O XII Festival de Folclore de S. Martinho da Gândra que se realizou em 29 de Agosto de 1971, foi notícia na revista “Folclore” nº. 21, de Novembro de 1971. Óscar Perestrello de Barros, o cronista que acompanhou o festival e dele deu a devida nota nas colunas daquela revista, realçou a qualidade do espectáculo no qual participaram oito grupos folclóricos, incluindo o anfitrião. Ao descrever o que viu, deixou-se na escrita embalar pelo entusiasmo - e porventura inebriado pelo verdasco! - e caiu no exagero: “Moças locais, com os seus fatos, ofereciam o belo vinho verde numa malga (ou tigela) que devia levar aproximadamente cinco litros…”
A imagem reproduz um artigo da revista Ilustração Portugueza que descreve uma Parada Agrícola realizada em Barcelos.
Os cortejos etnográficos constituem um espectáculo geralmente muito apreciado do público, mesmo comparativamente às exibições de ranchos folclóricos, vulgarmente designadas por festivais. Em diversas localidades do país, eles integram as respectivas festividades, atraindo milhares de forasteiros e tornando-se, quase sempre, um dos momentos mais apreciados do público. São exemplo o cortejo nas Festas em Honra de Nossa Senhora da Agonia, em Viana do Castelo e nas Feiras Novas em Ponte de Lima.
Nas aldeias e freguesias em redor, o povo prepara com afano a sua participação no aprazado cortejo, levando consigo os elementos mais característicos que de alguma forma identificam a sua terra, procurando representar aspectos peculiares dos ciclos do trabalho desde a sementeira do linho à sacha do milho, da pastorícia à produção do vinho. A acompanhar, a rusga ou o rancho a animar o desfile com as alegres rapsódias do folclore local. E o povo que se apinha à beira do passeio para ver passar os figurantes, interage com eles que, não se fazendo rogados, brinda os mais sequiosos com malgas de verdasco.
O aparecimento dos cortejos etnográficos remonta aos começos do século XX e tem a sua origem nas paradas agrícolas que então se realizavam como uma mostra das produções locais com vista a incentivar as actividades económicas e promover o desenvolvimento da respectiva região. O elemento etnográfico apenas surgia como uma forma de emprestar um ambiente pitoresco a contento de uma burguesia apreciadora de costumes por ela considerados bizarros. Porém, não constituía a sua principal finalidade, pese embora servirem para transmitir uma ideia de que o trabalho era valorizado e, como tal, o próprio povo que o realizava.
A revista “Ilustração Portugueza” dá-nos conta de diversas paradas agrícolas que então se efectuavam, aliás à semelhança das exposições de outros produtos como o objectivo de promover a sua venda e exportação. Juntamente com o jornal “O Século” a que se encontrava ligado e constituindo um instrumento de propaganda dos ideais republicanos e da maçonaria, aquela revista era especialmente difundida entre os sectores burgueses estabelecidos nos centros urbanos de quem, aliás, recebia os clichés e as notícias que publicava, mantendo uma rede de correspondentes que se estruturava paralelamente à própria organização política.
A revolução industrial determinou a necessidade de se organizarem certames, alguns de projecção internacional, com vista à promoção dos produtos dos vários países e a divulgação das mais recentes realizações da indústria e da tecnologia. São tais eventos que estão na origem das exposições mundiais e nas grandes feiras industriais que são levadas a efeito pelas associações empresariais de diversos sectores de actividade. Mas, também a uma escala regional foram surgindo iniciativas do género que ainda subsistem, embora registando modificações que o tempo lhes impôs.
Ao mesmo tempo que se realizavam as paradas agrícolas, surgiam em diversas localidades grupos folclóricos mais ou menos constituídos como tal que serviam sobretudo para animar algum acontecimento ou festividade que então se realizava. Com o advento do Estado Novo, tais paradas agrícolas receberam novas influências e apresentaram um novo figurino. Mais do que promover os produtos regionais, os cortejos etnográficos passaram a transmitir uma nova ideologia assente na doutrina do Corporativismo pelo que, nalguns casos, chegaram mesmo a receber a denominação de “Festa do Trabalho” como sucedeu em Viana do Castelo. Entretanto, o aparecimento de numerosos ranchos folclóricos sob o incentivo e o patrocínio da Junta Central das Casas do Povo, da FNAT e da Mocidade Portuguesa veio colocar definitivamente o folclore como elemento central dos referidos desfiles, embora também associados a finalidades de propaganda e promoção turísticas.
A partir de então, o folclore ficou etiquetado e arrumado em gavetas que correspondem a uma divisão administrativa em províncias que foi ensaiada pelo Estado Novo mas que, na realidade, não passou de umas manchas coloridas no mapa de Portugal. Um pequeno punhado de ranchos de diversos pontos do país foi escolhido e especialmente apadrinhado para representar as respectivas províncias, o mesmo sucedendo com o artesanato, os trajes tradicionais e as próprias festas e romarias, como se a cultura tradicional das diferentes regiões assentasse num único padrão e, entre elas não existissem cambiantes de luz e cor e as pessoas não se influenciassem mutuamente no contacto entre si, na feira, no trabalho ou na romaria e as migrações internas fossem algo inexistente.
