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Paredes de Coura vai inaugurar uma Loja Rural. A cerimónia de inauguração está prevista para se realizar no próximo dia 31 de março pelas 10 horas, no Largo Visconde de Mozelos, e contará com a presença do Secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural, Engenheiro Daniel Campelo.
O Museu Regional de Paredes de Coura leva a efeito no próximo dia 24 de março, pelas 15horas, uma “Rasgada de Farrapos” à moda antiga. Vão participar nesta iniciativa os utentes do Lar de Mozelos e dos Centros de Parada e Padornelo.
Os organizadores apelam à participação sugerindo às pessoas que levem roupas velhas para farrapar e aproveitem ainda a ocasião para experimentar tecer num antigo tear.
FÉ…
Negra é a historia que alumea
Ise teu nome, galego,
Chea de portas que se abren
Para pôr un pé mar adentro.
Historia escrevida por barcos
Que sempre voltan baleiros
Labrada por xentes que son
Eisilados do progresso.
Negra é a historia Galiza,
Que en ti escreben os tempos,
Chea de homes sem nome
De vidas sem dono certo,
Séculos fai que estás parindo
Fillos que adopta o desterro.
- lses tempos xa pasaron!-
Esi, pregoaba o gaiteiro
Agroma a semente nova,
E en ti nace un novo tempo,
Um novo hino que rompe
Nos beizos dos que en ti cremos.
E marchei erguendo orgullosa
A nobre bandeira ó vento
Cheos o fardel e o esprito
De soños, de devezos,
Certa de que a ti terra esgrevia
Había voltar tarde ou cedo.
Atrás ficaban os versos
De poetas insurreitos,
Acusando o maltrato
Dos emigrantes galegos.
Non fixen caso de razóns
Dos que quixeron convencerme
Que a semente que na terra agroma
Vem dar a flor no deserto.
Mais seguimos enxergando a secular carraxe
“dun pranto cotián de bolboretas”.
E non hai siña mais fera
Que levarmos o ser emigrantes
Grabado a ferro na testa,
Que onde queira que vaiamos
Iste alcume nos espera.
Novos tempos son chegados
De mudarmos esta xeira,
Fannos falla mais ca nunca
Mans que labren a terra,
Letras que sementen a historia
E valentes que fagan a ceifa,
A nova Galiza é a utopia
Dos que florescemos nela.
Noelia Rodriguez, Sons de Baleas, Edição Calidum
O regionalismo minhoto e, de uma forma genérica, todas as casas regionais existentes em Lisboa, carecem de renovação – de pessoas, de métodos e sobretudo de ideias – que implique uma nova forma de orientação, mais consentânea com os tempos que correm e com as transformações que estão a verificar-se na sociedade portuguesa. Tal renovação passa pela assunção por parte dos elementos mais jovens e cultos dos destinos das associações em substituição de uma geração que insiste em se manter refém de hábitos ultrapassados e do próprio exercício diretivo. Pese embora os seus constantes lamentos pela falta de quem queira tomar a seu cargo a tarefa de dirigir, são eles quem geralmente dificulta a renovação, não concedendo espaço e apenas preferindo a subserviência dos mais jovens.
Mas, a renovação não se efetua descaracterizando-se as associações regionalistas, alienando os seus objetivos ou entregando os seus destinos a elementos que não possuem a menor ligação com a respetiva região, pese embora a sua generosidade e amizade demonstrada.
Os fluxos migratórios internos têm vindo a alterar-se. As vias de comunicação aproximam Lisboa em relação ao interior. As gentes que um dia vieram viver e trabalhar para Lisboa transferiram-se para a periferia em virtude da terciarização ou seja, do predomínio do comércio e serviços nas áreas centrais da cidade. A oferta cultural diversifica-se. As migrações internas do início e meados do século vinte deram origem a novas gerações já nascidas na cidade que adquiriram novos hábitos, muitos dos quais com formação académica superior, com novos interesses e preocupações. E, essa realidade reflete-se inevitavelmente na vida das casas regionais: após o declínio das associações de âmbito provincial e do último surto de casas concelhias verificado na década de oitenta do século passado, eis que também estas iniciam a marcha descendente.
