Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

BLOGUE DO MINHO

Espaço de informação e divulgação da História, Arte, Cultura, Usos e Costumes das gentes do Minho e Galiza

BLOGUE DO MINHO

Espaço de informação e divulgação da História, Arte, Cultura, Usos e Costumes das gentes do Minho e Galiza

BRAGA: SÃO MARTINHO DE DUME – PADROEIRO DA ARQUIDIOCESE DE BRAGA – É CAPITAL SUEVA

430578754_7778070435536402_356266414001327737_n.jpg

A 2.ª edição de Dume – Capital Sueva, está aí mesmo a porta e agendada para os dias 05 a 07 de abril. A data do evento teve de ser reajustada tendo em conta as festividades Pascais e terá início no dia 05 de abril – dia da sagração episcopal de São Martinho de Dume no ano de 556.

O evento da iniciativa do Grupo “Arte em Dume” e Associação Cultural e Recreativa de Dume, conta, mais uma vez, com a estreita e preciosa colaboração da Junta da União de Freguesias de Real, Dume e Semelhe. A estas entidades uniram-se para organizar este evento, à semelhança do ano anterior, o Agrupamento XII do CNE, a Associação de Pais e Encarregados de Educação dos Alunos de Dume, a Catequese e a Paróquia de São Martinho de Dume, a Fraternidade Nun’Álvares, o Centro Comunitário de Dume e os Pais do Jardim de Infância de Dume.

A programação que será brevemente anunciada, segue em linha com a edição de 2023, mas contará com novidades. Teremos exposições, teatro, atuações musicais com o grupo Sons da Suévia, recriações com a participação da Equipa Espiral, entre outras atividades para todas as faixas etárias.  

Estará representado o quotidiano da sociedade Sueva, cada vez mais com fidedignidade, quer nas construções dos mais variados ofícios, quer na indumentária usada pelos figurantes. Salientamos que “Dume – Capital Sueva” é mais do que uma feira. A vertente cultural de transmissão de conhecimentos é fundamental. Durante os dias do evento iremos divulgar as nossas origens, a nossa história e o nosso património. Com um programa, culturalmente, rico e diversificado , com o acesso gratuito a todos os museus da Freguesia, incluindo o Núcleo Museológico de Dume que na 1.ª edição  bateu recordes de visitantes.

A “Aldeia Sueva” erguida nos Jardins da Casa da Cultural em Dume também será palco para a programação e recriação. Durante os três dias do evento, estará no adro da Igreja Paroquial a Feira das Associações com artesanato, comes e bebes. Este ano, porque foi-nos solicitado já na edição anterior, iremos permitir que na feira, mediante aceitação prévia, a possibilidade de artesãos externos apresentarem os seus produtos. Podem consultar mais informações na página do Facebook  e a inscrição poderá ser formalizada por email para dumecapitalsueva@gmail.com.

Depois do êxito e do entusiasmo com que a edição do ano passado foi acolhida pelos Dumienses e por todos, incluindo visitantes da Galiza, na edição 2024 de “Dume – Capital Sueva” pretendemos, além de  consolidar os objetivos da primeira edição, captar mais público (Nacional e Estrangeiro) e ao mesmo tempo ampliar a oferta cultural e recreativa durante o evento.

“Dume – Capital Sueva” pretende percorrer o seu caminho firme e relembrar a todos a História de Dume, dos Suevos e do nosso Patrono, São Martinho Dumiense.

Paula Silva

P’la Organização “Dume – Capital Sueva”

336764548_1001867324118343_3872512099517403857_n.jpg

336913412_124496997254537_7626995945190036564_n.jpg

337135695_568765265229759_3331686018882867603_n.jpg

337389483_217633817543652_4662206874276882300_n.jpg

337527009_779420290274362_2738682658357812470_n.jpg

337528943_1140729596602101_7821643195223123190_n.jpg

337542310_604683227893755_5973229441712452582_n.jpg

337802434_1207307833258930_5817835392998158134_n.jpg

337894684_173779778801350_6409720606157632772_n.jpg

338029292_892910845270599_3108289964540796701_n.jpg

BRAGA: ELEVADOR DO BOM JESUS DO MONTE É O FUNICULAR MAIS ANTIGO DO MUNDO – FOI INAUGURADO HÁ 132 ANOS!

Braga-BomJesus (181)

O elevador do Bom Jesus do Monte, em Braga, encontra-se em funcionamento desde 25 de Março de 1883, sendo atualmente o funicular mais antigo do mundo em funcionamento utilizando contrapesos de água. O depósito da cabine que se encontra na parte superior do percurso é atestado de água para, através da diferença de peso, fazer a outra cabine subir a encosta, sendo a água esvaziada quando chega ao sopé.

