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BLOGUE DO MINHO

Espaço de informação e divulgação da História, Arte, Cultura, Usos e Costumes das gentes do Minho e Galiza

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CANTARES GALLEGOS: POESIA DE ROSALÍA DE CASTRO É PARTE INTEGRANTE DA LITERATURA PORTUGUESA

Considerada a fundadora da moderna literatura galega, a escritora e poetisa Rosalía de Castro foi a iniciadora do Rexurdimento, movimento cultural que constitui o germe do nacionalismo galego. A publicação da sua obra Cantares Gallegos, da qual extraímos o poema “Adeus, rios; adeus, fontes”, é actualmente assinalado como o Dia das Letras Galegas.

Rosalía de Castro é um dos grandes vultos da literatura galega, o mesmo é dizer da Língua portuguesa que se emprega na Galiza. E, tal como se verifica com o cancioneiro medieval galaico-minhoto, também a poesia de Rosalía de Castro e, de uma maneira geral a literatura galega, deveria ser difundida e estudada em Portugal.

Adeus, rios; adeus, fontes

 

Adeus, rios; adeus, fontes;

adeus, regatos pequenos;

adeus, vista dos meus olhos;

não sei quando nos veremos.

 

Minha terra, minha terra,

terra onde me eu criei,

hortinha que quero tanto,

figueirinhas que plantei,

 

prados, rios, arvoredos,

pinhares que move o vento,

passarinhos piadores,

casinha do meu contento,

 

moinho dos castanhais,

noites claras de luar,

campainhas timbradoras

da igrejinha do lugar,

 

amorinhas das silveiras

que eu lhe dava ao meu amor,

caminhinhos entre o milho,

adeus para sempre a vós!

 

Adeus, glória! Adeus, contento!

Deixo a casa onde nasci,

Deixo a aldeia que conheço

Por um mundo que não vi!

 

Deixo amigos por estranhos,

deixo a veiga pelo mar,

deixo, enfim, quanto bem quero…

Quem pudera o não deixar!...

 

Mas sou pobre e, malpecado!

a minha terra n’é minha,

que até lhe dão prestado

a beira por que caminha

ao que nasceu desditado.

 

Tenho-vos, pois, que deixar,

hortinha que tanto amei,

fogueirinha do meu lar,

arvorinhas que plantei,

fontinha do cabanal.

 

Adeus, adeus, que me vou,

ervinhas do campo-santo,

onde meu pai se enterrou,

ervinhas que biquei tanto,

terrinha que nos criou.

 

Adeus, Virgem da Assunção,

branca como um serafim;

levo-vos no coração;

vós pedi-lhe a Deus por mim,

minha Virgem da Assunção.

 

Já se ouvem longe, mui longe,

as campanas do Pomar;

para mim, ai!, coitadinho,

nunca mais hão de tocar.

 

Já se ouvem longe, mais longe…

Cada bad’lada uma dor;

vou-me só e sem arrimo…

Minha terra, adeus me vou!

 

Adeus também, queridinha…

Adeus por sempre quiçá!...

Digo-che este adeus chorando

desde a beirinha do mar.

 

Não me olvides, queridinha,

Se morro de solidão…

Tantas léguas mar adentro…

Minha casinha!, meu lar!

 

Rosalía de Castro, Cantares Gallegos, edição de Higino Martins Esteves

MUSEU DE ARTE POPULAR: ARTESANATO E PRODUTOS REGIONAIS DE TODO O PAÍS MOSTRAM-SE EM LISBOA

Começou ontem com grande sucesso a MOART - Mostra de Artesanato e Produtos Regionais, iniciativa da Progestur em parceria com o Museu de Arte Popular (MAP) e que conta com o apoio da Associação de Artesãos da Serra da Estrela. Este certame prossegue nos dias 8, 9, 10, 11, 17 e 18 de Dezembro, das 10h às 18h, excepto Sábados que encerra às 21h, com entrada livre.

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Pretende-se com esta iniciativa criar uma oportunidade de trazer até Lisboa e juntar num espaço de excelência como é o MAP, o melhor do artesanato português, os nossos produtos regionais mais relevantes e uma dinâmica de animação diária, com actuações de grupos etnográficos, música tradicional, exposições, ateliês, provas de produtos DOP, magustos, entre muitas outras acções.

Na MOART, daremos visibilidade tanto ao melhor do nosso artesanato tradicional como ao New Craft, apresentando em simultâneo as novas tendências da fusão entre artesanato e design e as peças dos grandes mestres da cerâmica, olaria e de muitas outras artes e ofícios.

A programação será dinâmica e diversificada. Venha aprender como se faz uma peça de cerâmica e desfrute de um bom vinho acompanhado por uma fatia de pão alentejano com queijo da serra da estrela. Serão ainda todos os dias sorteados vouchers cujos prémios vão desde a um fim-de-semana na Quinta Nova N.S do Carmo a muitas outras surpresas que estamos a preparar.

É nossa intenção tornar a MOART um evento desejado no calendário da programação de actividades culturais nacionais, contando para isso com a vossa colaboração que será certamente imprescindível ao êxito desta iniciativa.

Este evento é organizado sob a óptica da sustentabilidade das entidades presentes assim como pelo dever, que é de todos, de Responsabilidade Nacional de promoção e valorização do produto português!

Na MOART, motivos não faltam para conhecer e descobrir, viver e saborear Portugal, tudo num só espaço em Lisboa!