As casas regionais não podem continuar a ser meras coletividades de cultura e recreio com a atividade dirigida a um público restrito. Elas necessitam de se transformar em entidades prestadoras de serviço de interesse público, na representação regional, um tanto à maneira das “casas regionais” que existem na capital francesa constituídas como sociedades representativas das diversas regiões. Por outro lado, elas devem abrir-se às novas gerações de descendentes, como vinho novo em casco antigo.
Um dos aspetos reveladores da incapacidade revelada pela esmagadora maior parte das “casas regionais” traduz-se na sua incapacidade de adaptação e relutância demonstrada perante as novas tecnologias. Apesar do elevado número de associações regionalistas existentes, é escasso o número daquelas que utilizam eficazmente este meio de comunicação. E, contudo, o Portal do Folclore inclui um sítio especialmente dedicado ao regionalismo, em Portugal e no mundo, assumindo-se simultaneamente como o Portal do Regionalismo Português.
A generalidade das “casas regionais” continua a trabalhar da mesma forma como sempre o fizeram, quase nos mesmos moldes em que vêm atuando desde que, no início do século XX, foram constituídas as primeiras associações. Em muitos casos, a sua atividade cinge-se à realização do almoço anual, ao funcionamento de um bar por vezes concessionado em descarada concorrência com a atividade hoteleira que é submetida a tributação para as finanças, à realização de um “piquenique” e por vezes de provas desportivas. São escassas as associações regionalistas que possuem agrupamento folclórico ou de música tradicional. A realização de exposições, debates, organização de estudos, atividade cultural ainda não entraram verdadeiramente nos seus hábitos.
Os descendentes daqueles que um dia foram forçados a abandonar os campos para trabalharem na cidade, os jovens que já nasceram no meio urbano e beneficiaram de outra formação, constituem um potencial humano que pode assegurar a continuidade das associações regionalistas, conferindo-lhes novas perspetivas. Porém, se tal não vier a suceder, o regionalismo em Lisboa tenderá a extinguir-se muito rapidamente e, a comprovar esse presságio, existem já vários casos de dissolução de casas regionais, algumas delas de constituição recente.
No próximo domingo, 25 de março, às 0100 UTC (0100 no Continente/Madeira e 0000 nos Açores) a hora legal será alterada, devendo os relógios ser adiantados 60 minutos.
Passaremos ao fuso -1 ou Alfa no Continente/Madeira e ao fuso 0 ou Zulu nos Açores.
Assim, a noite de sábado para domingo será uma hora mais curta, pelo que se sugere atenção a este facto para qualquer compromisso que exista para a manhã de domingo.
As Caldas das Taipas, em Caldelas, no Concelho de Guimarães, foi desde os finais do século XIX o destino de eleição da “sociedade elegante” da época ou seja, da burguesia emergente que procurava sobretudo nas estâncias termais local privilegiado de convívio social.
A revista “Ilustração Portugueza”, destinada a um público letrado e com determinado nível social ao qual procurava chegar com as novas ideias republicanas, também nos dava conta do seu modo de vida, um tanto ao jeito do que atualmente se designa por “imprensa cor-de-rosa”. Com o título “Um Arraial Minhoto – Festa de beleza e bondade”, aquela publicação dá-nos conta, na sua edição de 2 de Setembro de 1922, de uma festa social então ocorrida em Caldas das Taipas, identificando muitos dos seus organizadores entre os quais reconhecemos diversos nomes que ainda perduram na sociedade minhota.
(Senhoras organisadoras da festa) – Em pé; (Da esquerda para a direita): D. Maria Augusta Costa e Silva, D. Maria Correia, D. Irene Monteiro de Azevedo, D. Luiza Costa e Silva, D. Celeste de Azevedo Fernandes, D. Antónia Costa e Silva, D. Irene Coimbra, D. Laurinda Soares, D. Judit Coimbra, D. Maria Helena Freitas Ribeiro, D. Maria Aydée Reis, D. Clarinda Pinheiro, D. Berta Moreira da Silva, D. Otília Soares, D. Branca Valente Perfeito, D. Maria Camila Valente Perfeito e D. Gracinda Barros.