O elevador veio substituir a carreira dos “americanos” de Braga que consistia em veículos que circulavam sobre carris puxados por cavalos e que foram os antecessores dos atuais carros elétricos existentes em várias cidades. Porém, devido à subida íngreme para o Santuário do Bom Jesus, a tração dos veículos tinha aqui de ser também efetuada com a ajuda de bois.

Coube ao engenheiro suíço Niklaus Riggenbach a autoria do projeto que, a partir do seu país, deu todas as indicações para a sua execução, no local orientada pelo engenheiro Raul Mesnier du Ponsard. O êxito obtido levou à construção de vários ascensores em Lisboa, entre os quais o da Bica, Lavra, Glória e Santa Justa que ainda se mantêm em funcionamento.

Braga-BomJesus (14)

Braga-BomJesus (113)

Braga-BomJesus (102)

Braga-BomJesus (180)

Braga-BomJesus (13)

Braga-BomJesus (128)

Braga-BomJesus (124)

Braga-BomJesus (103)

PONTE DA BARCA CELEBRA OS 50 ANOS DO 25 DE ABRIL DE 1974

Celebrando-se este ano os 50 anos da Revolução dos Cravos, Ponte da Barca prepara-se para uma série de eventos destinados a honrar o legado do 25 de abril de 1974. Iniciado em janeiro com uma Exposição de Cartazes e Artefactos das primeiras eleições livres do país, bem como uma homenagem musical às Canções de Abril, o calendário de eventos promete cativar a comunidade.

Ainda no mês de março, a Biblioteca Municipal torna-se palco da exposição "25 de Abril Rumo ao Cinquentenário", organizada pela CIM Alto Minho, em parceria com a RIBAM – Rede Intermunicipal das Bibliotecas Públicas do Alto Minho, e apoio do município de Ponte da Barca, destacando os momentos-chave que levaram à revolução, e dedicando o Dia da Poesia com o evento “Dizer e Ler Abril”, em colaboração do Agrupamento de Escolas.

À medida que abril se aproxima, as atividades intensificam-se. Uma exposição itinerante percorrerá o concelho, convidando os habitantes a refletirem sobre "Onde Estávamos há 50 Anos?". Um concerto de apresentação do videoclipe "Carolina Adormecida", pelos Gaiteiros de Bravães, faz ainda parte das celebrações, enquanto o cinema e o teatro, em colaboração com o Agrupamento de Escolas, proporcionarão uma imersão cultural, com exibições de filmes e performances ao vivo que revisitam os eventos e o ambiente da época.

No dia 25 de abril, terá lugar a habitual Sessão Solene da Assembleia Municipal, com momentos de Poemas de Abril e Canções de Intervenção, relembrando a importância da resistência cultural na luta pela liberdade. No mesmo dia, um dos pontos altos das celebrações decorrerá com o Musical dos 50 Anos do 25 de Abril, uma produção que contará com a participação da Orquestra Viv´arte, solistas convidados e a Academia de Música local.

O culminar das celebrações decorrerá em novembro, com uma Conferência intitulada "50 Anos Depois, Cumprir Abril!", seguida de um espetáculo musical, naquela que será a sessão de encerramento.

432755123_402350699210984_2795691276660609105_n.jpg

VILA PRAIA DE ÂNCORA: CONTRA-ALMIRANTE JORGE MAIA RAMOS PEREIRA – UM RETRATO

100VPA_16-03-24-47.jpg

Na homenagem da população de Vila Praia de Âncora ao Contra-Almirante Jorge Maia Ramos Pereira, coube ao professor Celestino Ribeiro a intervenção de fundo, que constitui um retrato bastante completo do homenageado e que reproduzimos:

“Permitam-me partilhar com todos a honra pessoal sentida por tomar parte neste ato e nele usar da palavra. Em ano de centenário da elevação de Gontinhães a Vila Praia de Âncora é toda uma comunidade que se ergue em uníssono, lembrando os seus ilustres, dedicados aos engrandecimentos dos lugares e das suas gentes. A família Ramos Pereira, nas três gerações de nomes, José Bento Ramos Pereira, Luís Inocêncio Ramos Pereira e Jorge Maia Ramos Pereira, estão de forma indelével associados a Vila Praia de Âncora e ao Vale do Âncora. Hoje, neste ato, cabe-nos lembrar Jorge Maia Ramos Pereira, o Contra-Almirante.