Quem assiste ao cortejo etnográfico que se realiza em Viana do Castelo por ocasião das Festas em Honra de Nossa Senhora da Agonia tem a probabilidade de deparar com a participação no referido desfile de algumas unidades industriais como os Estaleiros Navais de Viana do Castelo. Sucede que, não se tratando propriamente de uma representação etnográfica, a mesma só poderá resultar de uma certa inspiração no figurino da “Festa do Trabalho” que outrora ali tinha lugar.
Nos tempos mais recentes, um tanto com base em modelos importados sobretudo dos antigos países socialistas, algumas localidades organizam geralmente por ocasião do respectivo feriado municipal um desfile daquilo a que costumam designar por “forças vivas” e que incluem indiscriminadamente e sem quaisquer preocupações de ordem estética, ranchos folclóricos, bandas de música, fanfarras dos bombeiros, colectividades desportivas, entidades fabris e toda a espécie de agremiações. Em lugar dos tradicionais arcos decorativos, as artérias que constituem o seu percurso são frequentemente engalanadas com bandeiras de cores variadas e formatos reduzidos, um género também ele originário daqueles países. Não se trata, pois, de um desfile etnográfico mas antes de uma manifestação política ao jeito municipalista ao qual os ranchos folclóricos emprestam o seu colorido e animação com o toque das suas gaitas.
Em síntese, o cortejo etnográfico representa um género de espectáculo que teve a sua origem como meio de propaganda com a finalidade de promover os produtos e actividades regionais, evoluindo para novas formas de acordo com as transformações sociais e políticas que entretanto se foram registando na sociedade portuguesa. Porém, continua a ser uma das componentes mais apreciadas do público sempre que as mesmas surgem integradas nas festividades, apresentando quadros animados e coloridos das tradições locais.
Por um compreensível desconhecimento, grande parte dos portugueses possui um entendimento errado em relação à identidade da Galiza e das gentes galegas, classificandas de "espanhóis" e confundindo-as com os demais povos penínsulares. Aliás, tal como sucede em relação à língua portuguesa que é o idioma da Galiza e que também é erradamente confundida com o castelhano que é a língua oficial de Espanha, também ela impropriamente por vezes designada por "espanhol". Na realidade e para além dos portugueses, a Península Ibérica é habitada por gentes de culturas e idiomas tão distintos como os vascos, os catalães, os asturianos e finalmente, os galegos e portugueses que possuem uma língua e uma identidade cultural comum, apenas separados em consequência das vicissitudes da História. A Espanha, afinal de contas, não representa mais do que uma realidade supranacional, cada vez mais ameaçada pelas aspirações independentistas dos povos que a integram.
Com as suas quatro províncias - Corunha, Lugo, Ourense e Pontevedra - e ainda alguns concelhos integrados na vizinha Astúrias, a Galiza constitui com Portugal a mesma unidade geográfica, cultural e linguística, o que as tornam numa única nação, embora ainda por concretizar a sua unidade política. Entre ambas existe uma homogeneidade que vai desde a cultura megalítica e da tradição céltica à vetusta Gallaécia e ao conventus bracarensis, passando pelo reino suevo, a lírica galaico-portuguesa, o condado portucalense e as sucessivas alianças com os reis portugueses, as raízes étnicas e, sobretudo, o idioma que nos é comum - a língua portuguesa. Ramon Otero Pedrayo, considerado um dos maiores escritores do reintegracionismo galego, afirmou um dia na sua qualidade de deputado do parlamento espanhol que "a Galiza, tanto etnográfica como geograficamente e desde o aspecto linguístico, é um prolongamento de Portugal; ou Portugal um prolongamento da Galiza, tanto faz". Teixeira de Pascoaes foi ainda mais longe quando disse que "...a Galiza é um bocado de Portugal sob as patas do leão de Castela". Não nos esqueçamos que foi precisamente na altura em que as naus portuguesas partiam à descoberta do mundo que a Galiza viveu a sua maior repressão, tendo-lhe inclusivamente sido negada o uso da língua galaico-portuguesa em toda a sua vida social, incluindo na liturgia, naturalmente pelo receio de Castela em perder o seu domínio e poder assistir à sua aproximação a Portugal.
No que respeita à sua caracterização geográfica e parafraseando o historiador Oliveira Martins, "A Galiza d'Aquém e d'além Minho" possui a mesma morfologia, o que naturalmente determinou uma espiritualidade e modos de vida social diferenciados em relação ao resto da Península, bem assim como uma diferenciação linguística evidente. Desse modo, a faixa atlântica e a meseta ibérica deram lugar a duas civilizações diferentes, dando a primeira origem ao galaico-português de onde derivou o português moderno e a segunda ao leonês de onde proveio o castelhano, actualmente designado por "espanhol" por ter sido imposta como língua oficial de Espanha, mas consignado na constituição espanhola como "castelhano". Não foi naturalmente por acaso que Luís Vaz de Camões, justamente considerado o nosso maior poeta possuía as suas raízes na Galiza. Também não é sem sentido que também o poeta Fernando Pessoa que defendeu abertamente a "anexação da Galiza", afirmou que "A minha Pátria é a Língua Portuguesa".