Sentadas: - D. Maria Amélia Ferreira, D. Alda Regina Santos, D. Ema Freitas Ribeiro, D. Maria Emília Pinto Fernandes, D. Amália Nunes da Costa, D. Emília Costa e Silva, D. Maria Amália Fernandes Borges, D. Maria Julia Coimbra, D. Maria Alice Freitas Ribeiro, D. Alcina Quintela, D. Odete Ribeiro, D. Ester Guimarães, D. Alda Coimbra, D. Dinorah Branco e D. Maria do Céu Cupertina de Miranda.
UM ARRAIAL MINHOTO
Festa de Beleza e Bondade
O lisboeta decerto, não conhece esse florido recanto minhoto que se denomina Caldas das Taipas, e de que tanto se enamorou Camilo que o recorda e descreve em muitas das suas obras, fazendo-o teatro dum dos seus mais belos romances. É uma pequena estância de águas, a meio caminho de Braga e de Guimarães, e a que a falta de comunicações dificulta o acesso, como acontece, de resto, a Caldelas, ao Gerez e a tantas outras estações de cura e repouso.
Não obstante, nas Caldas das Taipas, fervilha agora uma colónia densa de damas e cavalheiros que do Porto e outras povoações do Norte ali acodem, na esperança de recompor o organismo e retemperar o espírito. E conseguem geralmente realisar esse “desideratum”, não sabemos se por virtude das águas, se pela pureza dos ares, ou até por se deliciarem, pous que lá devem aparecer bons apreciadores, com a ingestão do mais saboroso vinho verde que se produz em terras do Minho.
Namorados – a srª D. Branca Valente Perfeito e seu esposo, sr. Salviano Valente Perfeito
Não há ali, porém, outras distracções que não sejam os longos passeios por montes e vales, deleitando a vista com paisagens de magia e panoramas de encantamento, ou as festas e reuniões familiares que organizam grupos de aquistas, como esse “arraial minhoto” há dias realisado, e que revestiu um brilhantismo extraordinário.
Inspirou-o uma ideia nobilitante e humanitária: socorrer a pobreza local. E os resultados corresponderam plenamente à expectativa, reunindo-se alguns milhares de escudos que foram minorar a desventura de algumas dezenas de infelizes.
O que se deu, de resto, nas Caldas das Taipas, acontece em muitas praias e termas portuguesas onde se costuma reunir nesta época a gente mais abastada. Entre os prazeres que se proporcionam todos aqueles a quem a fortuna bafeja, não costumam esquecer as rudes necessidades que atravessam os desprotegidos da sorte. Fazem-no por snobismo, por vaidade, para ostentação da sua riqueza? Não acreditamos. Longe dos ares empestados da cidade, fóra do âmbito estreito em que se degladiam as paixões políticas, na alma d’essa gente, fundamentalmente boa e caritativa, brota a flôr pubera de sensibilidade, espargindo por toda a parte aromas de beleza e de bem-estar.
Barraca de Caldo Verde, servido pelas srªs D. Ester Guimarães, D. Maria Amália Fernandes Braga, D. Otília Rocha Gomes e D. Maria Julia Coimbra
Venda de bombons
O buffete dirigido pela srª D. Maria do Ceu Cupertino de Miranda
(Cavalheiros organizadores da festa). – Em pé: (Da esquerda para a direita): - Salviano Valente Perfeito, Francisco Viana, Fernando Guimarães, João Valente Perfeito, Raul Pereira da Costa e Antonio Sardinha. Sentados: - Armando Branco, Joaquim Moreira da Silva, Filipe Fernandes Braga, Amadeu Coimbra, Abílio Figueiredo, Jorge de Macedo, Adolfo Sardinha e Artur Cupertino de Miranda.
Nos começos do século XX, a imprensa publicitava um “Sabonete preparado com os saes das aguas de Vizella o melhor para a pelle”. Vem de longe a fama das águas deste concelho minhoto!