E porquê lembrar em aniversário de falecimento a figura, a obra, a pessoa que foi Jorge Maia Ramos Pereira?

Tomando as palavras escritas na Revista da Armada em Maio de 2001, num artigo síntese assinado pelo Contra-Almirante Joaquim Félix António sobre as comemorações o 1º centenário do nascimento do Vice-Almirante, Jorge Maia “Ramos Pereira não deixou descendentes directos, é certo. Mas deixou obra, designadamente no campo da radioelectricidade e das radiocomunicações, e no âmbito do Instituto Superior Naval de Guerra, e uma vida pessoal, familiar, social, profissional, militar e política, que o creditam como Homem de eleição a apontar como exemplo a seguir pelas gerações actuais e vindouras, e digno de figurar na Galeria de Honra dos Grandes Portugueses!”.

Ora, é nesse propósito, de uma partida que deixa legado, de uma ausência que não esconde a existência, que hoje cumprimos, com este ato, um exercício de cidadania que centra em Vila Praia de Âncora e no seu centenário, os valores da liberdade, do progresso, da singularidade que faz a diferença na construção social, e que afirma que o Contra-Almirante têm aqui os seus descentes, o povo que não o esquece.

Jorge Maia Ramos Pereira será sempre um Ancorense de referência, um Homem que fez do seu, e no seu, tempo um exemplo que nos honra e que nos dá sentido de pertença à comunidade.

Jorge Maia Ramos Pereira nasce a 6 de Abril de 1901 na freguesia de Gontinhães, hoje Vila Praia de Âncora. A influência paterna será seguramente um marco de elevada referência na sua formação. Filho do Dr. Luís Inocêncio Ramos Pereira e de Dona Cecília Maria Ramos Pereira, será pelo pai a sua ligação a Vila Praia de Âncora e será, como o próprio refere, no cumprimento do sonho do pai que um dia acabará por adquirir uma casa (Casa do Monte) em Vila Praia de Âncora. Republicano assumido e convicto, o dr. Luís Ramos Pereira assume o cargo de Deputado à Assembleia Constituinte de 1911 (1ª República) pelo círculo de Viana do Castelo, sendo sucessivamente eleito senador até 1926. É ele o responsável pela elevação de Gontinhães a Vila Praia de Âncora, a 8 de Julho de 1924. A sua ligação ao Alto Minho deriva, ainda assim, do seu avô paterno. Natural da Freguesia de Riba de Âncora, no Vale do Âncora, José Bento Ramos Pereira emigra para o Brasil aos 14 anos. De regresso, torna-se benemérito, uma característica que deixará de legado, assumindo-se, mais tarde, uma nota de identidade da família Ramos Pereira.

É neste enquadramento familiar que se estrutura a formação de carácter daquele que ficaria conhecido em Vila Praia de Âncora como o Sr. Almirante.

A sua formação académica começa com o ensino doméstico. Posteriormente passa a aluno do colégio militar, terminando o curso em 1918. Nesse mesmo ano incorpora o exército. Frequenta o primeiro ano do Instituto Superior Técnico (Lisboa), mas muda a sua opção nessa altura. Faz então as preparatórias para a Escola Naval da Escola Politécnica em 1919/1920. Aos 19 anos, em 1920, o então 1º Sargento Cadete Jorge Maia Ramos Pereira é transferido para o serviço da Armada como Aspirante. A 30 de Junho de 1923 é o primeiro classificado do Curso da Escola Naval. Passa a Guarda Marinha em 1924, sendo depois promovido a 2º Tenente em 1924. É com esta patente que se evidenciam os seus valores ao nível das radiocomunicações, e a par da sua capacidade técnica e conhecimento científico, revela-se também um pedagogo. Em 1927/1928 faz o Curso de Especialização em Radiotelegrafia e Motores de Combustão Interna, montando um posto emissor-recetor de ondas curtas em sua casa. Em 1932 assume a função de professor dos cursos de telegrafia e comunicações. É ainda na altura membro da Comissão de Tradução para Português do Código Internacional de Sinais Visuais e Radiotelegráficos, e, em 1936, é incumbido de restaurar e modernizar os cursos de TSF na Escola de Mecânicos. Assume o posto de 2º Comandante da Escola de Mecânicos em 1938, mantendo-se como instrutor dos cursos de radiotelegrafia.