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MÁRCIA CONDESSA: UMA MINHOTA QUE FOI UMA DAS MAIS CÉLEBRES CANTADEIRAS DO FADO

Numa altura em que o fado acaba de ser reconhecido pela UNESCO como Património Imaterial da Humanidade, parece-nos oportuno recordar aquela que foi uma das mais famosas cantadeiras do fado: Márcia Condessa.

Ficou célebre a sua casa típica à Praça da Alegria, em Lisboa. Aliás, muitos foram os minhotos que ali actuaram, com os nossos trajes tradicionais, após os ensaios realizados nas casas regionais, recebendo o respectivo pagamento pela sua actuação. Márcia Condessa nunca esqueceu as suas gentes e ajudava sempre que podia.

Acerca da sua biografia, transcrevemos o que é referido no Portal do Fado, em http://www.portaldofado.net/

“Márcia Condessa nasceu em Monção a 28 de Setembro de 1915. Não tendo possibilidade para realizar estudos, veio ainda jovem para Lisboa para procurar trabalho.

A sua ligação ao fado inicia-se no restaurante da Bica onde Márcia Condessa trabalhava e, por vezes, cantava fados e também algumas canções galegas.

Em 1938, quando o jornal "Canção do Sul" organiza o Concurso da Primavera, os frequentadores e habitantes do bairro pedem a Márcia Condessa que participe em representação da Bica. A fadista acede aos pedidos, passa nas eliminatórias e chega à final do concurso, realizada a 11 de Julho de 1938, numa das salas da redacção do jornal.

Nesta prova cada cantadeira interpreta dois fados do seu repertório, um castiço e outro canção e, conforme é referido na edição do jornal de 16 de Julho, onde se publica a acta do concurso, foi atribuído pelo júri o "1º prémio e por unanimidade, o título de «Rainha do Fado - 1938» à candidata do Bairro da Bica, Márcia Condessa, a qual reúne sobejamente os predicados requeridos de dicção, voz e expressão."

Vencido o concurso e apresentada a fadista na capa da referida edição do jornal "Canção do Sul", a cantadeira passa a actuar em várias casas de fado e espectáculos vários até abrir, na década de 1950, o seu próprio restaurante típico.

Quando em 1938 Márcia Condessa arrecadou o título de «Rainha do Fado», no Concurso da Primavera do jornal "Canção do Sul", abraçou a carreira de fadista como sua profissão.

Os locais onde interpretou o fado abarcam várias casas de fado, mas foi na Adega Machado que integrou o elenco permanente durante vários anos, até ter inaugurado o restaurante "Márcia Condessa", desde aí condicionando a sua carreira artística para as apresentações diárias e gestão deste espaço.

A 16 de Abril de 1942, Márcia Condessa volta a ser a capa do jornal "Canção do Sul" que apenas quatro anos passados da sua estreia a adjectiva como "Uma Titular no Fado Antigo" e "A Voz da Humildade".

Em 1944, a fadista actuou no Coliseu do Porto, no espectáculo "Mãe Portuguesa", onde se juntava na interpretação a dois outros grandes nomes do universo fadista, Ercília Costa e a Júlio Proença. (cf: "Canção do Sul", 16 de Setembro de 1944).

É no nº 38 da Praça da Alegria que a fadista abre a casa "Márcia Condessa", a qual se tornará um ponto de referência nos circuitos de exibição dos fadistas mais destacados. Para além das actuações da própria Márcia Condessa, passaram por este espaço artistas como Celeste Rodrigues, Alcindo Carvalho, Teresa Nunes, Alfredo Marceneiro, Fernando Farinha ou Beatriz da Conceição.

Este será o espaço onde a cantadeira se manterá até decidir afastar-se da carreira artística em meados da década de 1970, passando depois o espaço a ser gerido por um sobrinho seu e, mais tarde, passando pelas mãos de vários sócios, que mantiveram o nome da casa. No decorrer da década de 1990 a casa deixou de ser espaço de apresentação de fado e passou a ser o restaurante "O Púcaro".

Márcia Condessa fez também actuações no estrangeiro. Durante 8 meses esteve no Brasil, integrada numa companhia de teatro, da qual faziam também parte Irene Isidro, António Silva e Ribeirinho. E, já depois de ter a sua casa aberta ao público, fez um espectáculo em Marrocos, integrando uma comitiva de Estado.

Apesar da sua longa carreira não existem quase registos discográficos de Márcia Condessa. Em formato CD existe apenas uma edição conjunta com Adelina Ramos e Berta Cardoso, na colecção "Fados do Fado" da Movieplay. Aqui surgem reeditados os quatro temas que a fadista gravou para a editora Alvorada em 1962: "Embuçado", "Fado menor (quadras soltas) ", "Canção do Mar" e "Fado das Caravelas".

Márcia Condessa faleceu a 1 de Julho de 2006, quando estava perto de completar 91 anos. O seu funeral realizou-se na sua terra natal, em Monção.”

NAMORO E CASAMENTO NO ALTO MINHO

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As imagens registam o encontro de namorados e o casamento, à saída da igreja, em Santa Marta do Portuzelo, no Concelho de Viana do Castelo. As fotos foram publicadas no livro “Portugal e o Mar”, de Frederic P. Marjay, editado pelo autor em 1957 com o patrocínio da Junta Nacional da Marinha Mercante e dos Organismos Corporativos da Pesca.

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