Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

BLOGUE DO MINHO

Espaço de informação e divulgação da História, Arte, Cultura, Usos e Costumes das gentes do Minho e Galiza

BLOGUE DO MINHO

Espaço de informação e divulgação da História, Arte, Cultura, Usos e Costumes das gentes do Minho e Galiza

"TROLHA D'AFIFE": UMA CANÇÃO DO FOLCLORE VIANENSE RECOLHIDA EM FINAIS DO SÉCULO XIX

A cantiga “Trolha d’Afife” constitui uma das preciosidades recolhidas em finais do século XIX em Afife, no Concelho de Viana do Castelo. O seu título remete-nos para o ofício de pedreiro que já então constituía vocação dos afifenses.

Esta música aparece publicada no “Cancioneiro de Músicas Populares” que constitui uma obra publicada em 1893 e que pode ser consultada na Biblioteca Nacional de Portugal.

Na sua capa pode ler-se o seguinte: “Cancioneiro de musicas populares contendo letra e musica de canções, serenatas, chulas, danças, descantes, cantigas dos campos e das ruas, fados, romances, hymnos nacionaes, cantos patrioticos, canticos religiosos de origem popular, canticos liturgicos popularisados, canções políticas, cantilenas, cantos maritimos, etc. e cançonetas estrangeiras vulgarizadas em Portugal / collecção recolhida e escrupulosamente trasladada para canto e piano por Cesar A. das Neves ; coord. a parte poetica por Gualdino de Campos ; pref. pelo Exmo Sr. Dr. Teophilo Braga”

FONTE DO ÍDOLO, EM BRAGA, HÁ MEIO SÉCULO ESTEVE AO ABANDONO

O desaparecido jornal “Diário Popular”, na sua edição de 7 de Outubro de 1950, alertava para a situação de abandono que então se encontrava a “Fonte do Ídolo”, em Braga.

A Fonte do Ídolo, assim designada por nela se encontrar esculpida na rocha a imagem de Tongoenabiagus, uma divindade galaica que poderá tratar-se da junção de Tongoe e Nabia, respectivamente reunindo os deuses do juramento e das águas. Aliás, é ao culto a Nabia que devemos os nomes de alguns rios portugueses como o Neiva e o Nabão.

Pelo seu interesse, transcrevemos o artigo então publicado no “Diário Popular”.

FONTE_~1

Fonte do Ídolo, em Braga. (Foto: Wikipédia)

ENCONTRA-SE AO ABANDONO EXIGINDO CUIDADOS URGENTES A HISTÓRICA “FONTE DO ÍDOLO”, EM BRAGA

Braga e os seus arredores orgulham-se justamente de alguns monumentos dos de maior valor histórico e arqueológico do país. Entre estes conta-se a “Fonte do Ídolo”, que a linguagem popular deturpou e simplificou para “Idro” e que é considerado, no seu género, um dos mais expressivos exemplares epigráficos da época pré-romana.

Situada num moderno quintal público, entre o Hospital de S. marcos e a avenida Gomes da Costa, a “Fonte do Ídolo” é constituída por um pequeno penedo granítico – três metros de largura por 8m,20 de altura – tendo esculpias inscrições latinas: “Icus – Fronto – Arcobigensis – Ambimogidus – Fecit” e uma figura de homem com cerca de 1m,20 de altura, de pé. Mais adiante, outra inscrição em que, a seguir a uma palavra ilegível, se vê nitidamente: Tongoe – Nabiagoi. Albano Belino, em 1895, o Professor Leite de Vasconcelos, e, mais recentemente, o arqueólogo dr. Carlos Teixeira ocuparam-se da “Fonte do Ídolo”, interpretando, cada um, o sentido das inscrições. Ao lado da última está, esculpida na rocha, uma pequena edícula contendo um busto humano. No frontão, vê-se, de um lado, uma pomba, e, do outro, um objecto semelhante a um maço de canteiro.

Investigadores e eruditos são unânimes em considerar a Fonte como um monumento em louvor do deus bárbaro Tongoenabiago, sendo as inscrições explicáveis pela filologia céltica. Em resumo, o monumento e a pápida, que lhe está próxima, dedicado à deusa Nabia, constituem relicários preciosíssimos, raros no seu género.

Pois bem: o pequeno quintal onde se encontra a “Fonte do Ídolo”, e ao qual dão acesso alguns degraus sujos e gastos, encontra-se transformado em mictório ou local de despejos! Ao lado, uma taberna sórdida, em cujo terreiro, dominando a Fonte, se pratica toda a espécie de fogos; há horas em que um turista, mais curioso de elementos históricos, não pode visitar este extraordinário monumento… sem tapar o nariz ou os ouvidos. Mau cheiro e palavrões são a moldura actual de um exemplar arqueológico dos de maior valor e mais representativos, do Norte do país. Afigura-se-nos que a “Fonte do Ídolo” era digna de melhor sorte urbanística e, por isso, aqui deixamos o nosso protesto e o nosso apelo à atenção do Município bracarense.

VAMOS CANDIDATAR A “VACA DAS CORDAS” A PATRIMÓNIO CULTURAL IMATERIAL DA HUMANIDADE?