No ano de 1939, mais concretamente a 11 de Maio, surge uma mudança na sua vida pessoal, casando com Maria da Graça Lopes Mendonça, neta de Henrique Lopes de Mendonça (1856-1931), autor da letra “A Portuguesa”, que junta à música composta por Alfredo Keil é hoje Hino Nacional de Portugal, e sobrinha-neta de Rafael e Columbano Bordalo Pinheiro.

O seu círculo familiar cresce em referências republicanas. Há ainda necessariamente um quadro de referências interventivas que moldam e estruturam necessariamente o carácter de Jorge Maia Ramos Pereira.

As suas qualidades humanistas, aliadas à sua capacidade intelectual e manifestação de interesses culturais e aprofundamento científico levam-no à procura incessante de novas oportunidades. Em 1958 frequenta o Naval Command Course for Senior Foreign Officers no Naval

War College, em Newport, Estados Unidos da América, primando pela capacidade de em contextos aparentemente difíceis, fruto da sua origem (Portugal) e das relações internacionais EUA-URSS, optar por livremente dissertar sobre “A educação e a ciência na competição comunista”.

É assim de forma natural que a sua carreira militar prossegue chegando a Almirante, depois de passar por Capitão de Fragata em 1953.

Jorge Maia Ramos Pereira revelou uma enorme curiosidade e capacidade para persistir na experimentação ao nível da telegrafia sem fios.

Em 1928 construiu e montou um posto emissor-recetor de ondas curtas.

A 28 de Abril desse mesmo ano iniciou, a título experimental e de estudo, comunicações com amadores de todo o Mundo e com alguns navios. Transmitiu e recebeu diversas ordens de serviço a pedido de entidades oficiais. Posteriormente transferiu o seu equipamento para o “Vasco da Gama” quando nele embarcou e assim continuou os seus trabalhos em onda curta. Efetuou alterações (adaptações) no transmissor MC3 e com este equipamento assegurou comunicações com Lisboa durante a comissão a Angola. Até Dezembro de 1929 colaborou com a Marinha, para que fossem possíveis as comunicações radiotelegráficas entre os navios e o Ministério da Marinha.

Posteriormente, por necessidade e obrigação passa a desenvolver e a pôr em prática o seu conhecimento na Armada Portuguesa, passando por momentos em que o seu papel é mais relevante na qualidade de supervisor e responsável pela construção de estações e rádio faróis, e por outros em que se assume pedagogo, quer de forma direta na direção dos cursos, quer indireta, no trabalho desenvolvido no Museu e na colaboração da Anais do Clube Militar Naval.

Em 1937 iniciaram os cursos de TSF na Escola de Mecânicos. O então Tenente Ramos Pereira foi o seu primeiro Diretor. Mas a sua ação enquanto pedagogo não se restringiu apenas à esfera da formação ativa desta escola. A sua tenacidade na disseminação do saber e na disponibilidade do acesso ao ensino, se não toda, a uma grande parte da população portuguesa, numa altura em que Portugal estava submetido às agruras de uma ditadura que se mostrava relutante à promoção do ensino, levaram-no a várias práticas filantrópicas sendo a mais emblemática para Vila Praia de Âncora, e que retomaremos adiante, a criação da Fundação de Vila Praia de Âncora, estatutariamente “Grupo de Promoção Escolar do Vale do Âncora”.

Jorge Maia Ramos Pereira foi um escritor de lições.

Exemplo disso são as suas publicações, quase sempre associadas a momentos de aprendizagem. De entre as suas obras destacam-se “A propagação das ondas electromagnéticas na superfície da Terra” (1934), “O transmissor de onda média e longa, de 2 kW, tipo M 11 – Standard” (1935), “Radioelectricidade Elementar” (1952), ou “Gago Coutinho geógrafo” (1973).

À data da publicação de “A propagação das ondas electromagnéticas na superfície da Terra” (1934) não existia disseminado nos diversos circuitos editoriais um extenso e pedagógico manual. Jorge Maia, tomando a dianteira, prepara-se assim para se assumir um “construtor” de manuais de aprendizagem. Preparado científica e pedagogicamente, ao que não será alheio o seu exercício na formação de quadros e na gestão pedagógica dos cursos de TSF, em 1952 Jorge Maia Ramos Pereira faz publicar um verdadeiro manual, que se assume como tal, sobre bioeletricidade -

“Radioelectricidade Elementar” (1952).

Mas o seu percurso paralelo de vida, alimentado por valores progressistas e de responsabilidade nas relações sociais, serão o que de maior relevo ficará na memória dos que com ele conviveram.

Nunca deixará, contudo, de afirmar ao longo da sua vida a figura de saber, de capacidade técnica e de democrata, num país governado em ditadura.