De igual modo, também do ponto de vista étnico as raízes são comuns a todo o território que compreende a Galiza e o nosso país, com as naturais variantes regionais que criam os seus particularismos, obviamente mais próximas do Minho, do Douro Litoral e em parte de Trás-os-Montes do que em relação ao Alentejo e ao Algarve, mas infinitamente mais distanciados relativamente a Castela e outras regiões de Espanha.
No seu livro "A Galiza, o galego e Portugal", Manuel Rodrigues Lapa afirma que "Portugal não pára nas margens do Minho: estende-se naturalmente, nos domínios da língua e da cultura, até às costas do Cantábrico. O mesmo se pode dizer da Galiza: que não acaba no Minho, mas se prolonga, suavemente,até às margens do Mondego". Torna-se, pois, incompreensível que continuemos a tratar o folclore e a etnografia galega como se de "espanhola" se tratasse, conferindo-lhe estatuto de representação estrangeira em festivais de folclore que se pretendem de âmbito internacional, quando na realidade deveria constituir uma participação assídua nos denominados festivais nacionais. Mais ainda, vai sendo tempo das estruturas representativas do folclore português e galêgo se entenderem, contribuindo para um melhor conhecimento mútuo e uma maior aproximação entre as gentes irmãs da Galiza e de Portugal. O mesmo princípio aliás, deve ser seguido pelos nossos compatriotas radicados no estrangeiro, nomeadamente nos países da América do Sul onde as comunidades portuguesas e galegas possuem uma considerável representatividade numérica. Uma aproximação e um entendimento que passa inclusivamente pelo cyberespaço e para a qual a comunidade folclórica na internet pode e deve prestar um inestimável contributo.
Afirmou o escritor galego Vilar Ponte na revista literária "A Nossa Terra" que "os galegos que não amarem Portugal tão pouco amarão a Galiza". Amemos, pois, também nós, portugueses, como um pedaço do nosso sagrado solo pátrio, essa ridente terra que se exprime na Língua de Camões - a Galiza !
A actual organização administrativa do território nacional está desactualizada a todos os níveis e carece de uma profunda reforma. A actual situação de crise económica e financeira apenas veio a acentuar essa necessidade. Porém, a ser implementada, deve a mesma ter em consideração a identidade cultural e histórica das localidades abrangidas e não apenas critérios de ordem economicista ou, mais grave ainda, de aritmética eleitoral.
Pelourinho de Barcelos (Foto: Wikipédia)
Nenhum processo de reforma administrativa será bem sucedido sem um prévio reordenamento territorial que obedeça a uma estratégia de desenvolvimento económico equilibrado. É necessário dotar de novo as cidades intermédias de estruturas económicas e produtivas como um meio de fixar populações sobretudo no interior e suster o seu despovoamento nomeadamente em toda a faixa oriental do território português. Importa compreender que a população portuguesa não registou qualquer aumento significativo ao longo das últimas décadas mas apenas se assistiu a uma deslocação dos grandes aglomerados urbanos para as respectivas periferias, reflectindo-se na criação de novas freguesias e na sua elevação a vilas e até cidades.
Com efeito, ao longo das últimas décadas, algumas localidades até então insignificantes passaram à categoria de freguesias. Existem actualmente, em todo o país, 4260 freguesias que integram núcleos populacionais que variam entre escassas dezenas de indivíduos e mais de uma centena de milhar de habitantes. Semelhante contraste verifica-se em relação ás áreas geográficas correspondentes aos seus limites territoriais e ainda relativamente à quantidade de freguesias que integram cada município.
Sucede que, a necessidade de se constituírem novas freguesias resulta directamente do crescimento populacional nas grandes áreas suburbanas, nomeadamente das cidades de Lisboa e Porto.
A forma como a reforma da administração local tem sido apresentada, pretendendo-se aplicar a mesma a todo o país seguindo apenas critérios numéricos e sem qualquer estudo prévio do território nem perspectiva de desenvolvimento harmonioso do todo nacional, levará seguramente ao fracasso de uma medida que se revela do maior interesse para o país. O processo de extinção de freguesias tal como é apresentado só é comparável à política que nos últimos anos tem vindo a ser seguida no que respeita ao encerramento de escolas, hospitais e centros de saúde: apenas promove o despovoamento e agrava as condições de vida das populações!
Sem um efectivo reordenamento do território com vista à adaptação de toda a estrutura administrativa do Estado – e não apenas das autarquias locais! – mais valeria limitar a fusão de freguesias aos grandes centros urbanos de Lisboa e do Porto, cidades que devido ao fenómeno da terciarização têm vindo a perder a sua população de forma bastante acentuada em detrimento dos concelhos periféricos.