Vaca das Cordas

CARLOS GOMES

in jornal "NOVO PANORAMA" nº. 58, de 15 de Dezembro de 2011

É de origem bem remota a tradição da Vaca das Cordas tal como ela é realizada em Ponte de Lima, devendo mesmo constituir uma das tradições mais primitivas do povo português.

Todos os anos, na véspera do Corpo de Deus, os limianos mantêm o peculiar costume de correr pela vila uma vaca preta, presa e conduzida pelos ministros da função que assim procedem com o auxílio de três longas cordas. Ao começo da tarde, o animal é preso ao gradeamento da igreja Matriz, aí permanecendo exposta à mercê do povo que outrora, num hábito que com o decorrer do tempo se foi perdendo, por entre aguilhoadas e gritaria procurava embravecer o animal a fim de que ele pudesse proporcionar melhor espectáculo. Invariavelmente, às dezoito horas, lá aparecem os executantes da corrida que, após enlaçarem as cordas nos chifres da vaca, desprendem-na das grades e dão com ela três voltas em pesado trote em redor da igreja após o que a conduzem para a Praça de Camões e finalmente para o extenso areal junto ao rio Lima. E, por entre enorme correria e apupos do povo, alguns recebem a investida do animal aguilhoado e embravecido ou são enredados nas cordas, enquanto as janelas apinham-se de gente entusiasmada com o espectáculo a que assiste.

A respeito das suas origens, em meados do século dezanove, o historiador pontelimense Miguel dos Reys Lemos arriscou a seguinte opinião que publicou nos “Anais Municipais de Ponte de Lima” :

"Segundo a mitologia, Io, filha do Rei Inaco e de Ismene - por Formosa e meiga - veio a ser requestada por Júpiter. Juno, irmã e mulher deste apaixonado pai dos deuses, que lia no coração e pensamentos do sublime adúltero e velava de contínuo sobre tudo quanto ele meditava e fazia, resolvera perseguir e desfazer-se da comborça que lhe trazia a cabeça numa dobadoura.

Ele, para salvar da vigilância uxória a sua apaixonada, metamorfoseou-a em vaca: - mas Juno, sabendo-o, mandou do céu à terra um moscardo ou tavão, incumbido de aferroar incessantemente a infeliz Io, feita vaca e de forçá-la a não ter quietação e vaguear por toda a parte.

Io, assim perseguida e em tão desesperada situação, atravessou o Mediterrâneo e penetrou no Egito: aí, restituída por Júpiter à forma natural e primitiva, houve deste um filho, que se chamou Epafo e, seguidamente, o privilégio da imortalidade e Osiris por marido, que veio ter adoração sob o nome de Ápis.

Os egípcios levantaram altares a Io com o nome de Isis e sacrificavam-lhe um pato por intermédio de seus sacerdotes e sacerdotizas: e parece natural que, não desprezando o facto da metamorfose, exibissem nas solenidades da sua predilecta divindade, como seu símbolo, uma vaca aguilhoada e errante, corrida enfim.

Afigura-se-nos que sim e, portanto, que a corrida da vaca, a vaca das cordas, especialmente quanto à primeira parte, as três voltas à roda da Igreja Matriz, seria uma relíquia dos usos da religião egípcia, como o boi bento, na procissão de Corpus-Christi, é representativo do deus Osiris ou Ápis, da mesma religião. E esta foi introduzida com todos os seus símbolos na península hispânica pelos fenícios, aceite pelos romanos que a dominaram, seguida pelos suevos e tolerada pelos cristãos em alguns usos, para não irem de encontro, em absoluto, às enraizadas crenças e costumes populares.

É que essa Ísis, a vaca de Júpiter, a deusa da fecundidade, teve culto especial precisamente na região calaico-bracarense, na área de Entro Douro e Minho; no Convento Bracaraugustano, ou Relação Jurídica dos Bracaraugustanos (povos particulares de Braga), de que era uma pequeníssima dependência administrativo-judicial o distrito dos límicos, prova-o o cipo encravado na face externa dos fundos da vetusta e venerada Sé Arquiepiscopal, - cipo que a seguirtranscrevemos inteirado, conforme a interpretação que em parte, nos ensinou e em parte nos aceitou o eruditíssimo professor do Liceu, Dr. Pereira Caldas:

ISID · AVG · SACRVM LVCRETIAFIDASACERD · PERP · P ROM · ET · AVG

CONVENTVVSBRACARAVG · D ·

Interpretação:

ISIDI AUGUSTAE SACRUM; LUCRETIA FIDA SACERDOS PERPETUA POPULI ROMANI ET AUGUSTI, CONVENTUUS BRACARAUGUSTANORUM DICAT

Tradução:

"SENDO LUCRÉCIA FIDA SACERDOTISA PERPÉTUA DO POVO ROMANO E DE AUGUSTO, O CONVENTO DOS BRACARAUGUSTIANOS DEDICA A ISIS AUGUSTA (OU: À DEUSA ISIS) ESTE MONUMENTO SAGRADO"

Pela importância que a vaca possui para as comunidades rurais do Minho em geral pela sua participação nos trabalhos da lavoura e na alimentação doméstica, tirando partido da paisagem verdejante da região, é bem provável que a mesma tivésse outrora sido venerada como uma deusa da fecundidade e, em torno desse culto, tivéssem surgido os mais variados rituais posteriormente cristianizados como o Corpus Christi e as Festas do Divino Espírito Santo, anunciado a chegada das primeiras colheitas e, por consequência, uma época de prosperidade e abundãncia que aconselha a repartir.