Sempre presente na nossa comunidade, concebe e implementa um projeto, de enorme complexidade, face à necessária configuração jurídica que enquadra o movimento associativo em Portugal, e também fruto do difícil acesso aos recursos financeiros que permitem levar a cabo tão nobre intuito – a criação do Grupo de Promoção Escolar do Vale do Âncora.

Inicialmente, desde 1960, como Fundação de Vila Praia de Âncora, foram necessários praticamente 10 anos para que os estatutos pudessem ser aprovados e publicados, o que veio a acontecer em 1972, e com o nome de Grupo de Promoção Escolar de Vila Praia de Âncora.

Esta foi uma obra de beneficência, mas sobretudo de devoção ao patrocínio do saber e do enriquecimento cultural e científico num Portugal que mutilava as aspirações de progressão escolar aos seus cidadãos. Jorge Maia Ramos Pereira usa toda a sua influência, toda a sua capacidade para organizar eventos dos que recolhia dividendos para a associação, que se somariam aos contributos individuais e coletivos e quotizações para, depois, tornar possível a frequência da escola a diversos alunos oriundos de famílias com maiores dificuldades. A análise aos relatórios do exercício anual do Grupo de Promoção Escolar de Vila Praia de Âncora revela o escrupuloso rigor com que Jorge Maia Ramos Pereira acompanhava a evolução escolar dos alunos. É certo que ele mesmo os orientava nas escolhas das suas formações e no seu crescimento enquanto cidadãos, sendo lembrado por muitos que beneficiaram deste apoio e por muitas outras pessoas como alguém que não se compadecia com o erro de incúria, de pouca dedicação, mas que alentava e confortava todos os que devotavam o seu esforço à arte da aprendizagem.

A vida de Jorge Maia Ramos Pereira não pode alhear-se do contexto difícil que caracterizou Portugal durante 48 anos. Dos ideais republicanos democráticos, que com certeza se constroem primeiro no seio familiar e posteriormente em todos os campos de intervenção cívica, ficou-lhe a bravura, por vezes punitiva, de, dentro de certos limites, contrariar o regime, assumindo a verticalidade de carácter que hoje se lhe reconhece.

Assim foi, não se furtando à submissão de escrutínio e à disponibilidade para alimentar a mudança política, na candidatura, em 1969, pela oposição, no círculo eleitoral de Viana do Castelo, vendo-se bem o reconhecimento dado à sua Terra e pela sua Terra, com um resultado de 45,2% no concelho de Caminha, quando o país e o o distrito mantiveram a situação política.

Essa tónica de verticalidade esteve também presente aquando da sua demissão de Diretor do Instituto Superior Naval de Guerra.

Pesado, por isso, para si, terá sido a perseguição de um projeto democrático para Portugal, que o infortúnio da doença impediu de viver, tendo falecido a 16 de Março de 1974, praticamente um mês antes do 25 de Abril que viria a ditar o fim da ditadura em Portugal.

Jorge Maia Ramos Pereira foi reconhecido por diversas vezes, e ainda hoje assim acontece. Ficam sempre claros três aspetos fundamentais da sua figura: Carácter, Saber e Altruísmo.

São notórias as expressões de coragem e verticalidade que fizeram dele um homem observado pelo regime ditatorial vigente em Portugal.

A devoção ao saber, e especificamente no que toca à radioeletricidade e à sua aplicação à TSF foi ao longo da sua carreira reconhecido pelos seus.

Graças à sua persistência e intuição, a Armada Portuguesa foi prestigiada pelos seus serviços técnicos e disso é feita nota de reconhecimento logo após o 25 de Abril em Portugal.

Em tudo pôs dedicação, sem esperar compensação. Recebeu a Medalha Militar de Ouro da Classe de Comportamento Exemplar, o Grau de Oficial da Ordem Militar de Avis, o Grau de Comendador da Ordem Militar de Avis, o Grau de Grande Oficial da Ordem Militar de Avis, a Medalha de Ouro de Filantropia e Caridade do Instituto de Socorros a Náufragos, a Medalha Militar de Prata de Serviços Distintos, a Medalha de Mérito Militar de 1ª Classe, a Medalha Comemorativa das Campanhas do Exército Português no Estado da Índia “1954-59”, a Medalha Naval Comemorativa do V Centenário da Morte do Infante D. Henrique (Ouro), o Grau de Oficial da Ordem do Império Britânico, Comendador da Ordem de Mérito Naval do Brasil, entre outras condecorações e reconhecimentos, mas seguramente que o que hoje estamos a fazer será a forma mais sublime de o a agraciar, com a gratidão pelo exemplo recebido, com a certeza de que esta é a sua comunidade, a Terra que desejou, o povo que ajudou a construir.

