e industrial e tudo faz antever que num futuro muito breve deseje a sua autonomia administrativa, a fim de o seu desenvolvimento mais se acentuar.

Estância de turismo, como é, tem a sua comissão de iniciativa que carinhosamente estuda os projectos que hão-de facultar a Ancora o lugar de uma das nossas primeiras praias.

As condições naturais são de primeira ordem e talvez se possa afirmar que poucas serão as praias portuguesas que as tenham melhores.

Com a sua população de cerca de 3:500 habitantes está bem nos casos de ver as suas prerrogativas aumentadas e, prestando preito aos laboriosos filhos de Gontinhães (Praia de Ancora), tenho a honra de apresentar ao vosso critério o seguinte projecto de lei:

Artigo 1. ° elevada à categoria de vila a freguesia de Gontinhães (Praia de Ancora), a qual se ficará denominando Vila Praia de Ancora.

Art. 2.° Fica revogada a legislação em contrário — Luís Inocêncio Ramos Pereira.”

Encontrando-se conforme, de acordo com o despacho da Direcção Geral da Secretaria do Congresso da República, foi a Proposta de Lei colocada à votação, a qual foi aprovada sem discussão. O seu teor foi o seguinte:

“Proposta de Lei n.º 708-B

Artigo 1.° É elevada à categoria dê vila a freguesia de Gontinhães (Praia de Ancora), a qual se ficará denominando Vila Praia de Ancora.

Art. 2.° Pica revogada a legislação em contrário.

Palácio do Congresso da República, 14 de Abril de 1924 — António Xavier Correia Barreto — Luís Inocência Ramos Pereira”

Monumento ao Dr. Luís Ramos Pereira em Vila Praia de Âncora