Subordinadas ao tema “Diversidade Micológica e Desenvolvimento Sustentável”, vai realizar-se em Paredes de Coura as III Jornadas Micológicas do Corno de Bico, na Paisagem Protegida daquela localidade. O evento tem lugar nos próximos dias 19 e 20 de Novembro, podendo os interessados inscrever-se através do endereço de correio electrónico jornadasmicologicas@cm-paredescoura.pt, pelos telefones: 251780100/ 251780162 ou ainda presencialmente nos serviços do Município de Paredes de Coura, durante o horário normal de expediente.
As III Jornadas Micológicas do Corno de Bico visam promover os recursos turísticos, a paisagem e o património natural do Concelho de Paredes de Coura na qual se insere a Paisagem Protegida do Corno de Bico e, simultaneamente, dar a conhecer o potencial dos cogumelos como vector de desenvolvimento das regiões e economias de montanha nomeadamente em termos gastronómicos. Esta iniciativa vai contar com a presença de especialistas, investigadores e produtores na área da Micologia
“Vilarinho da Furna: Memórias do Passado e do Futuro” é um livro da autoria do Professor Dr. Manuel Antunes, editado pelo Centro de Estudos da População, Ambiente e Desenvolvimento da Universidade Lusófona de humanidades e Tecnologia, com o apoio da AFURNA – Associação dos Antigos Habitantes de Vilarinho da Furna.
Neste livro, o autor reúne uma série de artigos seus dispersos por várias publicações ou editados, acrescentando-lhe uma recolha de natureza etnográfica acerca dos usos e costumes das gentes daquela localidade e outros documentos de grande interesse histórico sobre Vilarinho da Furna e a luta dos seus habitantes pelos direitos que lhes assistem.
Vilarinho da Furna reside na alma dos portugueses como um paraíso perdido onde se evoca a lembrança quase mítica de um passado comunitário, surgindo como um monumento sempre que novas aldeias submergem às águas de uma nova albufeira de uma barragem em qualquer outra região do país, sejam elas a Foz do Dão ou a Aldeia da Luz, afundadas respectivamente pelas águas das barragens da Aguieira e do Alqueva.
"A segunda metade do século XIX caracterizou-se por uma época de grande desenvolvimento económico, traduzido nomeadamente com a introdução de melhoramentos técnicos nas fábricas e no desenvolvimento dos meios de transporte e comunicações. Foi o período da Regeneração iniciado com o ministério de Fontes Pereira de Melo.
Em 1856 era inaugurado o primeiro troço de caminho-de-ferro entre Lisboa e o Carregado e, oito anos depois, a linha do Norte atingia Vila Nova de Gaia. Em 1882 era concluída a linha do Minho até Valença. Dez anos mais tarde, as locomotivas a vapor chegavam às mais diversas regiões do país como a Beira Alta, o Algarve e o nordeste transmontano.
A prosperidade que então se verificou associada a recentes conquistas nos domínios da saúde e da higiene pública levaram a um súbito aumento da população um pouco por todo o país. Contudo, é a partir de 1860 que se acentua de forma assinalável o êxodo dos campos para a cidade. A importação de cereais provenientes dos Estados Unidos provoca o recuo da área cultivada nas grandes explorações alentejanas e diminui o trabalho sazonal nas Beiras. O oídio e a filoxera dizimam a vinha do Alto Douro e provocam a migração maciça dos trabalhadores da região. A quebra das exportações de gado bovino a partir de 1883 agravou as condições de sobrevivência no Minho e Douro Litoral.
O comboio fomentou a mobilidade das populações. Os movimentos migratórios internos e externos intensificaram-se. Em consequência do desenvolvimento industrial, assiste-se a um fluir contínuo de gente proveniente das zonas rurais para os centros urbanos, principalmente a capital, na busca de emprego e de uma melhoria de condições de vida. Lisboa e o Brasil constituíram-se como os principais pontos de destino escolhidos por aqueles que entretanto decidiram abandonar as suas terras de origem. Em Lisboa, a população duplicou em menos de cinquenta anos, passando de 210 mil habitantes em 1860 para quase 450 mil em 1911.
Do Minho vieram os pedreiros, carpinteiros e estucadores de Caminha e Viana do Castelo, os padeiros de Arcos de Valdevez e Ponte da Barca, os marujos, ervanários e tasqueiros de Monção, os taberneiros de Vila Nova de Cerveira, Valença, Paredes de Coura e Ponte de Lima que vieram a tornar-se conceituados comerciantes do ramo hoteleiro. Estes últimos foram antes descarregadores de carvão e lenha em Alcântara e Poço do Bispo, taberneiros e carvoeiros. Eram eles que faziam as "bolas" de carvão e cisco para alimentar os fogareiros. Depois, à medida que os seus vizinhos galegos se foram retirando, tomaram as tabernas e "casas de pasto" e foram-nas transformando nos modernos restaurantes e "snack-bares" que existem por toda a cidade. À excepção de alguns concelhos mais interiores como Terras de Bouro e Cabeceiras de Basto cujos naturais se empregaram preferencialmente na hotelaria e na construção civil, o êxodo das populações fez-se menos sentir no Distrito de Braga em virtude da criação naquela região de numerosas indústrias que possibilitaram a existência de postos de trabalho.