Vila Praia de Âncora jamais esquece os seus e por isso persistiremos na sua lembrança!”

432713136_838955504942231_584423856151724965_n.jpg

VIANA DO CASTELO: GENERAL FRANCISCO DE LACERDA MACHADO SUGERIU AO PRESIDENTE DA REPÚBLICA A CONDECORAÇÃO DO INSTITUTO HISTÓRICO DO MINHO

mpr_apoc_+cx074_doc061_001.tif

mpr_apoc_+cx074_doc061_002.tif

mpr_apoc_+cx074_doc061_003.tif

mpr_apoc_+cx074_doc061_004.tif

Carta de Francisco Soares de Lacerda Machado, do Gabinete do Comandante do Quartel General da 1.ª Região Militar, para o Presidente da República General Óscar Carmona, sugerindo que, uma vez que irá estar presente nas festas da Senhora da Agonia, em Viana do Castelo, concedesse com alguma antecedência, qualquer grau da Ordem de Instrução Pública, ao Instituto Histórico do Minho, com sede na mesma cidade. Junto envia uma súmula acerca do referido instituto. Datada de 9 de Agosto de 1931.

Fonte: Museu da Presidência da República

“CABRAL – O DESCONHECIDO” DESEMBARCA NO BRASIL PELQS MÃOS DO ESCRITOR JOÃO MORGADO

_JM1.jpeg

  • Crónica de Ígor Lopes

O premiado escritor português João Morgado estará de visita ao Brasil para uma série de eventos que marcarão o lançamento da sua obra mais recente: "CABRAL - O Desconhecido".

A visita, programada para o período de 22 de março a 7 de abril, passa pelo Rio de Janeiro, Macaé, São Paulo, Porto Alegre, Canoas e Florianópolis. Terá ainda uma passagem pelo Uruguai, por Montevideu e Punta del Este.

No Rio de Janeiro, sexta-feira, 22 de março, pelas 15h, o autor estará na Biblioteca da Marinha do Rio de Janeiro, numa cerimónia em conjunto com a Academia Luso-Brasileira de Letras, que o empossará como académico correspondente. Às 19h, estará presente na Casa do Minho, como convidado especial das comemorações do centenário desta instituição, uma iniciativa que prevê a participação de autoridades do Brasil e de Portugal, como membros das autarquias de Viana do Castelo e de Braga, além do embaixador de Portugal no Brasil, Luís Faro Ramos. No dia seguinte, sábado, 23, visitará oficialmente o Real Gabinete de Leitura. No dia 26 de março, terça-feira, pelas 18h, apresentará o livro no Consulado-Geral de Portugal no Rio de Janeiro, no Palácio São Clemente, na presença oficial da Cônsul-Geral de Portugal no Rio de Janeiro, a embaixadora Gabriela de Albergaria.

Já em São Paulo, dia 27 de março, quarta-feira, será recebido na Sociedade Brasileira de Heráldica e Humanística e, no dia 28, estará presente no tradicional “Almoço das Quintas” na Casa de Portugal. Mais tarde, às 18h, apresenta o livro no Salão Saramago da mesma instituição.

João Morgado deverá passar a Páscoa junto da Comunidade Portuguesa de Montevidéu. Dia 30 de março será recebido pelo embaixador de Portugal no país, João Pedro Antunes, e, pelas 15h, falará dos 500 anos do Nascimento de Camões na Casa de Portugal de Montevideo. Além do seu livro “Cielo del Mar” (Em Espanhol), apresentará ainda a obra “O Pássaro dos Segredos”, sobre o “25 de Abril”, no âmbito das comemorações dos 50 anos da Revolução dos Cravos. Domingo de Páscoa estará de visita a Punta del Este, onde falará na sede da “Liga de Punta del Este, Fomento y Turismo”.

Em Porto Alegre, no dia 1 de abril, segunda-feira, tem agendada uma participação num jantar palestra promovido pelo Conselho das Comunidades Portuguesas, através do Conselho Regional das Américas Central e do Sul (CRACS).

Em Canoas, também no Sul do Brasil, a 2 de abril, terça-feira, começa cedo o dia, as sete da manhã, num “Café com Cultura”, a convite da Câmara de Indústria, Comércio de Serviços de Canoas, numa organização conjunta com os Rotary Club de Canoas Industrial.