A “Vaca das Cordas” reúne, todas as condições para que, caso a Câmara Municipal de Ponte de Lima elabore o respectivo pedido de inventariação junto do Instituto dos Museus e da Conservação (IMC), venha a ser registada no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial. De salientar que, nos termos da legislação portuguesa, o registo de uma manifestação cultural no Inventário Nacional constitui condição indispensável para a sua candidatura a Património Cultural Imaterial da Humanidade. A sua candidatura deveria constituir um objectivo a congregar todos os esforços dos limianos pela valorização do seu património cultural e da sua própria identidade!

Primeira55-2

Rua Agostinho José Taveira * 4990-072 Ponte de Lima * novopanorama@sapo.pt

OS GALEGOS SÃO NOSSOS IRMÃOS!

Publicou o jornal “Notícias Ilustrado”, na sua edição de 10 de Março de 1929, uma interessante reportagem acerca da comunidade galega radicada em Portugal, dando a conhecer importantes personalidades que se salientaram nos mais variados domínios, desde as artes à indústria, realçando o seu carácter trabalhador e honesto e lembrando ao mesmo tempo as afinidades que ligam os portugueses às gentes da Galiza. É precisamente essa reportagem que aqui parcialmente reproduzimos.

A tradição galaica em Portugal é das mais curiosas, das mais características. Dessa região admirável que um poeta supremo da Espanha cantou enternecidamente, Curros Henriquez, no seu livro máximo “Aires de mi tierra” desse torrão abençoado, que é Portugal na cor quente da sua paisagem, na suavidade acalentadora do céu clima, dessa terra de monumentos antigos e de troveiros campezinos, teem vindo pacientemente, hora a hora, ano por ano, século, por século gerações de gente de trabalho, famílias inteiras à terra portuguesa, onde um nobilitante trabalho lhe dá quasi fóros de naturais. O árduo labor das suas profissões grangeiou à população galega que vive entre nós, uma simpatia fraterna, um convívio demorado, uma cativante estima que apaixonou as duas raças como se verdadeiros irmãos fossem, como se as norteiasse um mesmo ideal de trabalho, a mesma religião de atividade e de esforço.

Prepara-se Portugal para celebrar a semana galaica, sete dias de consagração dos nossos seculares vizinhos.gos

 “O Notícias Ilustrado” dá com este numero a sua comovida colaboração nessa homenagem à colonia galaica que em Portugal tem tão numerosa representação. Irmãos na raça, na actividade, galegos e portugueses irmanam-se na sua intimidade sã e cordeal. E é tão grande essa tradição de amisade que, já em tempos do rei D. João I, um fidalgo da Galiza D. Pedro Alvarez de Souto Maior, que foi Conde de Caminha e Visconde de Tuy, seguiu as hostes de Portugal, onde casou com uma senhora dos Tavoras de Mogadouro, de que há ainda hoje larga descendência, na nobreza lusitana.

Hoje, a colónia galaica, é das mais importantes do nosso paiz. Não só trabalhadores humildes e infatigáveis, trocaram os campos verdes e paisagens fartas pela labuta nos nossos centros; homens de valor, da industria e da sciencia teem em Portugal construído os seus lares. É das mais laboriosas colónias – a da Galiza irmã – esta que tem em Portugal no coração – irmãos; e na alma amigos sinceros e complementos espirituaes – temos entre nós poetas e artistas galegos – que nos acarinham a alma com as suas obras que tanto se casam com o nosso sentimento e com a nossa ternura de meridionais.

Eles são, na nossa terra de sonhadores, de idealistas, como que um pedaço da Espanha cavalheiresca, cheia de tradição, alfobre de lendas deliciosas, ninho de afirmações, onde o Sol tem o brilho que tem no nosso Portugal e onde a paisagem tanto se identifica com a nossa.

(clichés de Batista e Ferreira da Cunha)

“….não se deve esquecer que entre a gente de alem Douro, entre minhotos e galegos, apenas existem características diferentes”

- Alejo Carrera

O MINHO NA INTERNET: PAREDES DE COURA - TERRITÓRIO COM ALMA!

capture2

“Paredes de Coura – Território com Alma” é um blogue de informação courense que se publica desde 2007. Para além dos artigos de indiscutível interesse cultural, este blogue procura acompanhar tudo quanto acontece no Concelho de Paredes de Coura e ainda relacionado com os courenses ausentes da sua terra, apoiando nomeadamente as actividades da sua associação regionalista – a Casa Courense em Lisboa.

O blogue “Paredes de Coura – Território com Alma” encontra-se no endereço http://paredesdecoura.blogs.sapo.pt/ e constitui um elo de ligação entre Paredes de Coura e os courenses espalhados pelo país, além de tratar-se de uma voz que acompanha toda a vida social courense.