Para os bairros lisboetas de Alfama e Madragoa, este então designado por "Mocambo", vieram os de Ovar, Ílhavo, Murtosa e Pardilhó. Eles dedicaram-se à faina do mar enquanto elas vendiam o peixe ao mesmo tempo que enchiam a cidade com os seus pregões característicos. Tornaram-se conhecidas por "varinas" as peixeiras ovarinas que vieram para Lisboa. Esta gente formou ainda "colónias" em Almada, Trafaria e Costa da Caparica.
A limpeza urbana era feita pelos naturais do concelho de Almeida, trazidos para a capital por um seu conterrâneo que foi encarregado dos respectivos serviços camarários. Em virtude deste facto, foram os cantoneiros da capital durante muito tempo alcunhados por "almeidas". Para as vacarias que então existiam em Lisboa e nos seus arredores vieram os de Arganil, os quais depois se fizeram leiteiros e são actualmente muitos dos pasteleiros que existem na cidade. Eram eles que vendiam o leite transportando-o em bilhas de zinco enquanto os seus vizinhos padeiros do concelho de Tábua deixavam o pão às suas clientes, em sacas de pano que ficavam penduradas nas maçanetas das portas.
A construção civil ocupou as gentes de Alvaiázere, Ourém e, sobretudo de Tomar, devendo-se a estes últimos a construção das chamadas "avenidas novas". Não é alheio a este facto a localização da Casa do Concelho de Tomar. Durante muito tempo foram os naturais de Tomar alcunhados por "patos-bravos".
De um modo geral, os transmontanos empregaram-se na construção civil ou então ingressaram nas forças de segurança. No comércio de carnes encontramos bastantes naturais da região do Barroso. Invariavelmente, fizeram os seus estudos em seminários todos os transmontanos que em Lisboa têm conseguido posições de relevo.
Os algarvios fixaram-se principalmente na margem sul do rio Tejo, empregando-se na indústria corticeira e conserveira ou então no tráfego fluvial e nos trabalhos portuários. Os alentejanos por seu turno, um tanto "pau-para-toda-a-obra", dispersaram-se pelos mais variados ofícios, distribuindo-se preferencialmente pelas zonas da periferia, com especial incidência nos concelhos do Distrito de Setúbal.
De uma maneira geral, todas estas comunidades têm contribuído para o crescimento de Lisboa, fazendo da capital um autêntico mosaico formado por gentes de diversas proveniências mas que se encontram unidas pelos laços que fazem de todos nós um único povo".
- GOMES, Carlos. Regionalismo em Portugal. Casa do Concelho de Ponte de Lima. Lisboa. 1996
A exposição de pintura “Olhar / Sentir” de Ricardina Silva encontra-se patente ao público na Galeria da Torre da Cadeia Velha em Ponte de Lima, até ao próximo dia 30 de Outubro, podendo ser visitada de Segunda a Sábado, das 9h30 às 12h30 e das 14h30 às 18 horas. Aos Domingos, a exposição encontra-se aberta das 10h às 12h30 e das 15 h às 18h. A exposição conta com o apoio do BLOGUE DO MINHO.
Ricardina Silva nasceu em Esposende e vive actualmente em Leiria. Como ela própria refere, “desde tenra idade que adorava desenhar apenas com um lápis e uma folha branca, guardava todos os desenhos num dossier”. Aos dezassete anos experimentou a pintura sobre tela em acrílico.
Em 2006 realizou a primeira exposição e, a partir de então nunca mais parou. Sucederam-se os concursos e as bienais, passou a experimentar outras técnicas como a pintura a óleo, mista, pastel, aguarela e os desenhos começaram a ser realizados a carvão e grafite.
Para a artista, “cada obra é como um poema harmonioso, de cores luminosas que transparecem num clima rimático e transmitem a paz interior que desejo. Quando realizo um desenho ou uma pintura entrego o meu coração… a minha alma. É como se viajasse para um sítio maravilhoso e mágico, onde não existe o sofrimento, mas sim alegria e cor. Normalmente, para a realização das minhas obras utilizo diversas técnicas como o óleo, o acrílico e a mista. Apesar do diversificado leque de temáticas que já executei, nas minhas obras a que predomina é a do mar, remontando às minhas origens”.
Por ocasião das comemorações dos 750 anos do Foral, a Câmara Municipal de Viana do Castelo editou uma singela mas interessante brochura com o título “CARAMURU: O Vianense criador da Brasilidade”. A homenagem incluiu ainda um monumento a Caramuru que foi implantado na Praça da República, em Viana do Castelo.