Em Florianópolis, dia 3, pelas 16h, João Morgado apresenta o livro no Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina. No dia 4 de abril, o autor estará presente na FIN Brasil - Feira Internacional de Negócios. João Morgado está convidado como presidente da Casa do Brasil - Terras de Cabral, em Portugal, e apresentará também o livro no palco principal da feira.

Dia 5 e 6 de abril, João Morgado estará no Brasil em contacto com a comunidade portuguesa, mais precisamente no Rio de Janeiro.

“CABRAL - O DESCONHECIDO”

A obra em destaque é uma edição brasileira do original "Vera Cruz", que recebeu a "Medalha do Mérito Literário da Ordem Internacional do Mérito do Descobridor do Brasil, Pedro Álvares Cabral”, em 2017. "CABRAL" é um romance biográfico que mergulha na vida do navegador que oficializou as terras do atual Brasil para a coroa portuguesa. O livro é resultado de uma extensa pesquisa sobre essa figura histórica tão significativa.

A Editora Clube de Autores apresenta a obra "CABRAL", no Brasil. O autor questiona: “o que conhece de Pedro Álvares Cabral, antes e depois de 1500?” A obra apresenta aspetos pouco conhecidos da vida do navegador, como a sua rivalidade com Vasco da Gama, as suas batalhas nos desertos de África, a liderança e humanismo em Terras de Vera Cruz em contraste com o seu perfil bélico que levou à destruição de uma cidade nas Índias, e ainda o arrependimento dos feitos ao virar as costas ao rei.

João Morgado, além de escritor, é presidente da Casa do Brasil - Terras de Cabral, em Belmonte, Portugal. O seu trabalho de investigação sobre Pedro Álvares Cabral tem sido amplamente reconhecido, sendo agraciado com a Grã-Cruz da Ordem do Mérito Cívico e Cultural pela República Federativa do Brasil. O autor também recebeu o Troféu "Cristo Redentor" da Academia de Letras e Artes de Paranapuã, no Rio de Janeiro, em reconhecimento ao seu empenho na promoção da rica cultura luso-brasileira.  A sua participação em instituições como o Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina e a Academia de Filosofia e Ciências Humanísticas Lucentina demonstra o seu compromisso com a preservação e divulgação da história e cultura. No Rio de Janeiro, será recebido como académico da Academia Luso-Brasileira de Letras.

João Morgado recebeu os seguintes prémios literários: Prémio Nacional de Conto Manuel da Fonseca 2020 :: Prémio Literário Ferreira de Castro 2019 :: Prémio "Medalha do Mérito Literário da Ordem Internacional do Mérito do Descobridor do Brasil, Pedro Álvares Cabral”, 2017 :: Prémio Literário António Gaspar Serrano, 2016 :: Prémio Nacional de Literatura LIONS 2015 :: Prémio Literário de Poesia Arandis - Manuel Neto dos Santos, 2015 :: Prémio Literário Fundação Dr. Luís Rainha Correntes d’ Escritas, 2015 :: Prémio Literário António Alçada Baptista 2014 :: Prémio Literário Virgílio Ferreira 2012.

O trabalho do autor pode ser conhecido em: www.joaomorgado.net

CABRAL CAPA mokup PNG.png

João MORGADO.jpg

ESPOSENDE: DESPACHO DO MINISTRO DA MARINHA, AMÉRICO TOMÁS, ACERCA DO ABONO DE REMUNERAÇÕES DO DIRETOR DA ESTAÇÃO RADIOGONOMIOMÉTRICA AERONAVAL DA APÚLIA

mpr_apat_cx054_doc145_001.tif

Despacho número 168 elaborado pelo Ministro da Marinha, Américo Tomás, dirigido à Inspecção da Marinha, com referência à nota número 2095, e 13 de Novembro, do Conselho Administrativo da Direcção do Serviço de Electricidade e Comunicações, acerca do abono de remuneração por acumulação de regências ao oficial director da Estação Radiogoniométrica Aeronaval da Apúlia. Datado de 27 de Novembro de 1951.

Fonte: Museu da Presidência da República

PARTIDO REPUBLICANO EVOLUCIONISTA PRETENDEU CANDIDATAR A DEPUTADO O DR. ALVES DOS SANTOS PELO CÍRCULO DE CABO VERDE EM 1915

mpr_apaja_cx_136_doc057_001_derivada (1).jpg

mpr_apaja_cx_136_doc057_002_derivada (1).jpg

Carta de Joaquim de Saint Maurice para o Presidente da Junta Central do Partido Republicano Evolucionista, António José de Almeida, comunicando recepção de telegrama informando da indigitação do candidato às eleições seguintes pelo círculo de Cabo Verde, Augusto Joaquim Alves dos Santos, professor da Universidade de Coimbra. Datada de 26 de Junho de 1915.