DEPUTADO MANUEL DOMINGUES BASTO LEVA À ASSEMBLEIA NACIONAL, EM 1953, OS PROBLEMAS RELACIONADOS COM O RIO LIMA

Em 1953, o deputado Manuel Domingues Basto levou à Assembleia Nacional os problemas relativos ao rio Lima, nomeadamente os relacionados com o seu assoreamento e a regularização dos caudais. A referida intervenção registou-se na sessão que ocorreu a 23 de Março daquele ano, no âmbito da V Legislatura, sob a presidência de Albino dos Reis Júnior.

Manuel Domingues Basto era natural de Monção e foi fundador da Acção Católica de Braga. Sacerdote católico, foi eleito deputado para a V e VI Legislatura da Assembleia Nacional, não tendo chegado a exercer o mandato nesta última em virtude de ter entretanto falecido. Foi vereador da Câmara Municipal de Monção e Presidente da Comissão Municipal de Assistência de Fafe. Em virtude dos seus ideais monárquicos e na sequência do fracasso da Monarquia do Norte, exilou-se em Espanha.

Pelo seu interesse sobretudo do ponto de vista histórico, transcreve-se um extracto da sua extensa intervenção na Assembleia Nacional, na parte respeitante às questões relacionadas com o rio Lima.

“Sr. Presidente: quando o turista, português ou estrangeiro, se dirige ao Alto Minho, para aceder ao convite do autor do Minho Pitoresco e poder confrontar as belezas das margens do rio Minho com as do rio Lima - que se disputam à porfia vantagens e primazias, pleito difícil que o referido autor se não decide a resolver, comparando-o ao eterno e insolúvel problema dos olhos azuis e dos olhos negros -, e, entrando em Viana do Castelo, sobe a esse incomparável miradouro que é o monte de Santa Luzia, sentirá todo o assombro da maravilha da paisagem, viva, garrida e variegada.

Se, porém, além de admirar a paisagem, o interessa a vida da gente que habita esse rincão português de incomparável beleza, notará bem depressa que o rio - que em linguagem poética beija os pés da cidade, sua dama, e abraça os campos -, assoreado no seu leito, invade os terrenos marginais e rouba às gentes de Viana e de Ponte de Lima o pão, ou seja as culturas de algumas centenas de hectares de terreno.

É a nota triste e desoladora no meio de tanta garridice e policromia de tons da paisagem e do traje das raparigas.

Muitas vezes tenho contemplado entristecido este pormenor da paisagem e da vida da gente das margens do rio Lima e perguntado a mim próprio se não há quem veja aquilo e se para o caso se não encontrará remédio.

Tendo exposto a alguém o meu sentir em conversa de minhoto que mais ama a sua pátria através da região em que nasceu, vim a saber que já há estudos feitos sobre o aproveitamento total do rio Lima, de que resultará, com outras vantagens, não só o desaparecimento do espectáculo desolador que entristece o turista, mas ainda o melhoramento da barra de Viana do Castelo, a rega e o enxugo do muitas terras marginais e o aproveitamento hidroeléctrico do rio.

De facto, vêm de longe os estudos sobre o assunto, que é hoje de mais importância e de mais urgência na solução, dado que na sua parte inferior se agravam cada vez mais o estado do leito do rio e o lamentável desperdício das terras marginais invadidas pelas águas.

É o rio Lima, na opinião dos técnicos, um dos poucos rios portugueses cujo aproveitamento total se impõe, e esse aproveitamento reveste-se na actualidade da maior necessidade e urgência, por se tratar de uma região de grande densidade de população, em que as indústrias são escassas ou quase não existem, sendo por isso mais necessário intensificar a produção agrícola e aproveitar todos os recursos da terra.

Pelos elementos que me vieram à mão, verifica-se que as duas mais importantes obras para o aproveitamento completo do rio Lima estão já realizadas, e são o porto de Viana do Castelo, na sua foz, e o aproveitamento hidroeléctrico do Lindoso, na fronteira.

Reconhecem os técnicos a que a bacia hidrográfica do rio Lima tem excepcionais condições de aproveitamento e que nela se registam as maiores precipitações anuais médias e, paralelamente, os maiores coeficientes de escoamento de todo o País».

Vê-se dos bem elaborados anuários dos serviços hidráulicos que há possibilidade de um plano geral de aproveitamento a fio de água no rio, a jusante de Lindoso, e de albufeiras de elevada regularização específica nas ribeiras da Peneda e de Castro Laboreiro.

Os resultados desse plano seriam a produção de grande quantidade de energia, a defesa contra cheias, o enxugo do vale inferior do rio a jusante de Ponte de Lima, a rega e valorização com ela de 5 000 ha de terras férteis, o melhoramento da navegação - de grande vantagem económica para a região - e a recuperação integral de algumas centenas de hectares de terrenos de cultura inutilizados.

E se as duas obras maiores deste plano já estão realizadas, há também já muitos estudos feitos para se chegar ao aproveitamento total do rio.