Caramuru foi o nome que os índios tupinambás impuseram ao vianense Diogo Álvares Correia quando este, ao ter disparado um mosquete e abatido uma ave, causou grande espanto nos indígenas, tendo-se desse modo salvado da sua fúria canibalesca.
Com efeito, por volta de 1510, o vianense Diogo Álvares Correia seguia para a Índia numa nau que rumava ao novo mundo com o objectivo de explorar o negócio da madeira e sobretudo do pau-brasil quando ocorreu o naufrágio junto à costa da Baía de Todos-os-Santos.
O nome Caramuru pelo qual os índios tupinambás passaram a tratá-lo significa “homem de fogo” ou “filho do trovão” sendo também o nome pelo qual identificam um peixe existente nas águas onde encontraram Diogo Álvares. O certo é que, para além de ter escapado ao voraz apetite antropofágico dos indígenas, alcançou entre eles grande prestígio que se revelou da maior utilidade na relação com as expedições portuguesas e sobretudo os missionários jesuítas que ali aportavam.
Em 1781, Frei José de Santa Rita Durão no poema que compõe e através do qual evoca o descobrimento do Brasil e os feitos dos primeiros povoadores – “Caramuru – Poema Épico do Descobrimento da Baía” – o seu autor dedica-lhe entre outras a seguinte estrofe:
Por ocasião da realização da Exposição do Mundo Português, em 1940, foi publicada a “Revista dos Centenários” cuja edição de Janeiro incluiu um artigo da autoria de Jorge Larcher alusivo aos castelos de Bragança e Póvoa de Lanhoso. Nesse artigo que fazia parte de uma série dedicada aos castelos de Portugal, o autor escreveu o seguinte a propósito do castelo de Lanhoso:
“Além do castelo de Bragança, de que ligeiramente nos ocupámos, breves referências vamos dedicar ao castelo da Póvoa de Lanhoso, do qual só resta, como recordação gloriosa desse passado distante, a torre de menagem coroada de ameias, a única parte do castelo que conseguiu escapar à fúria devastadora dos homens e do tempo.
Impossível fixar a data da sua construção, mas supões-se, e não sem fundamento, que a origem desta fortificação venha dos tempos romanos pelos emementos que têm sido encontrados por aquelas imediações.
Devia ter sido fortaleza importante, pois nela se recolheu D. Tereza, quando não podendo resistir à perseguição das forças de sua irmã, que lhe havia declarado guerra, se acolheu à sombra destas muralhas, que não tardaram a ser cercadas pelas forças de D. Urraca.
Valeu-lhe nesta terrível situação Fernando Peres, que, com D. Gelmires, arcebispo de Compostela, não deixando escapar a ocasião que se lhes oferecia para disputarem com D. Paio alguns bens que pretendiam alcançar procuraram assim lançar a divisão entre as forças de D. Urraca.
Ignora-se a forma como D. Gelmires actuou. O que é certo é que foi preso, mas, apesar dessa decisão, D. Urraca achou mais prudente, temendo talvez a influência de tão irreconciliável inimigo, estabelecer as pazes com sua irmã, fazendo-lhe grandes concessões.
A este castelo está ligada uma lenda, na realidade de grande intensidade dramática, história de amores mal fadados, que aqui teve o seu epílogo.
D. Rodrigo Pereira de Barredo, fidalgo de alta nobreza, teve um dia a secreta e desoladora notícia de que sua mulher traía a fidelidade conjugal.
O nobre fidalgo, depois de ter a certeza de tão desagradável informação, uma noite, fechou de surpresa todas as portas, de modo que ninguém pudesse escapar à cruel punição que reservava a todos que considerava culpados, e pegou fogo ao castelo, que ardeu completamente, morrendo abrasados pelas chamas todos que nele se encontravam.
Qualquer destes castelos do norte, de tão remota fundação, foram vigilantes sentinelas e resistentes obstáculos que contribuíram para a libertação do solo português e para a afirmação da nossa Independência, que em breves meses se vai comemorar, condignamente, em todas as terras de Portugal”.
Gaspar Moreira, o herói da Lenda de Rio de Couros, era 4º neto de Gonçalo Pires Juzarte (Bandeira). Narra a História que, durante a Batalha de Toro, Gonçalo Pires Juzarte e outros portugueses, ao avistarem na escuridão da noite um grupo de cavaleiros castelhanos que, capitaneados por Pedro Velasco e Pedro Cabeza de Vaca, levavam o pendão de D. Afonso V como troféu de batalha, acometeram contra eles logrando recuperar a bandeira. Uma vez na sua posse, Gonçalo Pires levou o estandarte ao príncipe D. João que ainda se encontrava no campo de batalha com a sua ala.
A bandeira em questão tratava-se da que os castelhanos haviam arrancado ao nosso porta-estandarte, o alferes D. Duarte de Almeida que haveria de ficar conhecido pelo “decepado” em virtude de a ter segurado com os dentes após lhe terem decepado os braços.