Recorde-se que o Dr. Alves dos Santos foi um ilustre limiano, nascido na Freguesia de Santa Maria da Cabração.

Fonte: Museu da Presidência da República

CAMILO CASTELO BRANCO EM VIANA DO CASTELO

22370750_lnZLS.jpeg

Camilo Castelo Branco insigne escritor do século XIX teve uma vida bastante atribulada como é do conhecimento geral. Em certo momento, Viana do Castelo foi seu porto de abrigo, tendo aí residido em 1857 por um curto, mas profícuo período de tempo, tendo escrito os romances “Carlota Ângela” e “Cenas da Foz”. Simultaneamente foi diretor do jornal “Aurora do Lima” durante 55 dias.

Residia então o romancista no Lugar de S. João de Arga, na encosta do Monte de Santa Luzia, dando origem a algumas confusões com a Freguesia de S. João d’Arga lá no alto da Serra d’Arga.

Camilo Castelo Branco nunca residiu na Freguesia de S. João D’Arga e muito provavelmente nunca lá passou, visto ser um local de difícil acesso há cento e cinquenta anos atrás.

A sua residência era em local aprazível da encosta de Santa Luzia, mais precisamente na Quelha do Peneireiro, próximo da ermida de S. João de Arga.

A casa foi profundamente remodelada por volta do ano de 2005, tendo existido alguma contestação por parte de uma associação local e empenho da Câmara Municipal na sensibilização do arquiteto e do proprietário para manter alguns elementos que mantenham viva a memória cultural legada por Camilo.

Autor: Brito Ribeiro / Fonte: Vila Praia de Âncora

VIANA DO CASTELO: JORNAL “A AURORA DO LIMA” E A ESTADIA DE TEÓFILO BRAGA NA CIDADE EM 1874

O Jornal "A Aurora do Lima", na sua edição de 27 de Janeiro de 1911, conferiu destaque de primeira página ao artigo "O actual presidente do governo provisório" de Silva Campos, descrevendo um episódio da estadia de Teófilo Braga, actualmente Presidente do Governo Provisório, em Viana do Castelo, ocorrido em Julho de 1874.

Fonte: Museu da Presidência da República

mpr_aptb_cx052_doc073_001.tif

mpr_aptb_cx052_doc073_002.tif

mpr_aptb_cx052_doc073_003.tif

mpr_aptb_cx052_doc073_004.tif

SABIA QUE CAMILO CASTELO BRANCO VIVEU EM ARGA DE SÃO JOÃO E FOI REDATOR DO JORNAL “A AURORA DO LIMA”?

O insígne escritor Camilo Castelo Branco que no próximo ano se celebra 200 anos do seu nascimento, viveu em 1857 dois meses em Arga de São João, no concelho de Caminha. Foi por essa altura que escreveu os romances "Carlota Ângela" e "Cenas da Foz" e ainda assumiu o lugar de redactor principal no jornal A Aurora do Lima.

Camilo_Castelo_Branco_Bohemia_do_Espirito.png

FAMALICÃO CELEBRA BICENTENÁRIO DO NASCIMENTO DE CAMILO CASTELO BRANCO

DSC_2531.JPG

O Município de Vila Nova de Famalicão e a Casa-Museu de Camilo vão levar a efeito as comemorações do bicentenário de nascimento do romancista Camilo Castelo Branco.

Na próxima segunda-feira terá lugar na Casa de Camilo, em Seide São Miguel, a apresentação do programa das comemorações em conferência de imprensa que contará com a presença do presidente da autarquia Mário Passos, do vereador da Cultura, Pedro Oliveira, e do coordenador científico da Casa de Camilo, Sérgio Guimarães de Sousa.

Refira-se que em 2025, mais propriamente no dia 16 de março, assinalam-se os duzentos anos do nascimento do romancista português. Em Famalicão, as comemorações da efeméride arrancam este mês e prolongam-se até ao próximo ano com um conjunto de iniciativas – atividades pedagógicas e culturais, conferências, encontros científicos, entre outras – pensadas para homenagear Camilo Castelo Branco, um dos gigantes literários do século XIX, cuja obra perdura ainda hoje como uma das mais marcantes do cânone literário escrito em língua portuguesa.