Nos anos de 1939, 1940 e 1941 realizaram-se, por meio de brigadas de estudos dos serviços hidráulicos, levantamentos topográficos e hidrográficos e medições de caudais no rio Lima e seus afluentes.

Maiores foram os estudos e trabalhos dos anos de 1942 e 1943.

Em 1942 fizeram-se os reconhecimentos gerais necessários para a elaboração do plano geral de aproveitamento, o reconhecimento detalhado do rio Lima sob o ponto de vista hidráulico e agronómico e em relação às necessidades de enxugo e rega e ainda o reconhecimento das bacias dos seus afluentes-rio Vez e ribeiro de Castro Laboreiro.

Em 1943 iniciou-se o estudo do plano geral da regularização e aproveitamento das águas de toda a bacia hidrográfica.

O ano de 1944 foi o do início do estudo do aproveitamento hidroeléctrico, estudando-se já os vales do rio Lima e dos ribeiros da Peneda e de Castro Laboreiro.

Dos estudos e trabalhos no ano de 1945 diz o Anuário dos Serviços Hidráulicos:

Prosseguiu a recolha de elementos topográficos, hidrológicos e agronómicos para a elaboração do plano geral de sistematização da bacia deste rio. Ficou concluída a parte referente à correcção torrencial e ao aproveitamento da energia das águas do rio e dos seus afluentes Castro Laboreiro, Peneda e Vez.

O esquema do aproveitamento hidroeléctrico prevê uma possível produção de 450x106 kWh no ano muito seco de 1944-1945, com influência benéfica na utilização de água para a rega e na manutenção de caudais para a navegação e contribuindo ainda para a diminuição dos transportes sólidos.

Nos anos de 1946,1947,1948 e seguintes continuou se com a elaboração do plano geral de regularização e aproveitamento das águas, tendo-se ainda feito o reconhecimento agro-económico dos terrenos a beneficiar e o reconhecimento geológico dos possíveis locais de barragens.

O Sr. Elísio Pimenta: - Não esqueça V. Ex.ª que o problema do rio Lima, nos aspectos que acaba de encarar, não é o único na região do Minho.

Existe um problema paralelo no rio Minho, a poente de Valença, em S. Pedro da Torre.

O Orador:- Tem V. Ex.ª razão. Tanto na veiga de Ganfei como em S. Pedro da Torre, freguesias do concelho de Valença, há problemas idênticos.

Sr. Presidente: parece que os trabalhos sobre o aproveitamento integral do rio Lima pararam ou, pelo menos, não há indicação do que se fez depois de 1950. Diz-se que foi a necessidade de deslocar os técnicos para estudos urgentes no rio Douro o que motivou esta paralisação de trabalhos e estudos.

Permita-me, ao terminar as minhas considerações no debate das contas públicas, lembrar ao Governo a necessidade de se prosseguir nesses trabalhos interrompidos, visto que depende deles o aproveitamento de grandes fontes de receita, bem necessárias à gente do Alto Minho e às prementes necessidades de melhor nível económico, para sustento da sua densa população.

Junte-se à beleza da paisagem e dos trajos regionais a beleza desta possível e urgente realização. As despesas a que obriga são fartamente compensadas pelas receitas que dela hão-de provir para a economia nacional e para melhoria de vida da gente alegre de Viana e da Ribeira Lima.

Que por esta obra tão necessária possam o estrangeiro ou o português que visitam a cidade de Viana ou ali vão pelas festas da Agonia, ao ouvir os cantares das raparigas e ao apreciar as danças regionais, dizer com toda a verdade: «Sente-se que esta gente é mais feliz e canta com mais vivacidade e alegria porque vive no Portugal renovado de Salazar».

Tenho dito.”

ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE MUSEOLOGIA ATRIBUI MENÇÃO HONROSA AO CENTRO DE MONITORIZAÇÃO E INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL DE VIANA DO CASTELO

O Centro de Monitorização e Interpretação Ambiental de Viana do Castelo foi distinguido pela Associação Portuguesa de Museologia (APOM) como o Melhor Serviço de Extensão Cultural ao ser-lhe atribuída uma menção honrosa nessa categoria dos Prémios APOM 2011.

390372_246262372105931_100001665113037_644654_2063

Com o objectivo de incentivar a imaginação e criatividade dos museólogos portugueses e o seu contributo na melhoria da qualidade dos museus em Portugal, a APOM premeia todos os anos o Melhor Museu Português, a Melhor Exposição, o Melhor Catálogo, o Melhor Serviço de Extensão Cultural e o Melhor Trabalho sobre Museologia e/ou A Melhor Obra Museológica, destacando dessa forma o que de melhor se realiza no âmbito da museologia.

Numa altura em que se encerram as Comemorações do Ano Internacional das Florestas que incluíram as mais diversas iniciativas como a realização de oficinas de aprendizagem sobre fotografia, observação de avifauna; as Conversas de Fim de Tarde sobre temas como anfíbios, incêndios florestais: os Contos da Floresta e a exposição temática “Florestas, um Património a Descobrir”, viu o CMIA desta forma reconhecido o trabalho que realizou durante o corrente ano.