Como é sabido, o Príncipe veio a suceder a seu pai, o rei D. Afonso V, passando a reinar com o nome de D. João II. Então, como recompensa pelo feito de bravura, atribuiu a Gonçalo Pires Juzarte a tença de cinco mil reais e, tal como nos descreve o cronista Damião de Góis na sua “Crónica do Príncipe D. João”, foi ainda “satisfeito de armas de brasão, misturadas com fidalguia, que lhe o mesmo rei D. João concedeu, com alcunha e sobrenome de Bandeira”. Com efeito, o rei D. João II ordenou que Gonçalo Pires Juzarte e os seus descendentes passassem a usar o apelido de Bandeira e concedeu-lhe armas novas, datadas de 1483, as quais são as seguintes:
“De vermelho, bandeira quadrada de ouro, hasteada do mesmo, perfilada de prata e carregada de um leão azul, armado e linguado de vermelho”. O timbre é constituído pelos móveis do escudo.
Gonçalo Pires Juzarte era natural de S. Martinho de Mouros que fica no concelho de Resende e tornou-se escudeiro honrado da casa do rei D. João II.
Numa altura em que se assinalam os 200 anos do Santuário do Bom Jesus do Monte, em Braga e ainda fumegam algumas cinzas das comemorações recentes do centenário da implantação da República em Portugal, pareceu-nos interessante reler um artigo publicado na revista Ilustração Portugueza, nº 830 de 14 de Janeiro de 1922, publicação cuja orientação política é claramente identificada.
“O BOM JESUS DO MONTE
É do Bom-Jesus, do patriarchal Bom-Jesus, escadorio por onde o Padre-Eterno desce a fazer abades, que eu venho visitar o Chiado, esse Arco-Iris onde estoiram as cores brutaes do ócio e do “Jazz”.
Todo o Bom-Jesus, todo este Sactuario onde os mínimos detalhes são muito anteriores á Separação da Egreja do Estado, é uma leitura do Evangelho, uma taboleta cristã.
E o Chiado, essa montanha que os eléctricos ainda não escalaram, também tem egrejas, trez egrejas, e também é uma taboleta; mas ahi anuncia-se “le denier cri” dos corpos nus, risca-se o cubismo dos figurinos, promulgam-se as cabelos borradamente louros, as sedas, “the shimmy”, “the fox-trot”, “le rouge”, “les bas-bleus”, tudo á mistura com as casacas vermelhas dos zíngaros, com as filagranas dos sorrisos, com a altivez das “midinettes”, com Lisboa inteira que desaba sobre o Chiado…
Emquanto que, aqui, vive-se a tranquilidade das longas horas, a monotonia dos longos serões. E os typos camilianos afirmam-nos que Camilo não é uma “blague”.
Mas as egrejas de Lisboa diferen das do Minho; aqui, embora exibam figuras pagãs, cabeças chavelhudas, n’uma talha preciosíssima, as egrejas são recatos onde ainda há certa devoção; as de Lisboa, caso sabido, são “vitrines”, palcos onde os sentimentos saracoteiam um bailado de “flirt”, de zum-zum de “rendez-vous”.
A gente da cidade não acredita, sequer, que no ano MCMXXI, da era de Cristo, ainda haja quem cumpra o voto d’umas tantas voltas de joelhos sobre o lagêdo das sacristias…
Pois é verdade! Isto e bastante mais!
O Bom-Jesus é ainda primitivo, é ainda fiel ao seu nome, embora os abades, os pastores d’este largo rebanho que se desdobra até terras espanholas, adorem o Senhor da Egreja, e o verde genuíno no tasco.
Mas, apesar d’isso, Bom-Jesus, capital de Braga, é o Vaticano de Portugal! E o Papa será, decerto, bem substituído pelo Longuinhos “casamenteiros”, em torno do qual as velhas vêm cumprir a promessa das trez voltinhas!
Quanto á vida dos Hotéis, suponho-a suficientemente indicada: não nos chegam os ecos francezes da capital de Portugal! Jogos de prendas, cantigas de João de Lemos, recitativos de Tolentino, quasi mazurkas e polkas. Verdade seja, porém, que, talvez por convenção, á data da minha chegada já tinha sido abolida a etiqueta de “senhoria”…
Quanto perdeu Fradique em não ter descoberto este canto de Portugal legítimo!
Os Hotéis têm uma carranca quase conventual; nas salas há uma atmosfera larga, que entra pelas grandes janelas, que se espalha pelas paredes brancas; os corredores são extensos, medonhamente extensos. E o Bom-Jesus, nas horas que se seguem ao almoço, parece adormecer ao sol, estiraçado, espreguiçando a digestão…
É a hora em que todos dormem ou, cabeceando, discutem, patrioticamente, os 50 milhões de “dollars”…
Terra portugueza, bom verdasco, melancias rechonchudas, romarias ao Sameiro, ao Alívio, á Consolação, e a crítica honesta a cochichar pela fresquinha, entre rizadas, ao canto de cada rua…
Só á noite se passeia. Á noite ou de manhã, E é delicioso, então, cruzarmo-nos com aqueles celebres bandos minhotos, quebrando a nota dos estômagos dilatados, cantam em algazarra:
A Senhora do Sameiro
bota fitas a avoar,
vermelhinhas e branquinhas
todas vão cair no mar…
Outras vezes, os moços provocando:
Toda a noite chove papas,
trabalharam as colheres,
Quem quizer ouvir má língua
é da boca das mulheres…
Depois, pacatamente, tudo recolhe.