388858_246262448772590_100001665113037_644655_1878

O MINHO NOS EX-LÍBRIS

Ex-libris6

Os ex-líbris constituem marcas de posse que os bibliófilos utilizam para assinalar os seus livros, geralmente formados por pequenas vinhetas coladas no verso da capa ou nas folhas de guarda. Trata-se de uma expressão de origem latina que designa a divisa ou o sinal que utilizam. No dizer do publicista Fausto Moreira Rato, trata-se do “símbolo pessoal, estampado ou impresso, geralmente em papel – de desenho heráldico, alegórico, simbólico, ornamental ou falante, onde figura também o nome e, facultativamente, a divisa do bibliófilo – que se cola no verso da capa de cada livro possuído para garantir a pertença da obra e favorecê-la com este derradeiro requinte de arte”.

Entre nós, o uso dos ex-líbris remonta ao século XVI, pertencendo a Wolfgang Holzschuher, alemão que viveu em Portugal e foi nobilitado por D. Manuel I, o mais antigo ex-líbris até ao momento conhecido em Portugal.

Os ex-líbris podem ser produzidos através das mais variadas técnicas, desde a xilogravura e a zincogravura à serigrafia e à moderna fotocópia, sendo alguns exemplares considerados são verdadeiras obras de arte às quais, não raras as vezes, estão associados consagrados artistas.

Para além do interesse que os mesmos suscitam entre os coleccionadores, os ex-líbris constituem um importante documento de carácter iconográfico que contribui nomeadamente para identificar a origem da propriedade dos livros, a natureza das bibliotecas e a sua associação com a vida e os valores que os norteiam ou ao meio a que se encontram ligados.

Inúmeros são os ex-líbris de bibliófilos minhotos, muitos deles consagrados escritores, os quais são bastante procurados por todos quantos se interessam pela bibliografia minhota.

GRUPO ETNOGRÁFICO DO ALTO MINHO REPRESENTA O NOSSO FOLCLORE NO LUXEMBURGO

Foi nos grupos folclóricos de Santa Marta de Portuzelo, Etnográfico da Areosa e Lavradeiras da Meadela que um grupo de portugueses e luso-descendentes radicados no Luxemburgo se inspirou para formar o Grupo Etnográfico do Alto Minho. Já lá vão mais de dez anos – o Grupo foi constituído em 18 de Abril de 2000 – e já levaram o nosso folclore a numerosas cidades luxemburguesas.

Os seus trajes e as suas danças e cantares são as que existem de mais representativas do folclore das aldeias de Viana do Castelo, trajes de festa e de trabalho, cantares alegres e vivos como o são as gentes do Alto Minho.

A alegria, o colorido e a jovialidade minhota marcam presença no Luxemburgo através do Grupo Etnográfico do Alto Minho que ensaia regularmente no Odeón, situado na 10 r. München-Tesch e pode ser contactado pelo e-mail: etnográfico@etnografico.com

photo

Fotos: Grupo Etnográfico do Alto Minho

FILME “ALTO DO MINHO” TEM ANTESTREIA NO LINDOSO

capture1

O filme “Alto do Minho” tem a sua antestreia já no próximo dia 17 de Dezembro, no Lindoso, devendo a sua estreia ter lugar entre Janeiro e Fevereiro do próximo ano, em Viana do Castelo.

Com realização de Miguel Filgueiras e produção de José Filgueiras, “Alto do Minho” é um filme documental sobre Identidade, Espectáculo e Etnografia das gentes do Alto Minho.

ILUSTRAÇÕES DE MANUEL COUTO VIANA

Ex-libris6-1

Ex-líbris em zincogravura, desenhado por Manuel Couto Viana, em 1955, com a legenda: “Nasci à beira do rio Lima, rio saudoso todo cristal”

 

Manuel dos Passos Couto Viana era pai do conceituado poeta e escritor vianense António Manuel Couto Viana. Nasceu em Viana do Castelo, a 13 de Março de 1892. Artista identificado com o modernismo, Diogo de Macedo, na revista “Aventura”, nomeia-o entre os primeiros modernistas referindo que “iam espalhando pelo país além o gosto novo, por vezes nefelibata, em páginas de revistas, em capas de livros, em cartazes, em cenários de teatro, em inovações de indústrias nacionais, em exposições, etc., educando o povo das cidades e agradando ao das aldeias, ao ponto de não ser considerado como obra civilizada qualquer realização de arte onde alguns desses nomes não colaborassem”.

Manuel Couto Viana foi editor e redactor principal do jornal “Notícias de Viana” e do “Arquivo de Viana do Castelo”, tendo sido um dos primeiros escritores a publicar no “Anuário do Distrito de Viana do Castelo”.

Foi um notável ilustrador, tendo publicado inúmeros dos seus desenhos nomeadamente no “Mensário das Casas do Povo” e na “Alma Nova” em relação à qual aqui reproduzimos algumas das suas ilustrações.

capture4

capture5

capture6

capture7

capture8

Ilustrações publicadas na revista "Alma Nova"

O MINHO NA CARTOGRAFIA FRANCESA DO SÉCULO XVII

capture1

Esta carta data de 1654 e tem por título “Parte Septentrional do Reyno de Portugal”. É da autoria de Nicolas Sanson d'Abbeville e foi editada em Paris, na casa do autor. Faz parte de uma série de cartas que respeitam às divisões políticas e administrativas de Portugal e encontra-se depositada no Departamento de Cartas e Planos da Biblioteca Nacional de França.