Fazem-se grupos onde todos falam, todos, os ponderados chefes de família, os rapazes inteligentíssimos, as meninas prendadas.
E n’esta vida mole, bocejos d’uma felicidade obesa, o tempo vae-se arrastando, systematicamente, entre as primeiras Ave-Marias e a ultima contra-dança.
No passado dia 16 do corrente mês, foi apresentado, no Museu Etnográfico de Vilarinho da Furna, o romance de André Gago, Rio Homem, a que se seguiu a visita à antiga aldeia, presentemente a descoberto.
RIO HOMEM
“Que grande nome para um rio!” – disse Torga.
RIO HOMEM
“Que grande nome para um livro!” – digo eu -, este romance de André Gago, que, há uns tempos, foi lançado, em Lisboa.
Na altura, por motivos de labor académico, não me foi possível assistir ao lançamento desta obra.
Mas não resisti a enviar uma mensagem, em nome pessoal e d’AFURNA, a felicitar o autor, por este seu trabalho, cuja trama decorre no palco de Vilarinho da Furna.
E deixei um desafio: porque não programar uma apresentação do livro, no Museu Etnográfico de Vilarinho da Furna?
Esse desafio foi agora correspondido pelo autor, André Gago, conhecido autor e actor, um homem da escrita, do teatro, do cinema, da televisão, em síntese, um homem da cultura, que nos deu a honra da sua presença no Museu Etnográfico de Vilarinho da Furna. Com a simpática companhia de Rui C. Barbosa, que, entre muitas outras coisas, tem calcorreado a nossa terra e procurado documentar a memória das Minas dos Carris, por onde perpassa parte da estória, que o André nos conta.
Se o livro do André Gago é uma homenagem a Vilarinho da Furna, esta sessão foi, assim o espero, uma homenagem, ainda que singela, ao autor desse livro, que acabou de ganhar o prémio do Pen Clube.
RIO HOMEM é uma obra de grande fôlego, em que o autor, a partir da sua juvenil e inesquecível visão, nos anos 80, do século passado, da aldeia de Vilarinho da Furna, submersa por uma barragem, nos leva até à guerra civil de Espanha e consequente segunda guerra mundial, ao mesmo tempo que faz um retrato de Portugal, de1939 a 1972.
O livro lê-se com agrado, pela elegância da escrita, fidelidade aos dados históricos, no que ao ensaio concerne, e originalidade na ficcional estória romanesca, com toda a sua profundidade dramática.
Muitas obras já foram feitas sobre Vilarinho da Furna, da ciência à ficção, passando pelo cinema e pela poesia. Onde sobressaem nomes como Link, Tude de Sousa, Jaime Cortesão, Orlando Ribeiro, Jorge Dias, Rosado e Delmira Correia, João Machado Cruz, Miguel Torga, António Campos, Manoel de Oliveira, entre tantos outros, e, agora, André Gago.
São obras que, cada uma ao seu jeito, muito dignificam a aldeia, o povo de Vilarinho, a ciência e a literatura portuguesa.
Manoel de Oliveira, nos idos de 50, do século passado, pensou fazer um filme sobre Vilarinho da Furna. Hoje, com os seus 102 anos, ainda está em boa idade para fazer o “filme da sua vida”, a partir do Rio Homem,de André Gago. Aqui fica o desafio.
Vilarinho da Furna, apesar de submersa, foi e continua ser uma aldeia suficientemente rica para a investigação dos cientistas, a imaginação dos artistas, a inspiração de muitos.
RIO HOMEM é a prova disso.
Obrigado André, o povo de Vilarinho agradece.
Museu Etnográfico de Vilarinho da Furna
Manuel de Azevedo Antunes
(Presidente da Direcção d’AFURNA)
A imagem mostra a aldeia de Vilarinho da Furna a emergir das águas da albufeira.
A imagem, de autor não identificado, mostra um coreto que foi montado por ocasião da visita que o rei Afonso XIII, de Espanha, fez a Lisboa em 1903. Este coreto foi construído por um empreiteiro de Viana do Castelo de seu nome Filipe Mateus Branco, e tinha a forma de um pavilhão rústico. Foi instalado na avenida da Liberdade e destinava-se à realização de um arraial minhoto a ter lugar no âmbito das cerimónias de recepção ao visitante.
Recorde-se que Afonso XIII visitou Lisboa em 13 de Dezembro daquele ano, tendo desembarcado no Cais das Colunas. Foi recebido com bastante pompa e a visita incluiu a realização de uma grandiosa sessão de fogo-de-artifício.
A fotografia, em negativo de gelatina e prata em vidro, pertence ao Arquivo Municipal de Lisboa.