Nicolas Sanson foi um célebre geógrafo e cartógrafo francês ao tempo do rei Luis XIII e do Cardeal Richelieu, tendo inclusive dado aulas de geografia a Luis XIII e a Luis XIV. Nasceu em Abbeville em 1600 e faleceu em Paris em 1667.

Nicolas_Sanson

Nicolas Sanson d'Abbeville

 

REAL, REAL, REAL, POR D. JOÃO IV NOSSO SENHOR E REI DE PORTUGAL!

Há precisamente 371 anos, D. João IV foi aclamado Rei de Portugal, em consequência da Restauração da Independência em 1640. Para além de Duque de Duque de Bragança, D. João IV detinha ainda os títulos de Duque de Guimarães e de Barcelos, Conde de Barcelos, Guimarães e Neiva.

Matriz_de_Ponte_de_Lima_-_Azulejos

Aclamação de D. João IV em Ponte de Lima. (Foto: Wikipédia)

Conta-nos o Conde da Ericeira, D. Luís de Meneses, na sua História de Portugal Restaurado, que a cerimónia decorreu num grandioso palanque junto à varanda do Paço da Ribeira onde, diante de representantes das três classes – Clero, Nobreza e Povo – prestou juramento no sentido de manter os tradicionais foros, liberdades e garantias dos portugueses usurpadas pelos reis espanhóis, as quais haviam sido juradas nas Cortes de Tomar.

As cerimónias prosseguiram nomeadamente com a oração da aclamação, o pronunciamento do brado tradicional – Real, Real, Real, por El-Rei de Portugal! – e a entrega ao Rei das chaves da cidade de Lisboa, tendo por fim se realizado o cortejo processional à Sé Catedral onde foi celebrado um solene Te Deum de graças, tendo D. João IV no acto de coroação, depositado aos pés de Nossa Senhora da Conceição a coroa de rainha. A partir desse momento, D. João IV tornou-se Rei de Portugal e Nossa Senhora da Conceição, a sua Padroeira.

A MULHER DE VIANA DO CASTELO

capture4

A aldeã do distrito de Viana é, por via de regra, tecedeira. É preciso não se confundir o que no Minho se chama tecedeira com o que geralmente se entende por teceloa. A tecedeira de Viana não se emprega numa fábrica nem tem propriamente uma oficina. Sabe simplesmente tecer como a menina de Lisboa sabe fazer crochet; e junto da janela engrinaldada por um pé de videira o seu pequenino tear caseiro, como o da casta Penépole, tem o aspecto decorativo de um puro atributo familiar, como um cavalete de pintura ou um órgão de pedais no recanto de um salão. A tecedeira trabalha mais para si do que para os outros nesse velho tear herdado e transmitido de geração em geração, e não tece servilmente e automaticamente, como nas fábricas, sobre um padrão imposto pelo mestre da oficina, mas livremente, como artista, ao solto capricho da sua fantasia e do seu gosto, combinando as cores segundo os retalhos da lã de que dispõe, contrastando os tons e variando os desenhos ao seu arbítrio. Tecer em tais condições é educar a vista e o gosto para a selecção das formas num exercício infinitamente mais útil que o de todas as prendas de mãos com que nos colégios se atrofia a inteligência e se perverte a imaginação das meninas de estimação, ensinando-lhes ao mesmo tempo como se abastarda o trabalho e como se desonra a arte.

(…) O marido minhoto, por mais boçal e mais grosseiro que seja, tem pela mulher assim produtiva um respeito de subalterno para superior, e não a explora tão rudemente aqui como em outras regiões onde a fêmea do campónio se embrutece de espírito e proporcionalmente se desforma de corpo acompanhando o homem na lavra, na sacha e na escava, acarretando o estrume, rachando a lenha, matando o porco, pegando à soga dos bois ou à rabiça do arado, e fazendo zoar o mangual nas eiras, sob o sol a pino, à malha ciclópica da espiga zaburra.

- Ramalho Ortigão, in As Farpas

Ilustração: Couto Viana

CÂMARA DOS DEPUTADOS DA PRIMEIRA REPÚBLICA HOMENAGEOU O COURENSE NARCISO ALVES DA CUNHA

O ilustre courense que foi Narciso Alves da Cunha faleceu no dia 15 de Janeiro de 1913. Aproxima-se, pois, a data do centenário do seu falecimento que, por certo, os seus conterrâneos não deixarão de assinalar na altura própria.

No dia seguinte à sua morte, todos os parlamentares e grupos políticos representados na Câmara dos Deputados associaram-se às manifestações de pesar que então se verificaram, prestando-lhe a devida homenagem. Registamos as intervenções feitas na sessão realizada nesse dia, sob a presidência de José Augusto Simas Machado.

untitled

O Sr. Presidente: - Cumpro o doloroso dever de participar á Câmara a morte do

Sr. Senador Narciso Alves da Cunha que fez parte da Assembleia Constituinte, donde foi eleito para o Senado.

Narciso Alves da Cunha foi um digno funcionário público e um homem que prestou relevantes serviços ao seu país (Apoiados). Distinguiu-se, sempre pelas suas altas qualidades de carácter, e quer como membro da Assembleia Nacional Constituinte quer como membro do Senado, prestou á República valiosos serviços. (Apoiados). E creio interpretar o sentir da Câmara propondo que na acta seja exarado um voto de profundo sentimento pela morte do ilustre homem público, -que, à semelhança do que, em ocasiões idênticas se tem feito, se levante a sessão por cinco minutos (Apoiados).

O Sr. Casimiro de Sá: - Sr. Presidente: em meu nome pessoal e, também, por indevida honra, em nome do Partido Evolucionista a que pertenço, associo-me, comovidamente, à triste comemoração que agora fazemos.

O Sr. Narciso Alves da Cunha era da minha terra; vivi nas suas relações pessoais durante largos anos. Afirmou-se, sempre, um homem de inteligência, um homem de cultura e um homem de estudo (Apoiados). Foi, principalmente, um grande amigo da sua terra; e para a história local, deixou em um livro, que é uma página de amor à terra onde nasceu, subsídios importantes para a história do meu concelho: Paredes de Coura.

Assim, eu, lamentando a morte prematura e inesperada do meu ilustre conterrâneo, do homem com cujas relações pessoais longos anos me honrei, do homem que soube amar e honrar, também, a sua e minha terra, eu, neste momento, em meu nome e igualmente em nome do Partido Evolucionista, associo-me, repito, comovidamente, com verdadeira sinceridade ao voto de pesar proposto pelo lamentável acontecimento. (Apoiados).

S. Exa. não reviu.

O Sr. Barbosa de Magalhães: - Sr. Presidente: o Parlamento da República acaba de sofrer uma grande perda, porque o Sr. Narciso Alves da Cunha, cujo falecimento todos nós deploramos, era uma dessas figuras que se impunham ao respeito e à consideração de todos, pelas suas qualidades de carácter, pela sua inteligência e pela afabilidade do seu trato (Apoiados).

Em cada um dos seus colegas tinha um verdadeiro amigo (Apoiados), que o considerava e estimava (Apoiados).

Sendo um sacerdote ilustre, e não obstante poder incorrer nas iras de Roma, nas iras dos reaccionários, daqueles que não viam bem a República, êle soube integrar-se nela e soube, desde o primeiro momento, prestar-lhe os valiosos serviços que, pela sua inteligência e pela muita consideração de que gozava, não só na sua terra, no seu concelho, mas em todo o distrito, lhe podia prestar. Prestou, efectivamente, grandes e alevantados serviços ao seu país, á República e ao Partido Democrático, a quem, desde logo, deu a sua mais calorosa adesão. (Apoiados).

Não e só em meu nome, mas em nome do Grupo Parlamentar Democrático, por quem tenho a honra de falar, e bem assim por todo o Partido Democrático, que eu, sincera e comovidamente, me associo à proposta de V. Exa., declarando que, realmente, a morte do digno Senador foi uma perda grande para o Parlamento da República, porque Narciso Alves da Cunha a todos se impunha pelas suas grandes qualidades (Apoiados).

Vozes: - Muito bem, muito bem.

S. Exa. não reviu.

O Sr. Brito Camacho: - Pedi a palavra para declarar, em nome dos Deputados da União Republicana, que nos associamos a todas as homenagens prestadas â memória do ilustre Senador, cujo falecimento todos pranteiam.

S. Exa. não reviu.

O Sr. Amorim de Carvalho: - Encarregado pelos Deputados independentes desta Câmara, tenho a declarar a V. Exa., Sr. Presidente, que nos associamos á homenagem prestada à memória do Senador Sr. Narciso Alves da Cunha.

Devo acrescentar que foi ele um grande trabalhador, que prestou serviços à causa da República.

É sempre, para nós, lamentável ver desaparecer trabalhadores como ele foi.

É por isso que os Deputados independentes tomam parte na homenagem prestada à memória do ilustre extinto.

S. Exa. não reviu.

O Sr. Ministro do Interior (Rodrigo Rodrigues): - Pedi a palavra para declarar a V. Exa., Sr. Presidente, e à Câmara, que o Governo se associa ao voto de condolências pelo falecimento do Sr. Senador Narciso Alves da Cunha.

A sua individualidade escusa de mais palavras de exaltação. Bastou a sua presença, dentro do Congresso, para afirmar, não só o seu alto espírito de civismo e o espírito de cordura e boa orientação que às leis da República tem presidido, mas, também, que ele foi um bom sacerdote e um bom cidadão republicano.

S. Exa. não reviu.

O Sr. Presidente: - Em vista das manifestações prestadas pelos ilustres Deputados que usaram da palavra, considero aprovada a minha proposta e suspendo a sessão por cinco minutos.

Eram 15 horas e 20 minutos.